segunda-feira, 1 de agosto de 2016





"Desenvolver uma identidade faz parte de ser humano. Crianças com apenas três anos atravessam uma fase em que começam a fugir dos pais. Em geral, afastam-se numa distância curta, depois param e olham para trás, para ver se correm atrás deles. É claro que isto é só o início. O que eles começam a construir é uma identidade independente dos pais.
Nós estamos sempre a fazer isso: "Quem sou eu?", "Quem é que é suposto eu ser?", "Quem é que eu devia ser?".
Como é que respondemos a estas perguntas, num mundo que nos diz: "Sê tudo o que conseguires"? (Ou, como ouvi num anúncio, há pouco tempo atrás, "Ser suficientemente bom já não chega!"). Como é que encontramos a nossa identidade num mundo que insiste que a nossa identidade é definida pelos nossos feitos, pela nossa beleza, pelo nosso poder, pela nossa juventude?
As pessoas esforçam-se muito para ser quem acham que devem ser... e esforçam-se ainda mais para evitar tornar-se na pessoa que receiam vir a ser, a busca da identidade continua... e continua...
E é aqui que está a graça: a identidade é uma ilusão. Nós esforçamo-nos muito por consegui-la, mas é uma ilusão. Ter uma identidade é como ter uma mão cheia de água: no momento em que achamos que conseguimos agarrar-nos a algo, escorre-nos por entre os dedos. 
Quem é você neste momento? É um leitor; é um intelectual e um pesquisador. Neste momento. Que mais é neste momento? Provavelmente, alguém que procura informações que validem a sua ilusão de uma identidade, de um sistema de crenças. 
Mas todos estes rótulos podem mudar quando começar a fazer outra coisa, ou quando a sua mente se desviar noutra direcção, ou quando estiver noutro ambiente. Tudo muda, e isso inclui-o a si. Mas, mesmo assim, temos necessidade de encontrar a nossa identidade. Temos de ver o que nos faz sangrar e descobrir o que nos faz sarar. Temos de procurar as fronteiras onde começa e acaba o nosso poder. Tudo isto faz parte de fugir, olhar para trás e voltar a fugir. 
Parte da sabedoria é aprender que a identidade pode ser posta de parte. É quando nos apercebemos de que o pronome pessoal "eu" está escrito com tinta invisível." - Daniel Gottlieb

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