segunda-feira, 12 de setembro de 2016




"Cada pessoa deve mergulhar em si mesma para saber o que quer mesmo fazer, e também - muito importante - o que pode fazer. Diante dos nossos olhos estão todas as coisas que o ser humano pode realizar e alcançar, mas isso não significa que estejam todas ao nosso alcance. De modo que, por não aceitarmos esta realidade e por forçarmos a nossa personalidade além dos seus limites, pode nascer a inveja - origem de tanta infelicidade - pela situação ou pelas circunstâncias laborais de outros, sem nos darmos conta de que para essas pessoas podem ser apropriadas, mas que talvez não o sejam para nós, dado que o nosso carácter ou as nossas capacidades não se adaptam a essa situação que nos provocou inveja. 
Ao fim ao cabo, nada é mais invejável do que a alegria, do que a felicidade, do que o sentirmo-nos bem connosco mesmos; contudo, dificilmente podemos almejar qualquer uma destas coisas se formos corroídos pela inveja, se não evitarmos comparações sem sentido com essas pessoas que supomos - talvez até erradamente - que são mais felizes no seu trabalho do que nós. 
Alguém disse uma vez - e penso que com muita razão - algo parecido com «o ar da corte não é respirável para qualquer um». Só a experiência nos pode ensinar de que somos mesmo capazes e também quais os ares que não são bons para os nossos pulmões. Este tipo de experiência contribuirá muito para a nossa felicidade, uma vez que, conhecendo as nossas possibilidades reais, poderemos desfrutar do prazer de vê-las em acção. 
Se nos deixamos levar pelas ondas e remoinhos que nos envolvem, por aquilo a que tantas vezes se chama sociedade de consumo, corremos o perigo de deixar de dar valor ao ser, para passar a dar apenas ao ter. E o último passo é ainda mais curto e perigoso: o que vai do ter ao aparentar.
Pelo facto de sermos pessoas, todos nós já temos um valor excepcional, sem termos a necessidade de que qualquer bem material ou reconhecimento social ou laboral nos confirme isso.
Contudo, todos nós nos esquecemos disto nalgumas ocasiões.
E penso que, para nosso bem - pela nossa felicidade -, não deveríamos fazê-lo." - Clemente García Novella 

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