domingo, 13 de agosto de 2017





"Acredito que as vidas que vivemos são as vidas que fazemos. Chamem-lhe autodestino, a vontade de Deus, karma, sorte, azar, o que quer que seja. Mas quando nos sentamos em casa ao fim do dia e nos olhamos ao espelho - depois de termos esfregado toda a sujidade e maquilhagem e de vermos quem realmente somos e o local que ocupamos nesta fase da vida, sem qualquer pretensão e sem os nossos ornamentos exteriores - a realidade da vida acerta-nos mesmo entre os olhos.

Acredito que, por mais erros que tenhamos cometido; por mais que tenhamos mesmo, mesmo, feito asneira; por mais velhos, gastos ou desalentados que tenhamos ficado; desde que haja uma ambição verdadeira e decidida, todos nós temos uma oportunidade de alcançar a excelência. Todos podemos invocar a coragem para lidar com problemas, por mais avassaladores, dolorosos ou degradantes, que nos tenham assolado ou mesmo paralisado no passado - de uma vez por todas. Com determinação, podemos ir mais além das barreiras quotidianas, na tentativa de nos aperfeiçoarmos. Aprendendo com as nossas experiências passadas, podemos, e devemos, aspirar à realização dos nossos sonhos, tornando a vida melhor não só para nós próprios como para outras pessoas que nos rodeiam ao longo da viagem da nossa vida.

Acredito que não é necessário ter vivido uma infância perfeita (se é que existe tal coisa) para ter uma vida satisfatória e produtiva. Não é preciso termos sido criados num bairro majestoso e cheio de cerejeiras em flor; ficarmos obcecados por ter um corpo firme como uma rocha e sem uma grama de gordura, cabelo forte e brilhante, partes do corpo aperfeiçoadas cirurgicamente e dentes brancos como pérolas com um brilho ofuscante; ou morar em mansões por detrás de portões de ferro, com uma segunda propriedade na praia, para obter e preservar esse tipo de nirvana.

(Diga-me, que tipo de fantasia auto-ilusória é essa?)

Acredito que não precisamos de ter uma carreira multibilionária de colarinho branco e engomado, de ficarmos presos aos estilos de vida social dos ricos e ridículos, ou de termos toda a fama do mundo para que toda a gente nos conheça e nos possamos sentir reconhecidos, desejados, apreciados e, acima de tudo, amados.

Eu sei como nos sentimos quando, independentemente daquilo que fazemos, do quanto trabalhamos e nos sacrificamos, dia após dia, começamos a acreditar que nunca vamos avançar, que todo o nosso tempo e esforço foram em vão. Sei que, por vezes, a responsabilidade, todo aquele peso que carregamos aos ombros, se torna impossível de suportar, e tudo o que queremos é fugir do mundo e simplesmente desaparecer.

Eu sei como nos sentimos quando certas pessoas nos vêem como algo que não somos. Sei como é doloroso ser inadaptado - manter a cabeça baixa, a boca fechada e os olhos fechados perante situações quotidianas, vivendo uma vida oca, enquanto, durante todo esse tempo, existe outra pessoa, o nosso eu verdadeiro, bem lá no fundo, morto por dizer o que tem a dizer e explodir para a vida nas suas próprias condições.

Sei o que é ser usado, sei o que é a humilhação tornar-se uma ocorrência normal e quotidiana; sofrer de baixa auto-estima e desempenhar tarefas com uma educação formal limitada; viver todos os dias com um enorme sentimento de culpa avassaladora vindo de um passado negro muito, muito, distante. Também sei o que é sentir-me extremamente abençoado quando outras pessoas que nos rodeiam e que passaram por coisas muito piores, trabalharam mais arduamente, e sacrificaram muito mais não são tão afortunadas.

E sei ao certo, pessoalmente, o que é fazer a nossa parte para ajudar a salvar o mundo e, ao mesmo tempo, sentirmo-nos menosprezados, carentes de amor e de alguém que nos ame. 

Ainda assim, com tudo o que experienciei - coisas más, feias e revoltantes, bem como coisas boas, grandes aventuras e sucessos fenomenais que tive a sorte de alcançar - o único elemento que levei comigo e do qual retirei a minha força em todos os aspectos da minha vida resume-se a uma palavra: determinação. Acalentar a crença de que as coisas vão melhorar. Que, por mais pobre, mais dura e mais injusta que a vida tenha sido, todos nós temos o direito e a oportunidade inquestionável de alcançar a excelência. A determinação de que, se conseguimos aguentar os piores tempos, então devemos acreditar que podemos e devemos muito bem alcançar qualquer coisa. Que, por mais miserável e dolorosa que tenha sido uma experiência, temos de reunir a força necessária para a confrontar, assumir o comando e pô-la para trás das costas para seguir em frente e viver uma vida rica e plena. Acreditar que não só podemos alcançar os nossos sonhos, como também invocar a coragem de ir regularmente mais além do nosso conforto habitual, tentar melhorar as nossas vidas e as vidas dos que nos rodeiam. A vida é mais do que o que podemos adquirir num impulso momentâneo para levar o cartão de crédito ao limite sem nos preocuparmos nem assumirmos a responsabilidade pela forma como vamos pagar aquele lustroso monovolume que consome imenso mas que temos de ter antes de qualquer outra pessoa, ou roupas que não usaremos daqui a três meses porque já «saíram de moda», ou um armário cheio de sapatos de design tão ultrajantemente caros que um par deles podia alimentar uma família de cinco pessoas durante um ano.

Pode tomar a iniciativa, estabelecer padrões para si próprio, lidar com o seu passado, e compreender que quase todas as coisas, sejam elas boas, magnificentes ou repugnantes, têm um propósito. Mas, durante todo esse processo, tem de tomar uma posição. Tem de manter a cabeça erguida. Acreditar que o futuro lhe reserva dias melhores. 

Independentemente do que pense, do que faça ou simplesmente da sua maneira de viver, quando olha para o seu reflexo no final do dia, a realidade da sua vida resume-se a seguir em frente." - Dave Pelzer

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