segunda-feira, 27 de novembro de 2017





"Quantas vezes não  nos escapam as subtilezas da vida? Ouvimos tantas vezes dizer que «o peixe é o último a descobrir o mar». Durante anos a fio, passamos todos os dias de carro pelos nossos vizinhos. Até que, um dia, vamos dar um passeio a pé e vemos uma árvore linda, diante da casa do nosso vizinho. Sempre ali esteve - mas nunca olhámos realmente para ela! Tal como em tantas outras coisas, estivemos demasiado ocupados e apressados com as nossas vidas para repararmos nela.

Sintonizar significa arranjar tempo para entrar em contacto consigo próprio. Quer seja descontrair alguns minutos quer seja incorporando a prática da meditação nas suas rotinas diárias, arranje tempo para prestar atenção ao nível espiritual e emocional em que se encontra.

Por vezes, embrenhamo-nos tanto nos pormenores da vida quotidiana que deixamos escapar os tesouros subtis. Se os deixamos escapar, é porque não lhes prestamos atenção. Aliás, talvez até passemos por eles a correr, todos os dias! Certo é que, se nos permitirmos dedicar algum tempo a reparar nessas coisas e até a contemplá-las, algo mudará em nós. Começamos a reparar nas verdades subtis mas profundas acerca de nós próprios e do mundo à nossa volta. É uma espécie de despertar. Talvez ganhemos consciência de uma ideia crucial, num momento de pausa ou num sonho. Ou de um motivo de inquietação que normalmente tentaríamos rejeitar, por não gostarmos de nos sentir inquietos. Ou de uma crise que nos ameaça o bem-estar e, porventura, a nossa vida. Ou até do comportamento perturbador de alguém que amamos e que já não podemos ignorar.

Por vezes, precisamos de uma crise para vivermos uma mudança. Quando temos problemas de saúde, algo desperta em nós que nos leva a abraçar a vida, como nunca antes. Alturas há em que temos de adoecer para ficarmos melhor. 

Não temos de estar à espera de nos confrontarmos com a morte, ou de nos divorciarmos, ou de perdermos o emprego, para começarmos a viver. Independentemente de o utilizarmos ou não, todos nós temos um software psicológico, espiritual e físico integrado, com a capacidade para nos ajudar a reparar nessas coisas e a processá-las. Infelizmente, só apanhamos uma pequena percentagem daquilo que podemos captar. Sempre a correr, deixamos escapar completamente os momentos e as oportunidades, as intimidades e os pormenores mais subtis, mas, se aprendêssemos a abrandar o passo e a prestar mais atenção, poderíamos sentir-nos muito mais vivos, atentos e eficientes. 

Podemos descobrir dentro de nós e no mundo, as enormes possibilidades que nos aguardam, ao virar de cada esquina. Consiste em abrirmo-nos aos momentos de alegria, beleza e calma que assistem aos milagres da vida. Consiste em abrirmos os braços à enormidade. A decisão de despertar para o subtil é muito pessoal. Começa com o abrandamento e a consciencialização e é pela acção que se concretiza. Podemos reservar tempo para a prática de yoga. Podemos fazer um pedido de desculpas a alguém de quem gostamos, para fazermos as pazes com essa pessoa. Podemos inscrever-nos num curso de que gostemos ou ler um livro novo. Podemos capacitar-nos, fazendo mil e uma coisas - ou nada -, para incorporarmos na nossa vida dias mais cheios de cor e sol. Primeiro, contudo, temos de abrir os olhos, esvaziar a mente e começar a ler a letra miudinha da vida." - Ken Druck 

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