domingo, 31 de dezembro de 2017





"Actualmente, cortámos o nosso elo com aqueles que criaram a sabedoria - criaram-na quando ainda se compreendia a necessidade de haver sabedoria - e ao fazê-lo, perdemos o nosso elo ao passado. Tornámo-nos uma geração sem profundidade, uma geração que venera a juventude, esquecida do valor daqueles que viveram muito. Quando perdemos o nosso elo ao passado, separamo-nos da sabedoria nele contida.

Vivemos apenas para o momento, como se cada dia fosse o último. Relegámos a espiritualidade e a sabedoria antigas para os nossos museus. Para viver para o momento, permanecendo sempre jovens, fechamos os nossos olhos à morte, também. Fizemos os possíveis por vencer a morte: desde que a vida seja agradável e divertida, não interessa o modo como vivemos, pois sentimos que viveremos para sempre. Se a vida começar a parecer vazia, ocupamo-nos procurando mais divertimentos - sem compreender que ao negar a morte expulsámos também o drama natural da vida. Redefenimos a vida como uma existência fútil e vazia. Encontrando-se a morte fora do cenário, a sabedoria e a experiência de vida tornam-se inúteis. Eis por que motivo já não compreendemos os murmúrios e rituais misteriosos a que outrora se dava o nome de sabedoria e espiritualidade.

Aquilo de que falo não é nada de novo; são velhas verdades, bem conhecidas daqueles que viveram antes de nós - não conhecidas por todos, mas por muitos. 

Durante anos lutei contra as velhas expressões, desgastadas pelo tempo: pecado, misericórdia, «Deus ama-te», santidade, a alma e daí por adiante. Tal como a muitas outras pessoas, estas palavras deixavam-me perplexo. Enchiam-me de frustração, ressentimento e raiva, pois embora eu compreendesse que continham algo de precioso, pareciam ocultá-lo. No entanto, comecei finalmente a obter um vislumbre do possível significado de tais palavras. Apenas um vislumbre, mas o suficiente para eu continuar a minha viagem de exploração.

A aventura espera-nos nas profundezas da vida. Apenas podemos participar dessa aventura se aprendermos a abrandar, ter calma e chegar a uma paragem total. A via para uma vida com sentido passa pela paragem e o silêncio." - Tommy Hellsten

sábado, 30 de dezembro de 2017





"Eu sou as lágrimas que não derramarás. Eu sou o resultado de uma vida não vivida. Eu sou a experiência de tentar agradar a todos e mais alguém. Eu sou o sentimento de estar perdido. Eu sou inconsolável. Eu sou a parte de ti que não deixarás à vista, com medo de que eu rapidamente me transforme num rio enfurecido. Com medo de que eu te afogue. Eu sou a parte de ti que tens sempre sob controlo. Eu sou a tua amante secreta. Partilho espaço contigo na almofada à noite. Estou presente no despedaçar do teu coração. Estou presente na tua perda. A acumulação de mim leva à tua mágoa. Sem mim, estarias perdido.

Resido nos teus pulmões. Sufoco-te por dentro. Quando eu chego, uma forte pressão e um aperto de torno rodeiam-te o pescoço, envolvem-te a garganta.

Deixo-te mudo.

Roubo-te a voz. 

Todo tu sufocas.

Farás tudo o que puderes para me afugentar. Beber. Fumar. Praticar sexo. Comer em excesso. Tentarás sobrepor-te a mim, só para descobrires que não podes. Eu deixo-me estar dentro de ti. Eu deixo-me estar dentro de todos nós. Os momentos de vulnerabilidade expõem a minha presença. As relações pessoais fazem-me aparecer e sair. Atinjo um ponto em que não mais me conténs. Em que não podes mais ocultar-me. Em que não tens escolha senão admitir que eu existo.

Sou real.

Estou aqui.

Sou uma parte de ti.

Já não podes fugir - e tudo bem.

Estava presente no nascimento dos teus filhos. Estava presenta na morte da tua mãe. Estava presente no momento de abuso e trauma. Estava presente quando o mundo te rejeitou e marginalizou. Estava presente no recreio. Na cafetaria. No balneário. Estava lá quando os cabeçalhos das notícias deram a conhecer a tragédia: crianças abatidas a tiro, aviões voando contra edifícios, meninas vendidas para escravatura sexual. Estive sem ser convidada no teu casamento. Estava lá na graduação do teu filho. Aquando da morte do cão da família. No nascimento dos teus netos. Na perda da tua mulher. No telefone a tocar. No oficial à tua porta. No hospital. Nas maiores agruras. Tenho lá estado a cada passo do caminho.

Sou as tuas lágrimas. Sou a tua mágoa. A tua perda. Eu sou tu. Existirei até ao teu último alento. Estar na forma humana é sentir-me. 

Permite que a represa rebente. Preciso de me mover através de ti. Vem para casa para junto de mim. Vem cá. Tenho algo a mostrar-te.

Vem.

Tenho estado à tua espera.

Deixa que te conduza a casa.

Abre-te a mim. Permite-me fluir. Permite que o fluxo de mim se mova livremente através de ti. Não tenhas medo de mim. Permite-me ir. Tenho de ir agora. Não te preocupes, voltarei. Não posso nunca realmente partir. Sentir-me-ás sempre - mas sentir-me-ás como ao vento nas tuas costas, ou o lago que te rodeia, o simples ar que respiras. Eu quero estar sempre em movimento. Eu quero estar sempre em acção. Não me refreies. Isso apenas nos magoa a ambos. 

Deixa-me ir. 

Deixa-me ir." - Panache Desai

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017





"Os seres humanos são criaturas interessantes. Julgamos dominar o mundo, mas, ao mesmo tempo, estamos alheios a ele.

Quando nascemos, soltam-nos neste estranho planeta, sem a mais pequena noção de como havemos de nos desenvencilhar. Então, tentamos entendê-lo - partindo da estaca zero, aprendemos a caminhar e a falar. Tentamos desesperadamente dar ares de quem encontra ordem e sentido no meio do mais absoluto caos. Será de admirar que gritemos como se nos estivessem a esfolar, ao nascer? E que atravessemos a idade dos «terríveis dois», uns anos depois?

Tal como não é nada fácil para os miúdos crescer. Aprendemos a dobrar delicadamente as mãos no colo e sentar-nos direitos à secretária. Aprendemos a domesticar as nossas facetas mais selvagens e indómitas; a aquietar o caos e a confusão. A controlar os nossos impulsos e emoções, através do silêncio, da repressão e de muito «colocar a rolha».

É da nossa natureza querer ter a vida sob controlo. Ninguém gosta da incerteza e todos nós queremos fazer boa figura nas nossas tentativas de dominar o tempo que passamos nesta terra. «Vejam só o meu nome ali nos créditos!», queremos dizer, ao longo da nossa vida e até no nosso leito de morte. «Sou eu! O argumentista, o realizador, o produtor e o coreógrafo - fiz tudo!»

E quase funciona. Por vezes, conseguimos controlar o resultado da nossa vida - pelo menos, em determinadas situações. Os maníacos do controlo tornam-se muito talentosos a coreografar determinados aspectos das suas existências e isso fá-los sentirem-se seguros e poderosos. Desenvolvemos excelentes recursos internos (criatividade, tenacidade, etc.) e redes externas (relacionamentos, negócios) para fazer com que as coisas nos corram de feição. E, durante uns tempos - talvez anos -, tudo parecerá estar sob o nosso controlo.

Mas, a certa altura, todos nós havemos de aprender que não podemos controlar tudo, a toda a hora. O êxito que tivemos nalgumas ocasiões só se deveu às «instâncias superiores» do universo, que decidiram colaborar connosco. Porém, num determinado momento da nossa vida, deixam de o fazer. As estrelas não se alinharão a nosso favor e sofreremos reveses. O mais certo é isso já estar a acontecer.

As rédeas da nossa vida não estão, nem nunca estiveram, apenas nas nossas mãos. A vida terá o seu voto na matéria.

Então, como havemos de lhe responder, quando ela se impuser?

Ao envelhecermos e fazermos as contas da nossa esperança de vida, começamos a perceber o quanto somos vulneráveis. A nossa mortalidade, a nossa espiritualidade e o nosso sentido de urgência compelem-nos a fazer as pazes com a vida e a morte." - Ken Druck

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017





"Alguns de nós conseguimos aceitar os outros no preciso lugar onde eles se encontram com muito mais facilidade do que nos conseguimos aceitar a nós mesmos. Sentimos que a compaixão é reservada aos outros e nunca nos ocorre senti-la por nós próprios.

Ao praticar sem uma ideia de como as coisas "devem ser", a pouco e pouco, vamos descobrindo o nosso estado de vigília e a nossa confiança. A pouco e pouco, sem nenhuma exigência excepto sermos honestos e afectuosos, assumimos a responsabilidade por estarmos aqui neste mundo imprevisível, neste momento único, neste precioso corpo humano.

Todos os actos contam. Cada pensamento e emoção conta igualmente. Este é todo o caminho que temos. É aqui que aplicamos os ensinamentos. É aqui que chegamos a compreender porque meditamos. Só vamos estar aqui durante um breve instante. Mesmo que vivamos até aos 108 anos, a nossa vida será demasiado breve para testemunharmos todas as suas maravilhas. O dharma é cada acto, cada pensamento, cada palavra que proferimos. Estaremos minimamente disponíveis para, sem vergonha, nos autodenunciarmos quando damos por nós a tentar desenvencilhar-nos de uma situação? Será que aspiramos minimamente a não nos considerarmos um problema, mas pura e simplesmente um ser humano perfeitamente normal que, a qualquer momento, pode resolver dar uma folga a si próprio e parar de ser tão previsível?

É assim que os nossos pensamentos começam a abrandar. Como que por magia, parece que existe muito mais espaço para respirar, muito mais espaço para dançar e muito mais felicidade.

O dharma pode curar as nossas feridas; as nossas feridas mais antigas, que não derivam do pecado original, mas sim de um mal-entendido tão antigo que já não o conseguimos ver. A instrução consiste em relacionarmo-nos compassivamente com o lugar em que nos encontramos e começar a ver a nossa situação como passível de ser trabalhada. Estamos bloqueados em padrões de apego e fixação que levam a que os mesmos pensamentos e reacções ocorram vezes e vezes sem fim. É assim que projectamos o nosso mundo. Quando encaramos isso, mesmo que seja apenas por um segundo de três em três semanas, descobrimos naturalmente a maneira de inverter este processo de endurecimento das coisas sólidas, a maneira de deter o mundo claustrofóbico tal como o conhecemos, largar os nossos séculos de bagagem adquirida e pisar território novo." - Pema Chödrön

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017





"Para parafrasear Mark Twain, se ninguém ainda lhe fez um elogio até ao meio-dia, elogie-se a si próprio.

Ocasionalmente, ser-lhe-á dada a oportunidade de ser intelectual ou agradável.

Deixe que os outros sejam intelectuais." - Ernie Zelinski

terça-feira, 26 de dezembro de 2017






"Como alguém sabiamente declarou, a vida é para ser vivida, não compreendida, e creio que isto é verdade. Em primeiro lugar, há que viver; só depois podemos tentar compreender uma pequena parte da nossa experiência. Se tentarmos compreender a vida ao invés de a vivermos, analisando-a a nível intelectual a partir de uma distância segura, sofreremos uma dupla perda. Em primeiro lugar, quando nos baseamos apenas no intelecto, observamos a vida através de um espelho distorcido - um espelho que altera a percepção e pode induzir-nos em erro. O nosso intelecto torna-se, assim, um obstáculo à vida. Em segundo lugar, quando nos refugiamos da vida na nossa mente, em vez de participarmos nela, permanecemos espectadores, que nunca sujam as mãos.

Nesta vida, espera-se que fiquemos com as unhas sujas. Espera-se que nos vamos abaixo, nos percamos e nos sintamos confusos. Não devemos usar o nosso intelecto para regulamentar, compartimentar ou filtrar a vida. A vida é um fenómeno muito maior do que a mente humana. O nosso intelecto é o nosso servo, não o nosso patrão; deve encontrar o seu lugar no seio de um contexto muito maior.

O intelecto não constitui a melhor ferramenta para resolver as grandes questões da vida. Trata-se antes de uma ferramenta de sobrevivência, mais apropriada para obtermos o nosso sustento quotidiano. Para esta espécie de desafio prático, o intelecto está no seu elemento. Mas face aos grandes mistérios da vida - como as questões do amor, o sofrimento, a morte, Deus, a identidade e o sentido da vida - temos de deixar o nosso intelecto retirar-se graciosamente para segundo plano e permanecer silencioso. Quem sou eu, e que devo fazer de ti, vida? O que é a verdade, a verdade acerca da vida e de mim próprio? Não podemos responder a estas questões de modo intelectual. Necessitamos de outros meios, outras ferramentas, outras abordagens." - Tommy Hellsten

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017





"As festas e reuniões de Natal são momentos intensos que tanto têm de maravilhoso como de desafiante. Mas são sem dúvida uma oportunidade maravilhosa para observar o fenómeno dos espelhos.

Todas as pessoas que nos rodeiam espelham algo nosso.

Todas! 

Sim, até aquelas que não gostamos tanto, que nos tiram do sério ou que só vemos nestas ocasiões e que perguntamos sempre como vieram ali parar. 

No entanto para a lei da atracção e da ressonância, nada mais fácil do que juntar energias idênticas.

Para conseguires observar o fenómeno dos espelhos, terás que ir para além da aparente máscara que adoptamos socialmente. Terás que colocar os óculos energéticos que te permitem ver cada pessoa como uma amálgama de energias em permanente movimento.

Nessa dimensão, serás capaz de aceder à dualidade de cada um e reconhecer que todos somos representantes da Luz e da sombra, numa busca permanente pelo equilíbrio das mesmas.

Cada pessoa vive o seu dilema interno entre os condicionamentos do medo e o anseio pelo amor e pela liberdade de ser quem é. 

Cada um de nós tem uma história própria e individual que veio cumprir. 

Cada um de nós, através dos movimentos mais ou menos conscientes que fazemos, somos "usados" como agentes cósmicos de transformação uns dos outros. 

Com as devidas lentes, poderemos ir para além do inútil julgamento do outro e aprender sim a perceber o fenómeno do espelho e descobrir o que o outro devolve de nós. 

Embora o Natal seja um tempo de amor e compaixão, a verdade é que nem sempre estes encontros festivos são fáceis pois remexem nas nossas memórias, tanto da nossa infância como das vidas passadas e muitas vezes trazem ao de cima precisamente o que ainda vive escondido. 

Para que aproveitemos então a época 

da melhor maneira 

deixo algumas sugestões:

Aprende a olhar os outros não como um fim em si, mas sim como um meio ou espelho capaz de te mostrar algo de ti próprio. Se for positivo o que o espelho devolve, óptimo! Vê no outro a tua própria boa energia ou quem sabe um potencial inconsciente em ti à espera de ser manifestado. Se for negativo, aceita que também algo idêntico te habita. A lei da atracção fez-te atrair essa pessoa e quanto mais depressa descobrires porquê, melhor! Considera por exemplo em que vida e em que circunstâncias poderás tu ter feito no passado uma figura idêntica. 

Aos encontros com desafiantes, difíceis, arrogantes, agressivos, às vitimas de serviço ou simplesmente a quem é provocador e desgasta a nossa energia, há que ter compaixão. Estão claramente em pior estado do que tu, por isso, aproveita o momento para os baralhar enviando-lhes luz, sorrindo e dizendo uma palavra positiva. É com certeza gigante a dor e o vazio que ali habitam e por isso aproveita para usar a tua boa energia.. quem sabe fará alguma magia.

Eleva-te o mais possível acima do drama. Responsabiliza-te pelo bom uso da tua energia plantando amor, compaixão, paciência, tolerância, verdade. Não interessa se os outros merecem, fizeram bem ou mal. Não te cabe a ti julgar o que os outros fazem com a energia deles. És apenas responsável pela tua energia e o que fazes com ela pois será dela que virão os teus retornos. Usa inteligentemente a lei do karma e investe amor em ti dando amor aos outros!

Resiste o mais possível ao consumismo material. Se fizer mesmo parte do protocolo que sejam então uns belos chocolates ou uma bebida diferente e exótica, que ficam bem em qualquer armário. Aproveita o tempo para fazer perguntas sobre familiares que já partiram, curiosidades de família. Saberes sobre eles, ajuda-te a saberes mais sobre ti e sobre os teus padrões.

Alinha-te com a gratidão pela vida, pela abundância que te rodeia, tenha ela a forma que tiver, seja ela mais exterior ou interior. Sê grato pelo tecto, pela comida, pela família, pelo calor que rodeia, pelo bacalhau, pelos sonhos e pelo peru e também pelo livre arbítrio que a vida te ofereceu para que possas criar a vida que mais sentido te faz. Procura de todas as maneiras render-te à mais bela visão do mundo ensinada por mestres e místicos de todos os tempos que sempre nos tentaram ensinar a ver o Amor em tudo e em todos.

Aproveita a simbologia do último mês do ano para fazeres aquelas últimas limpezas que adiaste o ano todo. Seja ela no armário ou no coração. Que a ideia de chegares ao novo ano mais leve e mais limpo te ajude a libertar tudo o que já não serve, ou que possa estar a impedir que cumpras os teus mais maravilhosos sonhos.  

Que seja um Natal cheio de Amor no coração vivido, com a consciência de que te cabe a ti exclusivamente a tarefa de o manter cheio." - Vera Luz

domingo, 24 de dezembro de 2017





"Começa a ficar consciente de tudo o que normalmente acontece inconscientemente. Por exemplo, raiva, inveja, orgulho... e a tua consciência se aprofundará.

Confiança não é acreditar que vai dar tudo certo, mas sim que tudo está certo.

Nunca tomes uma dificuldade negativamente. Encontra alguma coisa positiva nela. A mesma pedra a bloquear o caminho, pode funcionar como um degrau para veres melhor.

Não importa se te amam ou te criticam, te respeitam, te honram, ou te difamem, que te corroam ou te crucifiquem; porque a maior bênção que há na existência é seres tu mesmo.

Nós ficamos preocupados desnecessariamente. Todas as preocupações são fúteis, porque aquilo que é para acontecer, vai acontecer.

Aceita a tua solidão. Aceita a tua ignorância. Aceita a tua responsabilidade, e então observa o milagre acontecer. Um dia, de repente, te verás sob uma luz totalmente nova, pois nunca antes olhaste para ti mesmo. Nesse dia tu realmente terás nascido. Antes disso, o que ocorreu foi apenas um processo de pré-nascimento.

Espiritualidade não é procurar o fantástico no dia a dia da realidade material, mas compreender que a realidade material é composta pelo fantástico da espiritualidade.

Estejam no mundo mas não sejam dele. Vivam no mundo mas não permitam que o mundo viva dentro de vocês. Estar no mundo, viver no mundo, viver totalmente, sem ganância e sem desejos, porque todos os desejos vos distraem do viver, todas as ambições sacrificam o presente do viver, todas as ambições sacrificam o vosso presente. Não sejam gananciosos, porque a ambição leva-vos para o futuro; não sejam possessivos, porque a posse mantém-vos apegados ao passado. O Ser Humano que quer viver no presente precisa de livrar-se da ganância, da posse, da ambição, dos desejos.

A arte da meditação é fazer as tuas perguntas desaparecerem, não é dar-te respostas." - Osho

sábado, 23 de dezembro de 2017





"Tal como disse o Buda, a vida é sofrimento. Mas há magnificência nesse sofrimento. E além disso, não há verdadeiramente como lhe virar costas. É virando-nos de frente para o sofrimento que, paradoxalmente, descobrimos os nossos mais vívidos, vivos, eléctricos, sensíveis, sensitivos e sensuais eus.

Quando a tristeza assoma dentro de nós, está a ser-nos dada uma incrível oportunidade de integrarmos as feridas do passado. Está a ser-nos permitido experienciar o próprio tecido da nossa história. Talvez tenha acordado esta manhã e, por razão nenhuma, aparentemente do nada, sentiu tristeza. A sua tendência natural seria crispar-se ante ela. Força aí, camarada. Pense na maneira como choramos. Ou sufocamos as lágrimas e engolimos o nó que temos na garganta, ou damos vazão às lágrimas, que nos correm pelas faces abaixo, reais, verdadeiras e irrefutáveis.

Tome um momento e pouse o café. A menos que esteja a conduzir, feche os olhos. Sinta as ondas subirem e descerem dentro de si. Cavalgar essas ondas é um sentimento que gosta de manter ao largo. O que aconteceria se o sentisse? Imagine-o como um diminuto barquinho, empurrado pelas cristas das ondas que estão sempre dentro de si. O barco é algo intrincado de grande valor e beleza. É afinado e colorido pelo que significa ter-nos sido dado este precioso dom da vida.

À medida que o dia passa, permita que a vida tenha impacto em si. Quando vir uma criança a estender a mão para a da mãe, permita que o seu coração se abra. Quando vir alguém em dificuldades na rua, permita que o seu coração se abra. Quando tiver um desapontamento ou um revés, permita que o seu coração se abra. É esta a requintada passagem pela qual a vida se torna maior e mais rica. A sua tristeza não faz de si menos que um ser humano. Com efeito, faz de si mais.

Mais expansivo.

Mais conectado.

Dolorosamente belo.

Cru. Aberto. Completamente vivo.

Deixe a vida tocá-lo. E quando a vida o tocar, acolha-a com suavidade. Acolha-a com autenticidade. Deixe o seu coração fundir-se com os corações das pessoas à sua volta. Veja-se a si próprio nos rostos dos seres humanos seus semelhantes. Só por hoje, viva na verdade de que nada há a defender. Viva na verdade de que vulnerabilidade é poder. Viva na verdade de que a sua tristeza faz de si humano. Ao sair para o trabalho, o seu filho exclama: «Adeus, papá! Vou ter saudades tuas!» Sinta-o. Deixe o seu coração quebrar e abrir. Ao deixar o seu filho mais velho na escola, repare na mãe que transpõe a entrada com o filho de oito anos deficiente. Não desvie os olhos. Sinta-o. Sinta-o como se fosse você - pois é você. Ao parar no mercado, repare no casal de velhotes a fazer compras juntos. Estão casados há sessenta anos e ainda andam de mãos dadas. Sinta-o. Isto, também, é você. Passe de carro pelo cemitério onde os seus pais estão enterrados. Veja os milhares de sepulturas, as vidas outrora vividas. Sintas-as. Sinta-as todas. 

Estes sentimentos não o vão matar. 

De facto, estes sentimentos vão conectá-lo. 

À sua própria história, e às histórias alheias.

Permita. Só por hoje, permita que toda essa tristeza entre. Sempre que sentir o seu coração, o seu corpo, ou a sua mente endurecer ante o que vê, deixe-se amolecer. Relaxe o abdómen. Inspire para o coração. Tome consciência do lugar suave e terno que está sempre dentro de si, qual luz piloto, brilhando suavemente. Essa luz aguarda um momento de consciente aceitação. Receba estes momentos. Experiencie-os. Viva a benção da sua vida especial e única." - Panache Desai 

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017





"Temos uma tolerância mínima relativamente a determinadas emoções, como a impotência e o medo. É-nos difícil lidar com a dor crua da ameaça e da perda, porque não estamos, pura e simplesmente, preparados para lidar com ela. Ou para darmos conta do recado. É por isso que tentamos perceber, resolver e alterar as coisas. Ou, em alternativa, reter tudo dentro de nós. 

A noção moderna de que nos podemos tornar senhores e donos do nosso destino - orientando a mente num rumo para o «êxito», através de técnicas como a visualização e as afirmações positivas - tem sido, no mínimo, muito inspiradora. Abundam histórias de empreendedores autodidactas. Mas a ideia de que podemos controlar tudo assim deu aso a uma tendência perturbadora - a de tentar esmagar as emoções «negativas». Acima de tudo, detestamos sentir-nos impotentes. Os nossos filhos crescem a ouvir-nos mandá-los ficar sossegados, sentados à secretária, de braços cruzados. Não lhes damos escapes construtivos para a raiva e a revolta, a confusão, a curiosidade e a mágoa. 

Pelo contrário, quando determinadas emoções surgem no ecrã do radar, optamos por matar o mensageiro. Crucificamos esses sentimentos de mágoa ou fúria. Simplesmente não os permitimos. Afastamo-los, nas nossas tentativas de seguir em frente. Mas as emoções não passam de sinais de radar. Mesmo que os seus sentimentos o perturbem ou incomodem, dê graças por ter emoções - só provam que está vivo!

Em vez de matarmos o mensageiro, temos de ouvir a mensagem e tentar perceber o que é que estamos a tentar mostrar ou dizer a nós próprios. A mágoa pode servir para me demonstrar o quanto realmente gostava de outra pessoa. A confusão, para me dar a ver que tenho tido uma compreensão desadequada do mundo. E, agora, esses sentimentos estão a abrir-me a uma compreensão mais profunda e superior - e, muitas vezes, a fazer-me agir. Na verdade, ser capaz de sentir é uma coisa maravilhosamente tranquilizadora e revigorante.

Algures, pelo caminho, adquirimos a noção de que os sentimentos são nocivos. Pense na publicidade negativa que já recebeu. Ninguém quer ser descrito como «mole» ou «piegas», porque se presume que as pieguices são desnecessárias e demonstram indulgência, excesso e fraqueza. Fazem-nos parecer vulneráveis e inaptos. Então, tentámos arranjar formas de ultrapassar e contornar as coisas - para provarmos a nós próprios que somos racionais e temos tudo sob controlo. No rescaldo do iluminismo, o intelecto passou a ser valorizado acima de tudo, incluindo as nossas emoções mais humanas.

Actualmente tão popular, a psicologia «positiva» transmite às pessoas a sensação de que podem ultrapassar ou contornar todos os sentimentos ou experiências negativas, gerando pensamentos positivos. Em bom rigor, o que fazem é reprimir sentimentos muito reais. E que, das duas, uma: ou voltam mais fortes do que nunca, ou se tornam segredos repisados, incorporados e escondidos nas nossas profundezas e que carregamos com vergonha.

Sabemos muito pouco acerca do que é o nosso universo, para onde vai tudo, ou de onde veio tudo. Tal como sabemos muito pouco sobre como podemos preencher a ausência de um colega de escola ou de trabalho ou da inocência perdida. Aliás, não só não podemos entendê-la ou resolvê-la, como também nem devemos tentar. Quanto mais tentarmos encontrar sentido naquilo que não faz nenhum sentido, mais nos afastamos de nós próprios, mais nos tornamos desincorporados, desassociados, dessensibilizados." - Ken Druck

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017





"Tentamos libertar-nos de um fardo - o fardo de uma perspectiva estreita provocada pelo apego, pela agressividade, pela ignorância e pelo medo. Somos sobrecarregados pelas pessoas com quem vivemos, pelas situações do dia-a-dia e, acima de tudo, pela nossa própria personalidade.

Através da prática, apercebemo-nos de que não temos de obscurecer a alegria e a abertura presentes em cada momento da nossa existência. Podemos despertar para a bondade básica, que é nosso direito de nascimento. Quando somos capazes de o fazer, deixamos de nos sentir sobrecarregados pela depressão, pela preocupação ou pelo ressentimento. A vida parece espaçosa, tal como o céu e o mar. Há espaço para descontrair, respirar e nadar; para nadar tão longe que deixamos de ter a margem como ponto de referência.

Como lidamos com a sensação de transportar um fardo? Como aprendemos a relacionar-nos com o que parece erguer-se entre nós e a felicidade que merecemos? Como aprendemos a descontrair e a conectar-nos com a alegria fundamental?

Os tempos são difíceis ao nível global; despertar deixou de ser um luxo ou um ideal. Começa a tornar-se uma necessidade premente. Não precisamos de acrescentar mais depressão, mais desencorajamento ou mais ao que já existe. Começa a tornar-se essencial aprendermos a relacionar-nos de uma maneira saudável com os tempos difíceis. A Terra parece estar a impelir-nos a conectar-nos com a alegria e a descobrirmos a nossa essência interior. É essa a melhor maneira de podermos beneficiar os outros." - Pema Chödrön

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017





«Evite a companhia de pessoas iludidas sempre que puder.» - Buda


"A infelicidade, mais do que gostar de companhia, exige-a.

Por esta razão, não se afaste das pessoas negativas.

FUJA delas!" - Ernie Zelinski

terça-feira, 19 de dezembro de 2017





"Guardo a profunda convicção de que a melhor prática espiritual que existe é o sorriso.

Aprender a equilibrar a mente e o corpo, harmonizar o que em nós é dissonante e por isso nos causa sofrimento, é um trabalho árduo que implica uma grande determinação, coragem e acção perseverante.

Mas apesar de todas as práticas que nos podem ajudar, e ajudam, a esse caminho, do meu ponto de vista, nenhum tem o poder regenerador do riso e do sorriso.

Quando estamos perante uma situação realmente constrangedora, algo que nos está a condicionar imensamente a vida e a nossa paz interior ou a dos que nos rodeiam, se formos capazes de rir a dimensão desse condicionamento é imediatamente alterada.

Quando rimos, uma quantidade de energias soltam-se positivamente transmitindo uma imediata sensação de bem-estar.

Isso também acontece com as lágrimas, com o choro, mas o sinal é evidentemente diferente. Contudo, chorar é também uma prática que nos pode fazer muito bem, desde que não nos leve à obsessão de manter um estado de permanente tristeza.

O riso não tem, efectivamente, contra-indicações. É uma prática poderosa e altamente eficaz. Na realidade, o riso e o sorriso, são bênçãos de que a preciosa condição humana foi dotada, de que não devemos prescindir e mesmo treinar, aprender, praticar, praticar, praticar.

No entanto, há diferenças entre o riso e o sorriso. Penso que rir dos outros é uma atitude que compromete o bem-estar do outro. Rir com os outros é uma atitude de enorme generosidade. Rir de nós próprios, saber rir de nós próprios, é uma grande aprendizagem. Torna-nos muito mais soltos e descontraídos perante o que somos.

O mesmo quando adoptamos esta atitude em relação aos problemas que nos surgem vindos do exterior. Por vezes, temos a tendência de achar que com coisas muito sérias não se brinca. Mas se perante uma situação grave formos capazes de rir, estou convicto que grande parte do problema está resolvido. Se calhar a mais importante, aquela que nos afecta interiormente e nos causaria desgaste e sofrimento. 

A maneira como entendo o sorriso é a da pura oferenda aos outros, a nós próprios, à natureza, a tudo o que nos rodeia. 

Que coisa mais pura e transparente e bela, podemos oferendar a conhecidos e desconhecidos que um sorriso?

Quando entramos num meio de transporte ou conhecemos alguém, quando simplesmente dizemos bom-dia, não é evidente que se sorrirmos há uma empatia instantânea com esses seres?

O facto de sorrirmos e os outros não terem a mesma reacção, não quer necessariamente dizer que essa empatia fracassou. Ela existe, essa pessoa pode não estar preparada para reagir respondendo da mesma maneira (apesar de dificilmente alguém ficar indiferente a um sorriso). Se ao entrar num autocarro, esboçarmos um sorriso a alguém que aparentemente não responde à nossa dádiva, sorrindo-nos em resposta, podemos ter-lhe salvo o dia. Quando sorrimos a preocupação não é a da resposta. O sorriso não é uma moeda de troca, é a forma de oferendar a boa vontade ao mundo." - Frederico Mira George

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017





"Nós não queremos abrir-nos à nossa tristeza. Quem quer ser tão vulnerável assim? Toda essa perda, essa mágoa, essa avalanche de pesar? Porque nos prestaríamos a tal coisa? Muitas e muitas vezes as pessoas dizem-me recear que, se começarem a sentir a sua tristeza, jamais parem de chorar.

Mas aqui está uma ideia radical: A capacidade de estar triste é uma bênção.

Na infância, ensinaram-nos que a tristeza é um sinal de fraqueza. Recorde a sua própria infância: alguma vez lhe chamaram bebé chorão? Ou o fizeram sentir vergonha das suas lágrimas? De algum modo interiorizou a mensagem de que supostamente deveria sufocar esses sentimentos, fazer cara valente, queixo erguido e tudo isso? Se quiser libertar a densidade vibracional que carrega consigo, tem de fazer precisamente o oposto. Senti-la. Senti-la toda. Qual é a pior coisa que pode acontecer? Quando nos permitimos ser vulneráveis, experienciamos uma bênção. Oferecemos a nós próprios a oportunidade de ver e experienciar a vida autenticamente, sem defesas ou anteparas a apartar-nos da nossa verdadeira natureza.

Há um refinamento na tristeza e na dor. Tem uma qualidade e ressonância únicas. É uma forma de todos nos podermos relacionar uns com os outros, pois todos sentimos tristeza. Não fosse o nosso julgamento dessa emoção, ninguém teria problemas em senti-la. A tristeza é socialmente inaceitável - estamos condicionados desde o primeiro dia a entender a tristeza como um sinal de fraqueza - e por isso as pessoas recusam experienciá-la, pelo que acumula peso. A sua densidade alastra no corpo. Olhe para a linguagem corporal e postura de alguém que sofre de depressão: parece carregar um peso nos ombros. Tem as costas curvadas. Mal consegue levantar-se da cama. É como um salgueiro-chorão por oposição a um poderoso carvalho. O carvalho é firme, elegante e erecto. O salgueiro-chorão deixou que os fardos da vida o dobrassem.

A chave é alterar a sua experiência de tristeza. Mágoa? Perda? As lágrimas correndo-lhe pelas faces abaixo? Bom. Sinta tudo isso. Saiba que é uma de 7,2 mil milhões de pessoas neste planeta que passam pela mesma coisa. A rejeição da tristeza ainda mais o separa da sua inteireza. Entregue-se a ela. Respire. Aceite. Abrace e incorpore a bênção da tristeza, pois, onde há aceitação, o julgamento deixa de ter qualquer poder. Quando se deixar inundar por esta energia, ela ganhará intensidade, mas desde que continue a permitir-lhe fluir através de si, acabará por diminuir. Permita que a vida faça o que lhe compete." - Panache Desai

domingo, 17 de dezembro de 2017





"«Está tudo bem.» Ouvimos dizer a toda a hora - da parte de familiares, amigos, políticos e apresentadores de programas de televisão que não sabem como explicar porque é que as coisas acontecem de determinada maneira ou o que podemos fazer em relação a isso. Em 2004, o USA Today elegeu-a «Citação Desportiva» do ano. Mas os dias do «Está tudo bem» já chegaram ao fim. No seu lugar temos: «As coisas são como são.»

Pode parecer um cliché. Algumas pessoas poderão argumentar que é uma estratégia trivial e conveniente de nos descartarmos de toda e qualquer responsabilidade pessoal ou de passarmos por cima de todos os desgostos e frustrações que advêm da perda e de outras formas de adversidade. Mas, se formos para além do uso excessivo dessa expressão, constataremos que ela é muito profunda.

A afirmação «as coisas são como são» implica um reconhecimento tácito de que, mesmo não sabendo que «coisas» são essas, elas são como são. É uma proclamação de que a vida tem as suas próprias condições e que, embora nós próprios possamos naturalmente estabelecer as nossas, a vida irá sempre ser como é. Cabe-nos a nós «fazer o balanço» - conciliar as dívidas e os lucros da vida, os seus ganhos e perdas, o seu sofrimento e a sua alegria. Muito do que acontece nesta vida está para além do nosso entendimento e do nosso controlo. As coisas são... como são.

Acreditar no oposto (por exemplo, «as coisas são como eu digo») é perigoso e enganador, porque significa que funcionamos com certezas, como se fôssemos detentores da verdade. A pessoa que se recusa a crer que «as coisas são como são» diz: «Sei como são as coisas, por isso, só têm de ouvir o que digo e mais nada.» Segue-se uma doutrina «irrefutável», baseada numa qualquer crença rígida de ordem religiosa, política ou filosófica que a pessoa afirma ser uma verdade absoluta.

Não sou contra a política, a filosofia ou a religião. Já aconteceram coisas tão maravilhosas em nome de organizações fundadas na fé - serviço, honra e lealdade; amor, valor e um código para levar uma vida de abundância, aceitando aquilo que nos é superior a todos. Apenas me oponho a qualquer sistema de crença que afirme ser o único detentor exclusivo do que é real e genuíno. É esse tipo de abordagem moralista e sobranceira da vida que não só divide as pessoas por esse mundo fora, mas também nos divide internamente. Provoca fricção entre nós e dentro de nós. 

Ao impormos uma crença rigidamente assumida como sendo a verdade, estamos a polarizar grupos. Os fundamentalistas de qualquer credo creem: «Sou senhor e dono da verdade e vocês não. Como tal, imponho-vos a minha verdade.» Isso também acontece na psicologia, no direito - em tudo. É nessas circunstâncias que a nossa arrogância gera problemas entre pessoas, entre as pessoas e o mundo e no interior de cada um.

Quando as pessoas são humildes em relação às suas crenças, estas deixam de ser factores de divisão e tornam-se dádivas. A mudança do «eu sei» para o «na minha opinião» pode marcar a diferença entre a guerra e a paz. Significa: «Podem existir outras perspectivas.» Reconhece: «Posso não ter todas as respostas.» E reforça: «Se escolherem outro caminho, farei os possíveis para o compreender e respeitar.»

Algumas pessoas ficam surpreendidas quando se apercebem de que quase todas as fés têm uma «cláusula de exoneração de responsabilidade»: a humildade. Para a fé bahá'í, Deus é a «essência incognoscível». Que versão tão poética e delicada das limitações que enfrentamos.

E a fé bahá'í não é a única. Todas as grandes tradições religiosas contêm em si um veículo perfeito de verdade e compreensão. Todos nós vamos aprendendo, à medida que avançamos.

Por mais sensatos que nos tornemos, por mais espiritualmente sãos que nos sintamos e por mais sintonizados que possamos estar com a natureza e o universo, nunca deixamos de fazer parte de um enorme mistério. Tradição alguma - religiosa ou filosófica, espiritual ou científica - se pode considerar completa, sem reconhecer o desenrolar desse mistério. O mesmo se aplica a qualquer pessoa, incluindo o clero profissional, os gurus, os médiuns, os psicólogos, os autores, os não crentes e/ou os professores de New Age. Tem de haver uma humildade autodidacta e autocontrolada que afirme: «Tenho uma mentalidade parcial e incompleta. Exprimo a parte da verdade que conseguir compreender, mas estou aberto a uma contínua descoberta.» 

A vida é tanto um processo de saber e compreender como de não saber e não compreender. A ideia de que «as coisas são como são» convida-nos humildemente a explorar e não a resignarmo-nos com a ignorância. A mente fechada gera medo, hostilidade, desconexão e até violência, enquanto este tipo de abertura abre um caminho, rumo a um espaço de paz, humildade e compreensão." - Ken Druck

sábado, 16 de dezembro de 2017





"Às vezes, ao fim do dia ou durante uma longa caminhada com um amigo, damos por nós a debater as nossas ideias sobre como se deve viver, como se deve agir e o que é importante na vida. Se estamos a estudar o budismo e a praticar meditação, podemos falar de não-eu e vacuidade, de paciência e generosidade, de amor compassivo e de compaixão. Podemos ter acabado de ler ou de ouvir alguns ensinamentos que viraram do avesso a nossa maneira habitual de ver as coisas. Sentimos que acabámos de nos reconectar com uma verdade que sempre conhecemos e que, se pudéssemos aprender mais acerca dela, a nossa vida seria rica e encantadora. Falamos aos nossos amigos do nosso desejo de largar o pesado fardo que sentimos carregar desde sempre. De repente, entusiasmamo-nos e sentimos que é possível. Comunicamos ao nosso amigo a nossa inspiração e a maneira como ela abre a nossa vida. "É possível", afirmamos, "apreciar as mesmas coisas que costumam deixar-nos em baixo. Podemos deleitar-nos no nosso emprego, deleitar-nos a andar de metro, deliciar-nos a atirar neve, a pagar contas e a lavar a louça."

No entanto, poderá ter reparado que há frequentemente uma discrepância irritante, se não deprimente, entre as nossas ideias e boas intenções e a maneira como agimos quando somos confrontados com os pormenores nus e crus das verdadeiras situações da vida.

Não se trata de uma questão de escolha certa ou de escolha errada, mas apenas de sermos frequentemente colocados perante um dilema relacionado com a concretização da inspiração dos ensinamentos, face ao que eles significam no próprio momento. Há uma tensão espantosa entre as nossas aspirações e a realidade de nos sentirmos cansados, com fome, angustiados, com medo, aborrecidos, zangados ou o que quer que experimentemos num dado momento da nossa vida.

Podemos enganar-nos por algum tempo, afirmando entender a meditação e os ensinamentos, mas, a dada altura, temos de enfrentar a verdade. Nada do que aprendemos parece ser muito relevante quando o nosso par nos abandona, quando o nosso filho tem um acesso de mau-génio no supermercado, quando somos insultados pelo nosso colega. Como podemos lidar com o nosso ressentimento quando o nosso patrão entra na sala e desata a gritar connosco? Como reconciliamos essa frustração e humilhação com o nosso desejo de sermos abertos e compassivos e não nos prejudicarmos a nós mesmos nem aos outros? Como aliamos a nossa intenção de estarmos atentos e de mantermos a suavidade na meditação com a realidade de nos sentarmos e adormecermos de imediato? E quando nos sentamos e passamos o tempo todo a pensar como sentimos a falta de alguém ou de alguma coisa que vimos no caminho para a sala de meditação? Ou então, quando nos sentamos e passamos a manhã inteira a contorcer-nos porque nos doem os joelhos, porque nos doem as costas, porque nos sentimos aborrecidos e fartos? Em vez de estarmos calmos, despertos e menos egocêntricos, damos por nós a ficar mais egóticos, irritáveis e endurecidos. 

Esse é um lugar interessante para nos encontrarmos.

O ponto em que não somos capazes de pegar ou largar, onde vamos de mal a pior, apanhados quer pela elevação das nossas ideias, quer pela crueza do que se desenrola à frente dos nossos olhos - esse é, na realidade, um lugar muito frutífero.

Quando nos sentimos pressionados, há a tendência para a mente se tornar pequena. Sentimo-nos infelizes, sentimo-nos vítimas, sentimo-nos patéticos, uns casos perdidos. Por isso, acredite-se ou não, nesse momento de tensão, de espanto ou de vergonha, as nossas mentes podem começar a crescer. Em vez de assumirmos o que aconteceu como uma afirmação da fraqueza pessoal ou do poder de alguém, em vez de sentirmos que somos estúpidos ou que alguém é cruel, podemos desprender-nos de todas as queixas sobre nós e os outros. Podemos estar ali, a sentir-nos indefesos, sem saber o que fazer; pura e simplesmente ali  parados, com a energia crua e terna do momento. É nesse lugar que começamos a aprender o significado por trás dos conceitos e das palavras. 

Estamos extremamente habituados a fugir do desconforto e somos extremamente previsíveis. Se algo não nos agrada, atacamos alguém ou atacamo-nos a nós próprios. Queremos ter algum tipo de segurança ou de certeza quando, de facto, não temos nenhum solo firme debaixo dos pés. 

Da próxima vez que não tiver solo firme debaixo dos pés, não considere isso um obstáculo. Considere que é um incrível golpe de sorte. Não temos solo firme debaixo dos pés e, ao mesmo tempo, isso pode suavizar-nos e inspirar-nos. Finalmente, ao fim de tantos anos, podemos verdadeiramente crescer." - Pema Chödrön

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017





"Não passe o seu tempo neste mundo a julgar as pessoas.

É entediante e não lhe trará a felicidade.

Além disso, esse não é o seu trabalho.

Quando alguém ou alguma coisa o confundir, SORRIA!" - Ernie Zelinski

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017





"Quando uma borboleta nasce, ela não sabe quanto tempo vai viver. Nós, que estudámos a vida das borboletas nos compêndios escolares, sabemos que não durará mais que umas horas. Mas a borboleta, que não conhece tratados de biologia nem fez exames de zoologia, nasce e voa. Voa livre. Voa à descoberta. Voa para o desconhecido. Voa.

Apesar dos compêndios, dos tratados de biologia, das teorias, tal como as borboletas não sabemos quanto tempo vamos durar. Umas horas? Talvez. Uns anos? Muitos anos? Não importa. Como a borboleta que nasce, porque não havemos nós de voar. Simplesmente voar. Voar à descoberta. Voar pelo desconhecido?

Tomamos consciência dos nossos condicionamentos. Decidimos perante nós agir de forma a nos libertarmos desses condicionamentos. Do sofrimento. É hora de partir. Do voo da borboleta quando nasce.

Não tenhamos medo. O medo só nos devora. Só.

Partir à descoberta daquilo que em nós existe de Sageza, Força e Beleza é penetrarmos no coração de Buda.

Buda não está fora de nós. Não é algo exterior a nós. Nós somos Buda. Essa potencialidade, que todos temos, floresce em liberdade como os girassóis se voltam para o Sol, viremo-nos nós para Buda, o Sol que nos habita, a Lua que nos invade.

Não tenhamos medo do desconhecido enquanto o coração for o nosso guia." - Frederico Mira George

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017





"As relações proporcionam-nos as maiores oportunidades de crescimento e de aprendizagem e o maior potencial de sofrimento psicológico e, portanto, de actuação defensiva ou de retaliação, ferindo os outros e lesando-nos a nível da alma. 

O modo como reagimos é importante.

Não podemos tratar a outra pessoa com mesquinhez sem que esse sentimento não se cole a nós; não podemos reagir generosamente sem expandir o coração e enriquecer a alma. 

É um risco ser autêntico e abdicar da persona, da armadura e das defesas, mas é uma perda não assumir esse risco, sem o qual a intimidade se torna impossível.

Se nos escondemos por trás dos portões a nível emocional, pensando que isso nos porá a salvo, a única certeza é que a decisão nos manterá isolados, numa caixa por nós fabricada." - Jean Shinoda Bolen

terça-feira, 12 de dezembro de 2017





"A mais perigosa armadilha é aquela que possui a aparência de uma ferramenta de emancipação. 

Uma dessas ciladas é a ideia de que nós, seres humanos, possuímos uma identidade essencial: somos o que somos porque estamos geneticamente programados. Ser-se mulher, homem, branco, negro, velho ou criança, ser-se doente ou infeliz, tudo isso surge como condição inscrita no ADN. Essas categorias parecem provir apenas da Natureza. A nossa existência resultaria, assim, apenas de uma leitura de um código de bases e nucleótidos.

Esta biologização da identidade é uma caprichosa armadilha. 

Simone de Beauvoir disse: a verdadeira natureza humana é não ter natureza nenhuma.

Com isso ela combatia a ideia estereotipada da identidade.

Aquilo que somos não é o simples cumprir de um destino programado nos cromossomas, mas a realização de um ser que se constrói em trocas com os outros e com a realidade envolvente.

A imensa felicidade que a escrita me deu foi a de poder viajar por entre categorias existenciais. Na realidade, de pouco vale a leitura se ela não nos fizer transitar de vidas. De pouco vale escrever ou ler se não nos deixarmos dissolver por outras identidades e não reacordarmos em outros corpos, outras vozes.

A questão não é apenas do domínio de técnicas de decifração do alfabeto.

Trata-se, sim, de possuirmos instrumentos para sermos felizes.

E o segredo é estar disponível para que outras lógicas nos habitem, é visitarmos e sermos visitados por outras sensibilidades. É fácil sermos tolerantes com os que são diferentes. É um pouco mais difícil sermos solidários com os outros. Difícil é sermos outros, difícil mesmo é sermos os outros." - Mia Couto

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017





"Somos seres vibracionais. Habitamos um universo vibracional. Temos a aparência de solidez, mas não somos realmente sólidos. Isto é um facto científico. A física quântica tem provado que a energia pode mudar de estado de uma forma para a outra, que, em última análise, aquilo que parece ser sólido é com efeito composto de partículas e moléculas em vibração. Nada é concreto. Tudo está sujeito a consideração. Tudo! 

Como seres vibracionais, quando experimentamos emoções, essas emoções são igualmente constituídas de energia. Emoções são simplesmente energia em movimento. Quando reprimimos as emoções ou suprimimos o nosso conteúdo emocional, seja o que for que estejamos a negar acumula peso, ou densidade vibracional. Esta opressão pode tomar muitas formas. Mas em todos os casos impede a capacidade natural de o seu espírito brilhar. Pense no modo como por vezes descrevemos as nossas emoções: sufocamos a raiva. Sustemos as lágrimas. Temos um nó na garganta. Couraçamo-nos. Pensamos que nos estamos a proteger, mas na realidade o que estamos a fazer é manter a nossa expressão máxima atrás de uma muralha. Sabemos que há mais, mas não sabemos como lá chegar.

Tal como a água tem a capacidade de se transformar em gelo, ou em vapor, a nossa energia também tem a capacidade de mudar de estado. Quando não permitimos às nossas emoções que fluam, é como se nos enchêssemos de cimento. Ficamos tão cheios de tristeza, raiva, culpa, medo e vergonha que não resta espaço para mais nada. Quanto mais obstruídos estamos, mais baixo fica o nosso nível de vibração - de conexão, vida, júbilo. Quanto mais leves estamos - quanto mais lidámos com tudo dentro de nós -, mais capazes somos de trazer às nossas vidas abundância, saúde, amor e plenitude de alma." - Panache Desai

domingo, 10 de dezembro de 2017





"Ir à luta e tomar boas decisões com pessoas plenas de amor, responsáveis e dignas de confiança é muito diferente de ir à luta e tomar más decisões com pessoas falsas que só nos destroçam o coração. Essas pessoas não ganharam a nossa confiança. Não lhe convém nada colocar o coração nas mãos de uma pessoa que esconda a sua verdadeira forma de ser, o trate mal e/ou se revele psicologicamente indisponível. A confiança deve ser conquistada e renovada regularmente, através dos nossos actos.

Os relacionamentos são caminhos espirituais. À semelhança de qualquer grande caminho espiritual, estão cheios de sulcos, buracos e desafios. Saber correr riscos com o amor significa estar ciente dos perigos e obstáculos, mantendo sempre um coração aberto e pleno de amor.

Mesmo fazendo boas escolhas, o amor pode sempre levar-nos a cometer loucuras. Pode cegar-nos. Todos nós fizemos, ou deixámos de fazer, coisas estúpidas ou parvas por amor ou por uma paixoneta. Dançamos em campos floridos, eufóricos, por vermos no nosso novo amor tudo aquilo com que sempre sonhámos. Estamos prestes a obter tudo o que sempre quisemos. Não é assim?

Talvez sim, talvez não. Os nossos sonhos poderão concretizar-se ou não. Seja como for, recue um passo no início de cada novo relacionamento e avalie os riscos. Estará a ser esperto? Conhece realmente aquela pessoa? Foi cem por cento sincero? Estará a tomar decisões sensatas? Haverá alguma coisa nele ou nela que você esteja a encobrir (ou seja, a desculpar, a racionalizar, a justificar ou a defender)? Se sim, então, está na altura de ser forte e verdadeiro para consigo próprio! Comunique respeitosamente as suas preocupações à outra pessoa. E deixe cair as cartas onde calhar.

No contexto de uma relação já existente, torna-se ainda mais importante ser esperto. Os relacionamentos não são meras ligações informais estabelecidas com outras pessoas. São um caminho espiritual em si mesmo. Não há nada mais revelador, humilhante, animador e humilde do que ter uma relação íntima com outro ser humano. Não há nada no mundo que nos estimule mais a crescer. É nos relacionamentos que acabam por aparecer todas as nossas «partes jovens». De uma maneira ou de outra, os nossos muros de protecção poderão ruir e dar passagem ao nosso verdadeiro eu. Podemos sair de livre vontade ou podemos sair à força. 

É evidente que este caminho espiritual proporciona uma enorme oportunidade de crescimento.

A comunicação é fundamental. Se surgir um problema numa relação, debatam-no! Aperfeiçoem a arte de conversar sobre tudo nos vossos relacionamentos. Trabalhar as questões que vão surgindo é a única esperança para conseguir chegar a uma expressão melhor e mais elevada de quem vocês realmente são - e para desenvolver a vossa faceta mais íntima, plena de amor, digna de confiança e verdadeiramente generosa. Só então poderemos transcender todos os medos que tenham formado uma crosta protectora sobre o vosso coração.

Se, inicialmente, os nossos receios estavam ao serviço da sobrevivência, agora, talvez a estejam a ameaçar. Temos de saber em que ponto é que as nossas defesas começam a diminuir-nos a capacidade para amar e até a comprometer-nos a segurança. Nesse caso, devemos procurar formas de protecção mais saudáveis, fortes e eficazes que não rejeitem nem inibam a proximidade. Tal como arranjar desculpas ou justificações para o comportamento do seu parceiro, em vez de lhe chamar a atenção. 

Uma das melhores maneiras de se aproximar é simplesmente enfrentar todas as questões com o seu parceiro. Deixe-se de jogos e seja verdadeiro, mesmo quando for difícil. Tal como indicou com tanta eloquência o psiquiatra suíço Carl Jung, todos nós temos uma faceta «sombria» - aquela pequena porção de nós que se assusta, sente ciúmes e é arrogante. A sombra é a parte da nossa natureza que mais embaraço nos causa (ou até vergonha). Tentamos escondê-la, negá-la, reprimi-la e evitá-la, fingindo que não existe.

A verdade é que essa sombra se limita a confirmar que somos seres humanos. Todos temos um lado mais sombrio. O truque é aprender a refrear o poder da sombra, consciencializando-nos dela e assumindo-a, em vez de tentarmos escondê-la, por ela nos envergonhar. E haverá melhor forma de o fazer, senão em trocas com o seu parceiro, que tenta também ter consciência da sua faceta sombria e contê-la? O tiro de permitir que o amor ou a ambição o cegue relativamente ao lado sombrio de alguém com quem quer construir um futuro acabará por lhe sair pela culatra. A escolha é simples: domine os seus sentimentos sombrios - os seus e os dos seus entes queridos - ou eles acabarão por o controlar a si.

Por mais espertos que sejamos a correr riscos, o amor nunca deixa de nos abrir inevitavelmente à mudança. Faz parte da natureza da vida. Não havemos nós de querer que, no fim das nossas vidas, o nosso coração possa ser a prova perfeita de que amámos e amámos bem? E desenvolvemos as nossas almas?

Embora não haja maior dor do que a de um coração partido, a verdade é que isso significa que se trata de um coração que ousou amar incondicionalmente e soube correr riscos. Tal como o poeta do século XX Rainer Maria Rilke disse com tanta eloquência, o coração «inocente e seguro que não arrisca perdas jamais poderá conhecer a ternura; só o coração reconquistado se pode sentir satisfeito: por tanto ter dado, já pode rejubilar na sua mestria». Não há melhor prova de uma vida bem vivida do que um coração usado em toda a sua plenitude." - Ken Druck

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017





"Cada dia é um novo dia; não nos orientamos demasiadamente para o futuro. Embora sigamos numa direcção, e essa vá no sentido de ajudar a diminuir o sofrimento, temos de perceber que parte da ajuda consiste em manter a clareza mental, manter as nossas mentes e os nossos corações abertos. Quando as circunstâncias nos fazem ter vontade de fechar os olhos, tapar os ouvidos e transformar os outros no inimigo, a acção social pode ser a prática mais avançada. Constitui um enorme desafio saber como continuar a falar e a agir sem agressividade. A forma de começarmos consiste em passar a prestar atenção às nossas opiniões.

Não há ninguém no planeta, nem aqueles que vemos como oprimidos nem os que encaramos como opressores, que não tenha aquilo que é preciso para despertar. Todos precisamos de apoio e de encorajamento para termos consciência daquilo que pensamos, do que dizemos e do que fazemos. Preste atenção às suas opiniões. Se der por si a tornar-se agressivo quanto às suas opiniões, preste atenção a isso. Se der por si a ser não-agressivo, preste atenção a isso. Cultivando uma mente desprendida do que está certo e do que está errado, encontrará uma nova maneira de estar. A derradeira cessação do sofrimento deriva daí. Por último, nunca desista de si próprio. Assim nunca desistirá dos outros. Faça sinceramente o que for preciso para despertar a sua inteligência clarividente, mas um dia de cada vez, um momento de cada vez. Se vivermos deste modo, beneficiaremos a Terra." - Pema Chödrön

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017





"Não custa muito ser bondoso, mas pode ser muito dispendioso ser demasiado bondoso.

Quanto mais se dá a certas pessoas, mais elas abusam.

Como Harvey Mackay escreveu: «Se quer ser o Pai Natal, espero que o seu trenó consiga puxar um atrelado.»" - Ernie Zelinski

terça-feira, 5 de dezembro de 2017





"Será que podemos afirmar com toda a segurança, e sem medo de estar a faltar à verdade, que somos felizes?

Não tenho qualquer dúvida que todos nós tivemos, em maior ou menor número, momentos de felicidade, mas quando vos pergunto se poderemos afirmar que somos felizes, falo de uma felicidade completa. De um sentimento de profunda liberdade perante nós mesmos e os outros. Será que podemos afirmar essa felicidade? Será que ela existe? De que são feitos os nossos dias?

À primeira vista, parece que todos temos vidas, quotidianos, muito diferentes. Normalmente associamos as nossas diferenças àquilo que fazemos, às nossas ocupações, às nossas profissões, até aos nossos hobbies. Mas com alguma atenção verificamos, basta um pouco de bom senso e um pequeno esforço de observação, que os nossos quotidianos são muito semelhantes.

O facto é que as nossas vidas se padronizaram quase desde o momento do nosso nascimento. Vamos à escola quando nos dizem que é o momento de ir para a escola, começamos a namorar quando nos dão a entender que é altura de começar a namorar, acabamos os nossos percursos escolares quando cumprimos um programa que alguém decidiu como devia ser, sem que alguma vez tivéssemos sido consultados sobre isso, depois temos de arranjar um emprego, quase nos sentimos na obrigação de casar quando vemos os nossos amigos e colegas a casar, quase nos sentimos obrigados a ter filhos quando os nossos amigos e colegas começam a ter filhos e o fio de continuidade deste molde para o qual fomos traçados vai prosseguindo: o primeiro carro, a casa, as férias não sei onde, o telemóvel de última geração, o leitor de DVD... não pára. Se todos estes passos correm com sucesso sentimo-nos temporariamente realizados. Se estes passos correm mal, se temos um percurso escolar pouco brilhante, se não conseguimos as namoradas ou os namorados que os outros conseguem, se não arranjamos emprego, se não casamos, etc., sentimo-nos fracassados e deprimidos, achando que nada na vida nos corre de feição e que não vale a pena estar vivo.

Aqueles que primeiro sentiram o sucesso e o reconhecimento social, acabam por chegar a um ponto em que as primeiras decepções, conjugais, profissionais e financeiras acontecem, sentem-se sozinhos, desapontados com tudo e com todos. Um dia, a velhice entra nos nossos corpos sem pedir licença e damos que quer tenhamos tido um percurso de grande sucesso e reconhecimento, quer tenhamos passado a vida a ser apontados (pelos outros e por nós próprios) como exemplos de fracasso, as nossas vidas não foram o que tínhamos sonhado.

Todos os dias construímos expectativas imensas em relação a nós e aos outros e olhando retrospectivamente, quando a velhice diz «olá, cá estou eu», sentimos que essas expectativas se goraram e que já não vamos a tempo de alterar seja o que for. 

Por isso, acontece tantas vezes passarmos os últimos anos de vida revoltados e em conflito, connosco e com o passado que tivemos, apontando culpas às mais variadas coisas: à família, à sociedade, à religião que um dia abraçámos ou deixámos de abraçar.

No momento da morte, muita dessa insatisfação que carregámos ao longo dos anos vem ao de cima, acabando por morrer presos a uma raiva generalizada, num esterpor doloroso e cheio de mágoas.

E afinal que podemos nós fazer em relação a isso, a esta condição a que chamamos humana e que tomamos como uma fatalidade? Não é com certeza difícil responder que não somos felizes, o que não quer dizer que sejamos completamente infelizes. Como é costume responder a quem nos pergunta se estamos bem, «vamos andando». Pessoalmente acho que «ir andando» é uma coisa terrível. É um estado de desistência disfarçada de vida, sobre a qual, quanto mais não seja, podemos tentar tomar consciência e de alguma forma, decidir alterar o caminho que temos vindo a percorrer... mas, claro, se nos sentimos bem como estamos, pois então é continuar.

Durante um ensinamento em Bodhgaya, na Índia, Jigme Khyentsé Rinpoche, dirigindo-se às pessoas que o escutavam disse, com o humor que o caracteriza, que ao acordar todas as manhãs, quando olhamos à nossa volta, se olhamos para nós e nos sentimos contentes só há duas possibilidades: ou somos estúpidos ou iluminados." - Frederico Mira George

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017





"Estar-se alinhado com a respectiva assinatura de alma deveria ser a coisa mais natural do mundo. E, contudo, para tantos de nós é uma luta. Tantos de nós não temos consciência sequer da existência da nossa assinatura de alma. Humanos que somos, e cheios a transbordar com um complexo torvelinho de emoções humanas, temos tendência a rejeitar o nosso verdadeiro chamamento. Não o percebemos. 

Pare e faça-se esta pergunta: será possível que, algures pelo caminho, tenha assimilado a mensagem - quer veiculada pela sua família, pela sociedade, ou por sua própria insegurança - de que não é suficientemente bom?

Viramos as costas à essência de quem somos no fundo.

E, ao fazê-lo, passamos directamente para a experiência de sofrimento e escassez. Desligamo-nos da nossa mais verdadeira fonte. Tornamo-nos pequenos passarinhos abandonados no ninho - ainda não plenamente formados, num estado enfraquecido, incapazes de nos alimentarmos a nós próprios, incapazes de voar. Mas quando somos capazes de aceder e habitar a nossa assinatura de alma própria e única, tornamo-nos completos. A aceitação de tudo o que somos permite à nossa assinatura de alma amplificar-se à sua expressão máxima. Isto ocorre sob a forma de uma série de subtis mudanças. A maior parte de nós não o experimenta como uma exploração de fogo de artifício. Em vez disso, é algo suave e surpreendente. No momento em que somos capazes de nos conectarmos conscientemente com a nossa assinatura de alma - no momento em que paramos de resistir à verdade da nossa natureza -, as nossas vidas começam a mudar de formas que não podemos sequer vislumbrar.

Todos nos rejeitamos a nós próprios de alguma forma - rejeitámos a nossa assinatura de alma. Todos passámos tempos dolorosos e solitários. Isto faz parte do natural fluxo e refluxo por que toda a gente passa na vida. Nascemos para a nossa assinatura de alma. Quando adolescentes, frequentemente rebelamo-nos contra ela. Quando jovens adultos, rejeitamo-la por que acreditamos na nossa própria omnipotência. Procuramos amor e aceitação em todos os lugares errados. Eventualmente, desistimos desse jogo e começamos a abraçar quem somos, como somos. Começamos a abraçar a energia que nos criou. Ao fazê-lo, a vida manifesta-se para nós a todo e qualquer nível.

Afinal de contas, uma altura chega em que finalmente tem de ser suficientemente bom para si.

Você ser você é a benção.

Você ser você é o milagre.

Você ser você é suficiente.

Você ser você é a sua assinatura de alma." - Panache Desai