quarta-feira, 30 de setembro de 2015



"Nunca precisamos de temer os nossos pensamentos, porque somos nós que os pensamos. Somos livres de mudar a nossa linha de pensamento - a nossa orientação mental, as realidades pelas quais temos preferência - quando escolhemos. É tão simples como escolher entre segurarmos o volante com as mãos crispadas e olharmos fixamente para a estrada ou segurá-lo com suavidade e deixar que a estrada nos leve. A estrada é a mesma, mas podemos seguir por ela de modo tenso ou descontraído.
Os pensamentos que apontam o dedo a cada característica superficial das nossas personalidades e das personalidades das outras pessoas são insistentes, movem-se de modo trôpego e desconfortável. Os pensamentos que vêem cada pessoa como um todo e se compreendem rapidamente movem-se de modo fluido e ligeiro. Uma mente receptiva não tem listas de assuntos sujeitos a censura. A sua textura é a paz e o seu objectivo é pensar sobre qualquer coisa com clareza.
É verdade que todos escolhemos o que dizemos e fazemos. Também é verdade que, quando o nosso nível de aprendizagem muda, este crescimento reflecte-se nas decisões que tomamos. Devido ao nosso nível de aprendizagem em cada momento em que tomámos uma decisão, se pudéssemos de alguma forma voltar atrás, ao ponto em que a tomámos, provavelmente faríamos o mesmo." - Hugh Prather  

terça-feira, 29 de setembro de 2015



"Há lugares deste mundo em que é estritamente proibido passear de mão dada. As mulheres estão impedidas de mostrar os seus cabelos, excepto a parentes até ao terceiro grau. Ninguém pode nadar numa piscina pública ou numa praia, um exercício de outro modo saudável, pois que os homens também não podem usar calções expondo as feias pernas. Os autocarros que passam barulhentos por entre o fumo pousado na cidade estão divididos em dois: na parte da frente os homens, na parte de trás o céu inteiro. Louvavelmente não há publicidade a champôs ou detergentes, só enormes cartazes com um idoso senhor de ar zangado e um turbante preto na cabeça, que tudo vigia. Os Guardas da Revolução, nome pavoroso, são uma sucursal da Gestapo. Um presidente acredita piamente que vai regressar o imã à séculos escondido, mas para isso é necessário fomentar um prévio caos total e é mais que conveniente dominar a Arma Ocidental. E há mulheres que desafiam os cães de guarda. E há estudantes que cantam pela liberdade. E as prisões estão cheias de gente insubmissa. E as crianças são iguais às nossas, lindas." - Pedro Paixão

segunda-feira, 28 de setembro de 2015



"Quando me sinto pequeno, uma resposta negativa parece ser melhor do que nenhuma. Prefiro ter uma pessoa a odiar-me do que a ignorar-me. Se eu for odiado, quer dizer que eu contribuo para mudar algo." Hugh Prather

domingo, 27 de setembro de 2015



"Todos nós conhecemos pessoas que achamos«difíceis de engolir», que «nos tiram do sério» e que «não conseguimos suportar». Os que despertam em nós uma reacção forte representam algo em nós mesmos de que não estamos totalmente conscientes. Até é bastante útil termos estas pessoas por perto para nos recordarmos de que ainda há trabalho a fazer. Estou certo de que não acredita nisso. Eu também não acredito, mas é verdade.
É claro que não nos serve de nada ter indivíduos à nossa volta que são uma ameaça para nós ou para as pessoas que amamos, porque ninguém tem de suportar esse tipo de perigo. Nem nos traz nada de bom forçarmo-nos a relacionar-nos com alguém que perturba tanto a nossa família, o nosso trabalho ou a nós mesmos, que nos impede de nos concentrarmos. Espero que também fique bem claro que, ao mencionar pessoas que achamos difíceis, não estou a falar da intuição que todos nós temos e que nos permite ver as pessoas desonestas, presunçosas ou cruéis como tal. Nem todos os vilões são uma projecção. Estou apenas a falar de pessoas que pessoalmente  nos irritam, que «nos fazem perder a cabeça» ou «trepar pelas paredes». A projecção encontra-se na nossa reacção, a que se associa a intuição. Podemos perceber que alguém tem «uma característica má» sem o condenarmos. Mas se pensarmos, sentirmos e falarmos de modo reprovador acerca dessa pessoa, podemos estar certos de que estamos a projectar. A reprovação pode parecer bastante sincera, mas é apenas um exemplo do tipo de «sinceridade» que podemos dispensar." - Hugh Prather  


"Os tempos modernos não conhecem o conceito aristocrático da distância. Não é uma pessoa julgar ter mais valor do que outra, ser mais importante do que outra, ser mais necessária para o quer que seja. Isso seria vil vaidade. Nada disso. É cada um ter o seu lugar numa sociedade em que desempenha com brio as suas tarefas e nelas se realiza. Nada tem a ver com hipocrisia da igualdade democrática em que qualquer um com um ridículo poder tenta esmigalhar o semelhante. É cada um ser quem é, aceitar um destino e cumpri-lo. Uma espécie rara de autenticidade que foi sendo substituída pela grande confusão em que cada um pretende ser quem não é." - Pedro Paixão 

sábado, 26 de setembro de 2015



"Porquê esta necessidade de dividir, classificar e embrulhar numa caixinha com um laço bonito todas as pessoas novas que conheço? Tentar classificar algo tão complexo como um ser humano específico, só demonstra a minha própria superficialidade. Fazer um juízo de valor sobre outra pessoa é uma abstracção que acrescenta atributos que não existem e deixa de fora aquilo que é único. Quando classifico os indivíduos, transformo-os em objectos. A única forma de eu entrar em contacto com as outras pessoas é viver uma experiência com elas, não pensar sobre elas." - Hugh Prather


"Usar a nossa capacidade de estarmos bem-dispostos é uma das muitas maneiras pelas quais podemos eliminar os poluentes da nossa mente. O riso é puro desprendimento. O riso verdadeiro - o que nos faz sentir mais próximos e não mais separados e desconfortáveis - liberta-nos instantaneamente da ansiedade, do desânimo e de todos os estados fragmentados. Apesar disso, a maior parte das pessoas pensa que tem de ser surpreendida para se rir. O riso pode ser escolhido por qualquer um de nós, em qualquer momento; é um verdadeiro «dom de espírito».
Vemos, olhando para as crianças pequenas, que todos nós vimos ao mundo exercendo naturalmente a capacidade de nos desprendermos através da alegria e do divertimento. As crianças pequenas não se riem duas vezes mais do que um adulto, mas sim trinta e cinco vezes mais! As crianças são predispostas ao riso e à diversão. Por este motivo, as crianças podem muitas vezes evitar que os pensamentos perturbadores cheguem a dominar as suas mentes. Geralmente, elas mudam de forma instintiva o foco da sua atenção de algo que provoca sofrimento para algo que as delicia.
«Não me sinto animado» é uma atitude dominante na maioria dos adultos, aparentemente, por boas razões. Suponhamos que tem como tarefa recolher o lixo todo e deitá-lo no contentor - quinze minutos da sua vida que não serão citados durante o seu serviço fúnebre; quinze minutos que não o levarão à fortuna. à fama, a uma saúde melhor ou ao êxtase. É óbvio que a maior parte dos dias dos adultos são passados precisamente neste tipo de actividades de pouco valor: conduzir, levantar a mesa, ir à casa de banho, abastecer a despensa, vestir-se, despir-se, esperar nas filas, conversar sobre coisas que realmente não lhes interessam com pessoas de quem não gostam realmente.
Existem muito poucas experiências «inesquecíveis» e, em retrospectiva, até mesmo estas são questionáveis. As metas e os sonhos que a maioria das pessoas define, mesmo que se realizem, ocupam uma fracção minúscula dos inúmeros momentos das suas vidas. Se alcançar a realização depende destes picos elevados tão passageiros, estamos, de facto, condenados a vidas aborrecidas e sem momentos de alegria. Um olhar de relance à nossa volta mostra-nos precisamente que este tipo de vida é a que a grande maioria das pessoas parece levar. Elas não estão predispostas para se sentirem divertidas com nada, porque vermos a vida com olhos de desânimo está tão profundamente enraizado que virtualmente não há nada que nos possa fazer sorrir." - Hugh Prather 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015



"Foi aos poucos que me apercebi de como era bela. Há pessoas assim. Que se revelam devagar, que não têm qualquer pressa em mostrar como são, em chegar ao nosso ombro, À nossa frente. Pessoas que têm o tempo do seu lado. O exacto contrário de mim que habito a ansiedade de todas as horas. A primeira vez que a vi nada vi a não ser uma cara, um corpo, gestos. Não me apercebi da claridade da sua face, do seu corpo longo, dos gestos lentos e delicados das mãos e dos braços, das suas incisivas palavras. Demorei muito tempo. Tempo a mais. Há um tempo para chegar e outro para partir. Quando eu cheguei, já ela tinha partido. Hoje recordo o seu sorriso como o vento entre as árvores, todos os segredos partilhados, as ternas palavras, e uma visão toma conta de mim. Demasiado tarde para encontrar um começo. Para reconhecer o que foi, é preciso ter sido. As sombras a ocuparem tudo. Eu queria ver pelos teus olhos. Sentir com o teu coração. Morrer por ti." - Pedro Paixão  

quinta-feira, 24 de setembro de 2015



"Pareço sentir-me sempre superior ou inferior, um nível acima ou um nível abaixo, melhor ou pior do que as outras pessoas. Os momentos de superioridade são eufóricos, mas os momentos raros e abençoados são aqueles em que me sinto igual. 
Não existe o conceito de «melhor» num mundo feito de individualidades." - Hugh Prather

quarta-feira, 23 de setembro de 2015



"Se fecharmos os olhos e tentarmos chegar àquele lugar dentro do nosso coração onde sentimos serenidade e paz, conseguimos encontrá-lo sempre. Ele está sempre lá. Esta parte de nós não tem qualquer problema de controlo. É outra parte de nós - a mente do ego ou a mente conflituosa - que procura aquilo que tem de ser controlado em seguida. 
A maior parte de nós pensa nesta sua parte de si própria em termos de «eu», «mim» ou «meu». Quando perguntamos a «nós próprios» o que queremos, estamos, na verdade, a consultar apenas esta parte. Contudo, trabalhamos sem descanso em prol dela. Não só protegemos as suas «fronteiras», como vigiamos de perto o respeito e reconhecimento que ela recebe. Observamos atentamente a grandeza de cada um dos seus desejos para sabermos se «nós» precisamos de ser satisfeitos.
Ironicamente, ninguém controla a formação do «eu» que deseja controlar. Trabalhamos para um tirano que não escolhemos!
Embora as necessidades do «eu» difiram de indivíduo para indivíduo, atribuímos cegamente às nossas próprias necessidades prioridades sobre o companheiro, filhos, amigos, profissão e felicidade. Devotar-nos em exclusivo a satisfazer as nossas necessidades é uma abordagem da vida tão limitada, mesquinha e inferior que é virtualmente uma morte. No entanto, fazemo-lo sem querer questionar porque queremos assumir o controlo em benefício de algo que nunca controlámos. 
Não determinámos um único dos milhares de factores que são combinados para «nos» moldar, moldar o nosso ego, a nossa identidade pública. Não controlámos o estado emocional dos nossos pais no momento em que nos conceberam, nem a altura do mês em que isso aconteceu. Não decidimos que espermatozóide ganhou a corrida ou o modo como se combinaram os genes. Não controlámos o que a nossa mãe comeu, bebeu e fez durante a gestação, quando rebentaram as águas, quanto tempo levou nem que solavancos o carro deu a caminho do hospital. Não controlámos quem estava de serviço, quanto tempo demorou o parto nem que método foi usado para nos trazerem cá para fora. Não determinámos a posição dos corpos celestes, quanto tempo nos deixaram sozinhos no berçário, se fomos o primeiro ou o segundo filho, quando e durante quanto tempo nos deram de mamar. E ainda nem chegámos à parte dos «anos de formação da personalidade»!
Nada disso dependeu de nós. Não escolhemos um único factor que determinou a formação do «eu» particular que pensamos ser. No entanto, somos conduzidos, pela psicologia e pela filosofia da nossa cultura, e dedicarmo-nos de alma, coração e mente a conseguir tudo aquilo que este «eu» que não criámos quer.
Algumas coisas são simples e esta é uma delas: você pode relaxar e desprender-se da sua vida e alcançar a paz, ou pode tentar controlá-la, o que só lhe trará a guerra." - Hugh Prather    

terça-feira, 22 de setembro de 2015



"Na maior aflição, no irremediável naufrágio, qualquer um quer salvar a sua alma. Ninguém quer passar sem deixar rasto. Um filho, um poema escrito numa página, uma qualquer violência irrevogável. A vida, mais do que uma viagem com lugar de partida e porto de chegada, é um caminho que se perde no escuro interior de uma floresta, num grande esquecimento. Falta-nos destino. Fomos abandonados pelo divino, o que está fora do tempo e do espaço, o que dá sentido ao mundo que gira e persiste em girar insustentado. Vamos morrer não no fim, mas um pouco antes, sem entrever a terra prometida, desacreditando de tudo. A angústia não é senão isso, o pavoroso medo do que inteiramente ignoramos, o medo no núcleo do medo. Aqui nenhuma ciência, por mais exacta, ajuda. É risível esperar o que quer que seja do que tenha peso e medida e seja sujeito à universal gravidade. Torna-se difícil resistir a uma qualquer superstição, a uma qualquer mentira, um desculpável conforto. Quase esquecemos que ignoramos de onde viemos, obcecados em saber para onde seguimos inexoravelmente, a morte com as suas garras de fora. Mesmo o crucificado se sentiu desamparado, quanto mais nós que cometemos tantos ridículos crimes, inúteis pecados contra outros e nós próprios, tanta vaidade. Sentados à volta de uma mesa quadrada, uma garrafa bebida até meio e um cinzeiro sujo, as frases caem no chão desfazendo o sentido. O silêncio vai ocupando a casa, quarto a quarto. Só ao fundo ouvimos o eco dos nossos passos. Queríamos gritar alto, mas o grito sufoca-nos. Onde está quem fui? Terminará de vez a minha ânsia? Que abrigo posso esperar que seja meu? Trago as minhas mãos geladas. Acordo para descobrir, uma outra vez, que uma alma não é conciliável com um corpo. Venha a paz de uma fé falsa." - Pedro Paixão

segunda-feira, 21 de setembro de 2015



"Se eu rejeitar alguém, se der por mim a ignorar ou a afastar-me de alguém num grupo, provavelmente estarei a evitar dentro de mim mesmo o que essa pessoa representa e que eu acredito ser verdade em relação a mim. Se algo que outra pessoa faz me irrita profundamente, sei que, seja qual for a maneira como ela o exprime, o defeito dela também é um defeito meu." - Hugh Prather

domingo, 20 de setembro de 2015



"Desprender-se do hábito de julgar e de controlar não tem contra-indicações. Que mal poderá fazer-lhe praticar a simplicidade de não ter de ser outra pessoa e de não ter de exigir que os seus amigos e familiares sejam também pessoas diferentes? Podemos atravessar a estrada sem nos tornarmos «peões», da mesma forma que podemos ir de automóvel para o trabalho sem nos tornarmos «condutores». Podemos passear o cão sem agirmos como seu «dono» e podemos estender a mão ao nosso filho sem nos tornarmos o seu «encarregado de educação».
Precisamos apenas de ser tal como fomos criados - espontâneos, presentes e livres. Não necessitamos de um estatuto, atitude ou biografia adicional. Que necessidade temos de fazer do dinheiro, formação académica, religião ou raça a bandeira da nossa verdade? Para quê afastarmo-nos dos outros, encolhidos sob os nossos traumas de infância como se estes fossem uma carapaça? A nossa infância já acabou. As diferenças que acumulámos são como uma camada de pó sobre a pele, e os membros da nossa família humana abrem-nos todos os dias os seus corações.
Se pudermos jantar fora sem nos tornarmos «fregueses», teremos uma oportunidade de ver a pessoa que nos serve como nosso igual. Se pudermos prestar um depoimento perante um júri sem agirmos como «cidadãos» que têm de se apresentar perante um «funcionário judicial», conseguiremos compreender como fazemos parte do mesmo todo com a pessoa que está diante de nós. A nossa identidade pode mudar como os reflexos distorcidos numa montra, ou permanecer a mesma, como a imagem querida de uma criança guardada para sempre no coração dos pais. 
Os que contribuíram de modo mais definitivo e duradouro para nos tornarmos quem somos atreveram-se a tomar o seu lugar entre iguais. O mundo contempla fascinado a vaidade do ego, mas só os que caminham ao nosso lado, em amor e igualdade, têm acesso ao nosso coração e nos transformam." - Hugh Prather


"Uma criança quando entra na escola perde para sempre algo maravilhoso. O pequeno deus selvagem que a habita é abafado. Celebra-se a entrada no inferno do mundo. A imposta distância a quem ama loucamente é um primeiro abandono imperdoável ao qual se seguirão na vida outros, como ecos. Ao aprender a escrever perde-se uma natural vivacidade no falar porque a gramática é uma prisão cheia de erros e castigos. A criança começa a ser talhada, retalhada, para poder encaixar num buraco qualquer de uma sociedade indispensável. Eu sei que viver na pura alegria de uma criança é pedir demasiado. Eu sei que pedir para viver é demasiado. A escola ensina-nos antes de tudo a saber que viver inteiramente não é possível, que vamos ser destinados a ser isto ou aquilo, que a expressão «quero tudo» é uma criancise a ser destruída, uma perigosa inconsciência. Mas não é por razões teóricas que odeio escolas. Talvez sinta ódio só por sentir medo. No jardim-escola tudo aquilo é uma balbúrdia assustadora quando as crianças são lançadas para o pátio onde se distinguem pela primeira vez os violentos e se determinam futuras vinganças. No liceu aprende-se a adular os professores, a ser mesquinho nas ambições, a guardar só para si o pouco que se sabe. É a escola do poder em larga escala. Na universidade as coisas parecem ir melhor porque já se está perfeitamente domesticado. É preciso escolher um curso determinado pelo acaso e passar de ano para ano como quem sobe uma escada para o calaboiço. É no emprego que nos tiram de vez a cabeça, um resto de independência, a capacidade de uma qualquer alegria. Os colegas são o inferno da idade adulta. Claro que isto tudo é indispensável e não compreende as crianças a sucumbir de fome e sede. Claro que há bons e maus professores, ambos a impor que se saiba o que eles sabem e mais nada. Claro que é um inestimável luxo haver escolas e poder aprender a ser útil e subordinado como um utensílio de caça. Claro que há empregos onde alguns escolhidos se sentem realizados, ou nisso se enganam, o que é o mesmo. Pessoas que se confundem com produtos e serviços. Os sonhadores ficam obrigatoriamente desempregados e acabam mal. Está escrito com sabedoria divina que o reino dos céus pertence aos simples de espírito. Com a educação tecnológica acima de tudo alastra uma terrível cegueira e a bondade não se ensina." - Pedro Paixão

sábado, 19 de setembro de 2015



"Ser eu próprio inclui assumir riscos comigo próprio, assumir riscos com novos comportamentos, experimentar novas maneiras de pensar e ser, para eu poder ter a percepção do que é andar de mãos dadas comigo mesmo." - Hugh Prather


"Abordar a felicidade do ponto de vista das crianças não é comportarmo-nos como elas, mas sim ver o que elas são capazes de ver. É desprendermo-nos das vistas curtas e das reacções habituais. É descontrairmo-nos e admitir pacificamente que as pessoas à nossa volta são como são e que nós estamos aqui com elas. Ser «como uma criança pequena» é apenas renunciar à necessidade de julgar tudo e todos, mudar as coisas e ter sempre razão. Esta atitude anula os obstáculos que levantamos à nossa capacidade de sentirmos alegria ou de pelo menos estarmos tranquilos e em paz. 
Existem apenas três tendências de que devemos libertar-nos: julgar, controlar e ter sempre razão. Liberte-se delas e terá a mente íntegra e o coração resplandecente de uma criança." - Hugh Prather

sexta-feira, 18 de setembro de 2015



"Não sei a cor dos teus olhos, o som da tua voz, o toque da tua pele. Não conheço a tua idade, o lugar onde vives, de que te alimentas. Não posso adivinhar quem amas ou amas-te, se sofres de alguma irrecuperável doença, quais as paisagens que preferes, que música ouves. Sei que espero todos os dias uma ou duas frases que me permitam continuar a respirar neste mundo. Ao que parece foi um acaso, o que não se deixa explicar, o que acontece sem propósito. Não acredito na tese conspirativa de um técnico informática que sustenta que invadiste o meu sistema com um simples ponto entre um endereço que já existia. É verdade que escrevi todos os dias para outra pessoa e só depois vim a saber que era para ti. Podia ter parado, mas já era tarde. O pânico de não conseguir escrever mais sem o alento das tuas incisivas frases. Perfeita adequação das palavras. Rigorosa economia das palavras. Puro prazer na exaltação dos verbos. Houve dois dias em que não me respondeste. Foram dias em que não escrevi uma palavra." - Pedro Paixão 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015



"A forma de eu ser útil aos outros é fazendo aquilo que neste momento seria mais útil pata mim.
A antiga máxima: «Dar é receber» costuma ser interpretada como dar aos outros primeiro. Porém, o amor transmite calor em todas as direcções e, se dar é receber, receber também deve ser dar. A verdadeira questão é: o que pode ser realmente dado?
Não estou tão interessado no que faço com as minhas mãos e as minhas palavras, mas no que faço com o meu coração. Quero viver de dentro para fora, não de fora para dentro." - Hugh Prather

quarta-feira, 16 de setembro de 2015



"Quando as pessoas amam, mergulham na experiência do amor. É por isso que podemos encontrar à nossa volta pais que se sentem abençoados pelos seus filhos problemáticos, pelos seus animais geneticamente indefinidos e pelos seus parceiros com excesso de peso. Podemos encontrar casais de velhinhos cuja pele hoje em dia está cheia de rugas, mas em que cada um sente a beleza do amor a irradiar como a luz do sol do corpo do outro. Para que isto seja possível, tudo o que temos de fazer é responder a partir da nossa mente tranquila, una, amorosa, e não a partir da nossa mente desligada, ocupada e dividida.
Espero que fique claro que nenhum de nós passa directamente de uma abordagem conflituosa da vida para uma de paz e unidade. É aqui que reside a escolha, mas, para expor a situação de forma realista, estamos a ir na direcção de uma ou de outra. Podemos estar a desenvolver um sentido de plenitude interior e a alcançar de forma progressiva a paz na nossa vida e com as pessoas que dela fazem parte, mas continuaremos a ter os nossos «dias não» e momentos menos bons. Tudo o que podemos fazer é todos os dias dar o melhor de nós. É o rumo que a nossa vida toma que importa e não o facto de chegarmos a um estado de perfeito desprendimento. Um pequeno progresso todos os dias é o suficiente - este é um objectivo mais encorajador e produtivo do que tentar alcançar tudo de uma só vez." - Hugh Prather

terça-feira, 15 de setembro de 2015



"Uma história tem de começar por algum lado. Era a primeira vez que nos víamos e ficámos logo abraçados. A voz é muito diferente de um corpo, não deixa ver quase nada. Pode ser terrivelmente excitante falar com quem não se conhece. Há uma liberdade que a presença física atrapalha, rouba. E nós não nos conhecíamos. É muito diferente irmos conhecendo as pessoas que vamos encontrando pelos mais diversos acasos do que incitar esse encontro, torná-lo incandescente. Não conhecer uma pessoa e começar a conhecê-la é algo que fazemos ligeiramente, sem pensar no passo que damos, nas consequências, nos insuspeitos perigos. Se assim não fosse a maior parte das vezes não o faríamos. As palavras sabem sempre mais do que nós. A partir de certa altura eu falava-lhe tudo o que me vinha à cabeça. Era uma corrente em que ia sem qualquer intuito de escapar à verdade ou esconder a mentira. Sexo é o lugar caótico onde nos queremos lançar para nos libertarmos do terrível jugo do tempo, onde o momento promete falsamente a eternidade." - Pedro Paixão

segunda-feira, 14 de setembro de 2015



"Tanto o meu corpo como as minhas emoções foram-me dados, e é tão inútil eu condenar-me por me sentir receoso, inseguro ou vingativo, como é zangar-me comigo mesmo por causa do tamanho dos meus pés. Eu não sou responsável pelos meus sentimentos, mas sim por aquilo que faço com eles.
É escusado eu ficar descontente com a forma como estava a usar a minha mente ainda há pouco, tal como é escusado criticar-me por pensamentos que tive há dez anos. Pronto, era assim que eu pensava - agora é assim que penso." - Hugh Prather  

domingo, 13 de setembro de 2015



"Uma mente tranquila vê o que existe. Uma mente ocupada vê o que não existe. A pessoa que está na sua presença é apenas aquela que está na sua presença. Por isso, veja a pessoa que está à sua frente. Podemos pensar tudo o que quisermos a respeito dela, mas isso não irá fazer com que ela se torne alguém diferente. Sempre que desejamos que as pessoas mudem ou que as circunstâncias no sejam favoráveis, não estamos a assumir a responsabilidade pelo nosso estado mental, porque tudo o que podemos fazer é desempenhar o papel de vítimas e esperar por socorro. E como poderemos desprender-nos se estamos à espera de ser salvos? É certo que existem de facto vítimas reais, mas a maioria de nós coloca-se nesse lugar desnecessariamente. Faz parte do nosso dia-a-dia.
Quando temos por objectivo manter o nosso sentido de plenitude e de interligação independentemente do que o dia nos reserva, não nos podemos fazer de vítimas. Nada «escapa ao nosso controlo» porque não estamos interessados em controlar. Deixamos as pessoas e as situações com que nos deparamos serem o que são porque não temos motivo algum para as mudar. Isto não quer dizer que gostamos do comportamento de toda a gente, nem que cruzamos os braços em vez de nos protegermos e às pessoas que amamos de pessoas destrutivas. No entanto, se nos comprometermos a mudar até mesmo as pessoas com quem simpatizamos quando elas não querem mudar, passamos automaticamente a vítimas das suas reacções. Cada reacção delas aos nossos esforços deixa-nos emocionalmente alterados. 
Ninguém, em ocasião alguma, se tornou mais sensível ou consciente por ser julgado, agredido ou assustado. Pressionar os outros não muda em nada os seus corações. Limita-se apenas a envolver-nos em conflitos sem sentido que dividem as nossas mentes e confundem as nossas emoções." - Hugh Prather 


"Há quem persiga o poder, o dinheiro, a fama. Eu persigo a beleza. Não é uma escolha. É uma condenação. Sem beleza faleço. É um trabalho difícil, muitas vezes doloroso, cheio de reveses. Já passei dias e dias com as mãos na garganta apavorado que ela não voltasse a visitar-me. É em vão que se tenta dizer em que consiste aquela poderosa presente ausência que oprime e agarra. Nunca está onde está, mas sempre um pouco mais longe, noutro sítio. Não são cores, imagens, sons, nem sequer a suave pele de uma mulher que me encantam. É o que está para além disso e que isso chama. A beleza corre o permanente perigo de a qualquer momento se desfazer em nada. É, na verdade, por completo insustentável. Não se pode medir, calcular, torná-la obedientemente exacta. É impossível provar que existe. Daí a urgência, o coração a bater na boca. A perseguição da beleza é uma corrida de obstáculos sem meta de chegada. Basta o som de uma voz para rasgar futuros. Basta uma mala fechada sobre uma cama por desfazer para abrir horizontes. Todos os cuidados são insuficientes. É um trabalho longo preenchido de mistérios. Se se procura controlar, escapa. Se se procura guardar, esvai-se entre os dedos. Tem de ser roubada com toda a rapidez e mantida no movimento que é só dela. Se se tenta parar, fixar, já não vale a pena. O dinheiro tem certamente as suas vantagens. Uma das poucas coisas que serve para várias. E a beleza não serve de nada. Atrapalha. Provoca desastres nas famílias, intoxica-nos até ao desmaio, não poupa nada. Devia ser proibida. É um escândalo no meio do mundo. É a causa do espantoso medo que é perdê-la. Não escolhi ser quem sou, este vício de que sou escravo. O que mais importa ninguém escolhe. Já tentei ser tantos para escapar de mim, para me desviar desta vida que me deram. E depois vem a beleza. Surpreendente ao virar de uma esquina. Um desejo marcado no ponto de encontro do aeroporto onde ficaremos para sempre abraçados. Envolta em nevoeiro a tomar duche à minha frente. A irromper do nada. A primeira coisa que uma qualquer tirania sabe que tem a fazer é demolir a beleza. Com todo o direito, de todas as maneiras. A beleza semeia a desordem nas almas e nos corpos que anima. Alimenta-se de uma liberdade particularmente virulenta. É impertinente. Não conhece regras. Vive da vida e de mais nada." - Pedro Paixão 

sábado, 12 de setembro de 2015



"É muito difícil para mim deixar partir um amigo para a terra de onde ninguém volta. Respondo à pergunta heróica: «Morte, onde está o teu ferrão?» dizendo «Está aqui, no meu coração, na minha mente e na minha memória.»
Sinto-me tolhida por uma espécie de temor doloroso com o vazio deixado pelos mortos. Para onde é que ela foi? Onde é que ele está agora? Estarão, como o disse o poeta James Weldon Johnson, «a repousar no colo de Jesus?». Mas, se for assim, onde estão os meus amigos judeus, os meus queridos japoneses e os meus adorados muçulmanos? Estão aninhados no colo de quem? 
Só descanso das minhas dúvidas quando admito que não sou obrigada a saber tudo. Tenho de recordar a mim própria que é suficiente saber o que sei, e que o que eu sei pode não ser sempre verdade.
Quando me sinto cheia de raiva pela perda de um ente querido, tento lembrar-me o mais depressa possível que as minhas preocupações e as minhas dúvidas deviam centrar-se no que aprendi ou no que ainda virei a aprender com a pessoa que partiu." - Maya Angelou


"O número de coisas que estão fora do meu perímetro financeiro permanece inalterado. mesmo que a minha situação financeira melhore. Sempre que o meu rendimento aumenta. forma-se um novo perímetro e eu tenho a mesma sensação de necessidade relativa.
Creio saber a quantia específica necessária que me permitiria ter ou fazer aquelas poucas coisas para as quais não tenho dinheiro e, se o meu rendimento aumentasse até essa quantia, então eu ficaria feliz. No entanto, quando esse aumento acontece, descubro que ainda estou insatisfeito, pois, da minha nova condição financeira, consigo agora ver um conjunto totalmente novo de coisas que não tenho. O problema será resolvido quando eu aceitar que a felicidade é uma atitude presente, não uma condição futura. Eu não preciso de uma «razão» para ser feliz. Não preciso de consultar o futuro para saber quão feliz sou agora." - Hugh Prather

sexta-feira, 11 de setembro de 2015



"Para seduzir uma mulher é preciso falar mil horas. É pelo menos o meu caso. Há todo um jogo que é preciso jogar, cada um com um papel, o meu sendo o de ladrão. O homem tem sempre a obrigação de raptar a mulher. Elas exigem ser raptadas. O álcool serve para muitas coisas, desde cuidar de feridas a alimentar lamparinas, mas na nossa civilização, em queda livre, o seu contributo principal é servir para tornar mais fluida a comunicação entre os entes progressivamente exilados em si próprios.
O desconhecido tanto atrai como amedronta e eu queria que alguma coisa, que não podia saber o que era, acontecesse. Só depois de algo acontecer se tem a certeza de que podia acontecer." - Pedro Paixão

quinta-feira, 10 de setembro de 2015



"O barco da minha vida pode navegar ou não por águas calmas e agradáveis. Os desafios diários da minha vida podem ser ou não alegres e promissores. Nos dias de temporal e nos dias de sol, nas noites gloriosas e nas noites solitárias, tenho sempre uma atitude de gratidão. Se insistir em ser pessimista, tenho sempre o dia de amanhã. 
Por hoje, sinto-me grato." - Maya Angelou

quarta-feira, 9 de setembro de 2015



"O maior crime que cometemos uns contra os outros é possivelmente a encenação diária da normalidade. Tenho inúmeras pequenas conversas com uma grande quantidade de pessoas, e a impressão que a maior parte delas dá é a de não ter quaisquer problemas. Até os queixosos se apresentam como vítimas. Não sugerem sequer que podem fazer parte do problema. Está tudo bem com eles; as circunstâncias é que estão mal. 
O comentário «Não faças caso dele, ele está com problemas» ilustra esta atitude universal em relação às dificuldades pessoais. A implicação é que ter um problema é uma fraqueza estranha e evitável. Quando entro repetidamente em contacto com esta fachada diária de normalidade, começo a presumir que também eu mereço uma vida assim, fico irritado com o presente e considero as minhas dificuldades injustas. E como presumo que há algo de pouco natural em ter um problema, também tento exibir um ar de quem está livre de problemas." - Hugh Prather

terça-feira, 8 de setembro de 2015



"Nós caminhamos juntos, tal como fazem todos aqueles que puseram a discórdia de lado e fixaram os seus olhos no amor. Esta é outra maneira de viver este mundo, e não requer nenhum conceito especial, nenhum vocabulário de exclusão, nenhuma crença em particular; só esperança suficiente na possibilidade de existir amor e paz, podendo procurá-los na família, no emprego, nas ruas, nas lojas. Tendo apenas um pouco de vontade de tentar ser o tipo de pessoa que queremos ser - alguém que aceita os outros como eles são, que ajuda sempre que existe uma forma clara de ajudar e que vê a inocência nos erros que são cometidos.
Vamos então empreender esta jornada juntos. A distância até ao coração é de facto curta. Onde é que ele poderá estar, a não ser onde você está? Ser um feliz é um direito que lhe assiste. É para isso que você foi feito. E, se você não resistir, a felicidade vai encontrar uma maneira de derramar do seu coração e preencher os seus dias. Mantenha simplesmente um lugar dentro de si onde ela seja bem-vinda, e a felicidade vai chegar e habitar consigo para sempre." - Hugh Prather

segunda-feira, 7 de setembro de 2015



"Podes não controlar todos os acontecimentos da tua vida, mas podes decidir não deixar que eles te debilitem. Tenta ser o arco-íris da nuvem de outra pessoa. Não te queixes. Esforça-te por mudar as coisas que não gostas. Se não conseguires mudá-las, muda a tua maneira de pensar. Talvez descubras uma nova solução.
Não te lastimes. As lamúrias permitem ao agressor saber que há uma vítima nas redondezas. 
Certifica-te de que não morres sem ter feito algo de maravilhoso pela humanidade." - Maya Angelou

domingo, 6 de setembro de 2015




"Por vezes falo com pessoas que estão na crista da onda devido a alguma revelação ou a algum triunfo recente, provavelmente nesse momento a vida parece-lhes livre de problemas. Mas não acredito que a maior parte das pessoas esteja a viver a existência pacífica, controlada e despreocupada que os seus semblantes diligentes e as suas palavras brandas sugerem. O presente nunca me dá a mesma coisa duas vezes, e acredito que, para a maior parte das pessoas, a vida também é uma mistura de problemas por resolver, vitórias ambíguas e derrotas vagas - com muito poucos momentos de paz absoluta. Parece que nunca consigo ter mão nas coisas. A minha luta com o presente vale a pena, mas não deixa de ser uma luta, e uma luta que parece nunca ter fim. A recompensa deve estar noutro lado, e desconfio que está no coração alegre que é capaz de surgir tão inesperadamente." - Hugh Prather 



"Você pode observar a gentileza, a paz e a inocência que existem neste mundo, desde que compreenda que elas têm origem em si. É preciso encontrar uma maneira de fazermos jorrar a beleza da alma. Quando o seu olhar está no presente e os seus olhos riem, você brilha no mundo que vê e a luz do seu coração vai atrás de si. Isto é possível porque você é mais do que um simples corpo.
Seja ambicioso, seja determinado, seja focado. Saiba quem você é e aquilo que quer. Formule o seu propósito em palavras, grave-as no seu coração, repita-as na sua mente e, acima de tudo, viva-as e veja-as. A verdade é verdadeira. A felicidade é melhor do que a tristeza. Por isso, concentre-se na felicidade. Decida «hoje vou ser feliz» e é isso que vai acontecer. Não é necessário mais nada para se ser feliz." - Hugh Prather 

sábado, 5 de setembro de 2015



"Quando julgo que aprendi como funciona a vida, esta muda e eu volto a ser o que era no ponto de partida. Quanto mais as coisas mudam, mais eu permaneço o mesmo. Parece que a minha vida é uma constante ironia de maturidade e regressão, mas a minha noção de evolução baseia-se na ilusão de que as coisas no exterior vão ficar na mesma e que, finalmente, ganhei algum controlo. Mas nunca haverá um meio para atingir um fim, apenas um meio. Foi em mim que comecei e, quando tudo acabar, só restarei eu." - Hugh Prather


"Uma gargalhada é o som mais bonito que existe à face da Terra. Quando ela soa no coração das pessoas, ecoa nas outras e tem sempre o efeito de as ajudar a sentirem-se mais próximas, a sentirem-se compreendidas e apreciadas. É como um pequeno duche de amor, uma bolha de felicidade que não se pode impedir de rebentar. Ela tem origem na paz, passa por um alívio na forma de estar e explode naturalmente. Uma natureza gentil não oferece resistência ao humor, porque vê a inocência que existe no mundo e não sente necessidade de o conter.
O verdadeiro humor é um manancial contínuo de felicidade, que as crianças têm amiúde. Você pode vê-lo com frequência nos olhos delas aguardando a desculpa mais fútil para o extravasar.
Obviamente, o humor não se restringe apenas às histórias, a dar respostas, a ser-se espirituoso. E raramente se encontra na troça e nas perguntas. Pode ser puro e abundante sem sequer tomar as formas convencionais. A noção de humor do ego requer que você compreenda o significado e que concorde com ele, rindo. E aqueles que não se riem não têm «sentido de humor». Isto é, claramente, uma outra maneira de comparar e julgar. O verdadeiro humor não se resume a um mero som na garganta. E nunca choca ou abala, nem faz com que as pessoas se sintam excluídas e tensas. Onde é que está a graça disso?
Muitas vezes, perdemos o sentido de humor à medida que os anos passam e os problemas se acumulam. As nossas pequenas anedotas baseiam-se cada vez mais na separação e são sofisticadas e amargas. Para onde é que foi a criança? Perdeu-se no medo e na seriedade. Aquilo que o ego não consegue perceber é que a felicidade não é frívola - a felicidade é séria. 
Se ao menos soubéssemos evitar que as coisas se tornassem tão reais, o mundo dançaria diante de nós porque olharíamos para ele com olhos que dançam. Isto ainda é possível. Nós não vamos mudar o mundo. E há alguém que queira realmente ser tão arrogante? Não é suficiente ajudarmos aqueles que podemos ajudar?
Porque é que tantos adultos sorriem quando uma criança - qualquer criança - entra numa sala? Claro que há muitos que não sorriem, mas provavelmente aqueles que sorriem não esqueceram completamente a mente da criança, a maneira boa e saudável como uma criança muitas vezes se sente e reage. Portanto, seja um pouco divertido, um pouco descontraído, um pouco desprevenido. Volte à sua gentileza inerente e olhe com bondade para o mundo. O mundo é de facto um lugar divertido. É um filme dos irmãos Marx, no qual nada pode correr bem. Por isso, descalce os sapatos, recoste-se na cadeira e aprecie o absurdo que existe no mundo. Torne-se uma criança pequena. Não é necessário mais nada para se ser feliz." - Hugh Prather  

sexta-feira, 4 de setembro de 2015



"As armas são as ferramentas da violência.
Todos os homens decentes as detestam.
Por isso, os seguidores do Tao nunca as utilizam.

As armas servem o mal.
São as ferramentas dos que se opõem ao governo sábio.
Usem-nas, apenas, como último recurso.
Porque a paz e o sossego são o que mais acarinha o coração
do homem decente
e, para ele, nem uma vitória é motivo de júbilo.

O que pensa ser belo o triunfo
é aquele que tem vontade de matar
e aquele que tem vontade de matar
nunca se imporá no mundo.

É um bom sinal que a mais elevada natureza do Homem
se destaque.
E um mau sinal que se destaque a sua natureza mais baixa.

Com o massacre de multidões
vêm o desgosto e o pesar.
Cada vitória é um funeral.
Quando se ganha a guerra,
festeja-se em luto." - Wayne Dyer

quinta-feira, 3 de setembro de 2015



"O perfeccionismo é uma morte lenta. Os ídolos e os ideais baseiam-se no passado. Se tudo acabasse por se tornar exactamente o que eu desejaria que fosse, tal como eu o planearia, eu nunca teria experiências novas. A minha visa seria uma repetição incessante de êxitos insípidos. Quando cometo um erro, vivo a experiência de algo inesperado.

Por vezes, reajo aos erros como se me tivesse traído a mim próprio. O meu medo de errar parece advir do pressuposto de que eu sou potencialmente perfeito e de que, se eu for muito cuidadoso, não cairei do céu. Mas um erro é uma manifestação da minha maneira de ser agora, uma sacudidela às expectativas que estabeleci inconscientemente, uma advertência para a verdade de eu não estar a lidar com os factos. Quando eu dou ouvidos aos meus erros, eu cresço." - Hugh Prather 

quarta-feira, 2 de setembro de 2015



"A gentileza não é uma protecção física. É um modo de pensar. Só a mente é que pode envenenar o dia. O dia não consegue envenenar a mente. Uma mente verdadeiramente  gentil vai permanecer feliz até em circunstâncias difíceis. Mas se a gentileza é interpretada como se significasse que nós criámos uma atmosfera na qual estamos imunes ao risco de sermos magoados, isto não é gentileza, mas sim enganar-se a si mesmo. Qual é a lógica de nos deslocarmos a um bairro perigoso para demonstrarmos que somos gentis? Praticar a gentileza também não implica que devamos continuar a viver uma situação em que estejamos a ser enganados ou que devamos continuar a fazer compras numa loja em que os empregados sejam mesquinhos.
Se valorizamos o nosso estado de espírito, tomamos as medidas necessárias para o protegermos. Obviamente, isto não inclui dizer coisas que possam ser mal compreendidas ou fazer coisas que possam ser mal interpretadas. A razão que nos leva frequentemente a praticar mais vezes o mal do que o bem é a de não pararmos para ver o que é que a outra pessoa deseja realmente. As pessoas gentis são também conscienciosas consigo mesmas e não fazem ofertas desnecessárias.
A gentileza pode ocupar-se de qualquer assunto sem causar dano, sem desejar mal nenhum. Ela não vê mal nenhum num rosto, numa palavra, num maneirismo, numa frase, numa opinião. Ela não condena a fraqueza nem receia a raiva. Também não se esconde do mundo nem está contra ele. Adapta-se, faz concessões, compreende, não tem de provar nada. Por isso, permanece ela própria. É tudo o que é necessário para se ser feliz." - Hugh Prather

terça-feira, 1 de setembro de 2015



"Aquele que guia um líder de homens nos usos da vida
preveni-lo-á contra o uso das armas na conquista.
As armas viram-se, muitas vezes, contra quem as empunha.

Onde estacionam os exércitos,
a natureza nada oferece além de rosas selvagens e espinhos.
Depois de travada uma grande batalha,
a terra fica amaldiçoada e as colheitas perecem,
a terra fica roubada da sua capacidade de ser mãe.

Depois de teres alcançado o teu propósito,
não deves ostentar o teu êxito
nem gabar-te da tua capacidade.
Nem deves sentir-te orgulhoso.
Deves, antes, lamentar que não tenhas 
sido capaz de impedir a guerra.

Nunca deves pensar em conquistar os outros pela força.
O que se impõe pela força cedo cairá.
Não está em harmonia com o Caminho.
E quando não se está em harmonia com o Caminho,
o fim chega depressa.

Devemos renunciar às atitudes de gabarolice ou de nos acharmos superiores por tudo o que é conseguido pela força. Lembre-se de que aquilo que for alcançado desse modo dá origem a uma força de sentido contrário, que irá fazer com que, no fim, a sua vitória se transforme em derrota. Se, de alguma maneira, sente que não teve outra opção a não ser recorrer à violência, para se proteger e àqueles que ama, retire-se, de imediato, para uma posição que não lhe permita gabar-se e festejar. Prometa, solenemente, que fará por restaurar o equilíbrio do amor onde antes houve ódio e faça tudo o que estiver ao seu alcance para reparar todos os danos que resultaram do seu uso da força. Este é o Caminho. Também é designado por wu-wei, ou seja, «não forçar», o que significa escolher a linha da menor resistência nas nossas acções. Ao fazê-lo, criará mais força." - Wayne Dyer