sábado, 31 de outubro de 2015



"Se pudesse ter uma vida paralela, gostaria de ter a vida de um caracol, carregando comigo a casa e plantando-a onde houvesse sol e silêncio, onde houvesse mar e espaço, onde houvesse tempo e distância. Onde houvesse essa improvável e louca hipótese de ser feliz fora do mundo." - Miguel Sousa Tavares


"«Ando à procura de amor. Como posso encontrar o tipo certo de amor? Ele existe mesmo?» Respondi de imediato. «Deixe de procurar o tipo certo de amor. Seja o tipo certo de amor.»
O que é preciso para se ser a resposta certa, o que significa encontrar o amor interior? É preciso ausência de medo. Não é preciso procurar o amor. Assim como o ar que respiramos, o amor existe como parte da Natureza; é um dado adquirido. Todavia, à semelhança de qualquer aspecto do nosso "eu" nuclear o amor pode ser mascarado. De facto, o amor externo é muitas vezes irrelevante. Alguém que esteja deprimido e ansioso, ou que tenha uma personalidade nociva, não reagirá facilmente (e às vezes não reagirá de todo) a gestos amorosos de outra pessoa. Para descobrir o amor devemos conseguir ver-nos como pessoas passíveis de ser amadas. O "eu" nuclear assume uma perspectiva simples - "Eu sou amor" -, pois na fonte é isso exactamente que somos. Num mundo de valores conflituosos, esta afirmação simples torna-se confusa e complexa. A névoa da ilusão cria medo. Retire-se o medo e o que resta é amor." - Deepak Chopra

sexta-feira, 30 de outubro de 2015



"A questão não é não existirem acidentes, não existir o mal, a deformidade, a mesquinhez, o ódio. A questão é que existe uma perspectiva mais alargada. O mal existe na parte. A perfeição existe no todo. O pecado é ter vistas curtas. E eu posso optar por essa perspectiva mais alargada - não que eu o vá fazer sempre -, mas tenho sempre a possibilidade." - Hugh Prather

quinta-feira, 29 de outubro de 2015



"O que é preciso para nos sentirmos seguros num mundo incerto que se encontra para além do nosso controlo? A resposta dos grandes sábios e mestres baseia-se no axioma fundamental de que a dualidade é insegura e a integralidade segura. Esta é uma das grandes lições esquecidas. Muitas pessoas trabalham desesperadamente para se sentirem seguras aumentando as suas defesas. Constroem muralhas que as isolam dos elementos mais assustadores da sociedade. Recheiam a sua existência com dinheiro e bens materiais. Trancam as portas e rezam para não se desencadear uma catástrofe oculta. Estas tácticas derivam de uma crença primitiva segundo a qual se o nosso corpo está livre de perigo, estamos seguros. Talvez tenhamos herdado esta predisposição; talvez ela seja adequada ao nosso modo de vida materialista. Em épocas passadas, as pessoas não se sentiam seguras a não ser que deuses, ou Deus, aprovassem as suas acções. Com esse fim, tolerariam ser pobres enquanto a religião organizada lhes dissesse que a salvação das suas almas estava assegurada.
Segundo a perspectiva moderna, a segurança é psicológica. Para estarmos seguros no mundo devemos encontrar a chave interior da segurança. Habitações, dinheiro e bens materiais são irrelevantes. De facto, algumas das pessoas mais inseguras são as que se sentem impelidas a alcançar excessos de riqueza e sucesso. A chave para nos sentirmos psicologicamente seguros é fugidia. A psicologia freudiana sustenta que a educação das crianças nos três primeiros anos determina quão seguras elas se sentirão ao crescer. A psicologia junguiana sustenta que a sensação de insegurança deve enraizar-se na psique colectiva, e especificamente na sombra, com o seu fundo partilhado de medo e ansiedade. No entanto, se considerarmos os resultados de um século de terapia, a resposta psicológica em qualquer dos casos praticamente não funcionou. Tanta perspicácia e brilhantismo a pouco mais levaram do que à ascensão do Prozac e a uma geração de terapeutas que passam a maior parte do tempo a receitar medicamentos.
Sentir-nos-emos seguros quando descobrirmos que temos um "eu" nuclear. Ele existe na nossa fonte. Dado que na fonte não há divisão, o mundo externo não pode ameaçar o interno. A ansiedade precisa de um foco externo, quer se trate da recordação de algum trauma passado ou de um medo indistinto que cria apreensão simplesmente por desconhecermos aquilo que virá a seguir. O nosso "eu" nuclear é estável e permanente; portanto, nada tem a recear da mudança. O desconhecido é necessário para a mudança. Quando fazemos as pazes com este facto o mundo transforma-se, passando de um lugar de risco constante para o parque de recreio do inesperado." - Deepak Chopra

quarta-feira, 28 de outubro de 2015



"Tinha razão em dizer que a única felicidade certa ma vida é viver para os outros...

Passei por muita coisa na vida e agora acho que descobri o que é preciso para se ser feliz. Uma vida calma e retirada no campo, com a possibilidade de ser útil a pessoas a quem é fácil fazer bem, e que não estão acostumadas a que lhes façam bem; depois descobrir o que alguém espera que sirva para alguma coisa, depois repousar, natureza, livros, música, amor pelo próximo - esta é a minha ideia de felicidade. E depois, mais importante que tudo, tu para companheira, e filhos, talvez - que mais pode o coração de um homem desejar?" - Tolstoi

terça-feira, 27 de outubro de 2015



"O amor une a parte ao todo. O amor une-me ao mundo e a mim próprio. A missão da minha vida podia muito bem ser o amor. O amor é o Universo completo. O afastamento é o Universo dividido. O afastamento separa-me de mim próprio e dos outros. O amor é a visão que consegue ver o todo como uma coisa só e uma coisa só como o todo: «Eu e o meu pai somos um só.» Existirá apenas uma realidade e uma verdade? O amor mostra-me onde se unem todas as mentes e todas as almas.
Como é que eu obtenho amor? Eu tenho-o. Tenho de abandonar as minhas definições de amor. O amor não +e dizer coisas bonitas às pessoas, nem sorrir, nem praticar boas acções. Amor é amor. Não lutes pelo amor, sê amor.
Toda a minha vida fiz disto algo complicado, mas é tão simples. Eu amo quando amo. E quando amo, sou eu próprio." - Hugh Prather 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015



"Parece estranho, mas os sentimentos têm sentimentos. Fazendo parte de nós, sabem quando são indesejados. O medo coopera escondendo-se; a raiva coopera fingindo não existir. Isto equivale a mais de metade do problema. Como podemos curar um sentimento indesejado quando ele tenta não cooperar? É impossível. Até fazermos as pazes com os sentimentos negativos, eles persistirão. A maneira de lidar com a negatividade é reconhecê-la. Nada mais é preciso. Nem confrontos dramáticos nem catarses. Sinta o sentimento, quer se trate de raiva, medo, inveja, agressividade ou outra coisa qualquer, e diga: "Vejo-te. Pertences-me." Não precisamos de nos sentir bem com o nosso sentimento indesejado. Isto é um processo. A raiva e o medo regressarão; o mesmo acontecerá com qualquer emoção profundamente oculta. Quando isso acontecer, reconheçamo-lo. Com o tempo, a mensagem passará. Os nossos sentimentos indesejados passarão a sentir-se um pouco menos indesejados." - Deepak Chopra

domingo, 25 de outubro de 2015



"É verdade que muitas pessoas criativas não conseguem desenvolver relacionamentos maduros e algumas são extremamente solitárias. Também é verdade que, nalguns exemplos, o trauma, sob a forma de separação precoce ou desgosto, direccionou a pessoa potencialmente criativa para aspectos em desenvolvimento da sua personalidade que podem encontrar realização no isolamento comparativo. Mas isso não significa que as procuras solitárias e criativas sejam em si mesmas patológicas...
O comportamento de negação/vazio é uma reacção concebida para proteger a criança da desorganização comportamental. Se transferirmos este conceito para a idade adulta, chegaremos à conclusão de que uma criança esquiva pode muito bem vir a tornar-se uma pessoa cuja principal necessidade seja a de encontrar um qualquer tipo de significado e ordem na vida que não se ficou a dever inteiramente, nem mesmo principalmente, às relações interpessoais." - Anthony Storr


"Há algo que se tornou claro para mim: todos os conhecidos são relações passageiras. Por isso, quero tirar o maior partido de todos os contactos que estabeleço. Quero aproximar-me rapidamente das pessoas com quem travo conhecimento, pois a minha experiência demonstrou-me que não vamos estar juntos muito tempo." - Hugh Prather

sábado, 24 de outubro de 2015



"Tal como a ponta de um icebergue, no mundo físico apenas é visível uma pequena parte daquilo que somos. A alma humana, oculta e amiúde ignorada, é um lugar de ambiguidade, contradição e paradoxo. E assim é que deve ser, pois todas as experiências da vida - que é a manifestação da alma - resultam do contraste. Na ausência de contraste não temos experiência: luz e sombra; prazer e dor; cima e baixo; para trás e para a frente; quente e frio. Se não tivéssemos estas divisões não haveria qualquer manifestação. A consciência seria um vasto campo plano semelhante a um deserto. Estaríamos cientes de tudo, mas de nada em particular." - Deepak Chopra


"Há tantas pessoas que vivem infelizes e que no entanto não tomam a iniciativa de alterar a sua situação porque ficam condicionadas a uma vida de segurança, conformismo e conservadorismo. Tudo isto pode parecer conferir-lhes paz de espírito. No entanto, na realidade, nada é mais prejudicial para um espírito aventureiro no interior de um homem do que um futuro seguro. O princípio básico do espírito livre de um homem é a sua paixão pela aventura. A alegria de viver provém dos nossos encontros com novas experiências, e por isso não existe maior prazer do que ter um horizonte em eterna mudança, para cada dia ter um sol novo e diferente. Se desejas tirar mais partido da vida, deves perder a tendência para a monótona segurança e adoptar um estilo de vida agitado que, à primeira vista, te poderá parecer extravagante. Mas quando te habituares a esse tipo de vida, compreenderás todo o seu significado e incrível beleza.
Se pensas que a Alegria emana, apenas ou principalmente, das relações humanas, estás errado. Está presente no tudo e no nada que possamos experimentar. Apenas temos de ter a coragem para renegar o nosso estilo de vida habitual e empreender uma vida fora do convencional. 
O que quero dizer é que não precisas de mim ou de outra pessoa perto de ti para trazeres este novo tipo de luz para a tua vida. Simplesmente está à tua espera lá fora para descobrires, e tudo o que tens de fazer é alcançá-la. A única pessoa com quem estás a lutar é contigo próprio e com a tua renitência em te abalançares a novas experiências.
Não hesites nem te permitas arranjar desculpas. Limita-te a sair e a fazê-lo. Limita-te a sair e a fazê-lo. Sentir-te-ás muito, muito feliz por o ter feito." - Alex McCandless 

sexta-feira, 23 de outubro de 2015



"Vou a descer a rua e o tipo que está à espera do autocarro - que está ali à espera sabe-se lá há quanto tempo - de repente descobre algo mais interessante para observar do que um ser humano ao vivo. Eu faço o mesmo.
Será que evito olhar um desconhecido nos olhos porque não quero deixá-lo desconfortável, ou viro os olhos para outro sítio para ele não poder olhar para dentro de mim?
Existirá alguma maneira de ver que não necessite dos olhos? Existirá uma forma de tocar que não necessite das mãos? Existirá uma forma de amar que esteja para além das palavras e do tempo passado, para além dos gestos prescritos e da reciprocidade? Se existe, sinto-me preparado para ela agora." - Hugh Prather

quinta-feira, 22 de outubro de 2015



"A ganância dá gozo durante algum tempo. As pessoas são incapazes de resistir à ganância. Por mais longe que nós, seres humanos, tenhamos chegado, em termos emocionais não crescemos nada. Continuamos a ser os mesmos." - Deepak Chopra

quarta-feira, 21 de outubro de 2015



"Nunca nenhum homem seguiu o seu engenho até este o defraudar. Embora o resultado fosse a fraqueza física, no entanto talvez ninguém possa dizer que as consequências devessem ser lamentadas, visto essas serem uma vida em conformidade com princípios elevados. Se o dia e a noite são de tal forma que se saúdam com alegria, e a vida irradia uma fragrância que lembra flores e ervas aromáticas, é mais elástica, mais estrelada, mais imortal - é esse o teu sucesso. A natureza inteira é o teu aplauso, e tens uma razão momentânea para te abençoares. Os maiores ganhos e valores estão longe de ser apreciados. Facilmente duvidamos que eles existam. Facilmente os esquecemos. São a realidade mais elevada... A verdadeira colheita da minha vida diária é de alguma forma tão intangível e indescritível como as tonalidades da manhã ou do fim do dia. É um leve pó de estrelas surpreendido, uma porção de arco-íris que agarrei." - Henry David Thoreau

terça-feira, 20 de outubro de 2015



"O anjo da morte ensina-nos a estar verdadeiramente vivos. Mostra-nos que podemos morrer a qualquer momento e que só dispomos do presente para viver. Alguém sabe se vive até ao dia seguinte? O certo é que todos achamos que temos muitos anos pela frente. Será que temos? 
O que faremos se o médico nos informar de que só temos uma semana de vida? Temos duas hipóteses: ou sofremos, porque vamos morrer, e dizemos a todos "pobre de mim que vou morrer", fazendo disso um autêntico drama; ou, então, aproveitamos cada momento para sermos felizes a fazer o que realmente gostamos. Se só tivermos uma semana de vida, que a aproveitemos. Vamos viver! Podemos dizer: "Vou ser eu próprio e deixar de tentar agradar aos outros, ou de ter medo do que pensam de mim. Porque haveria de me preocupar com o que pensam de mim, se vou morrer daqui a uma semana? Vou ser eu próprio."
O anjo da morte ensina-nos a viver cada dia como se fosse o último, como se não houvesse amanhã. Podemos começar o dia com este pensamento: "Estou acordado, vejo o sol. Sou grato ao sol, a tudo e a todos, por ainda estar vivo. Mais um dia para ser eu próprio." - Don Miguel Ruiz 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015



"Eu costumava ser tão avesso aos papéis sociais, que me considerava um puro misantropo. Aquilo de que eu não me apercebia era que eu odiava ter de me defender, a tarefa árdua e desagradável de agir sem o admitir. Agora que me sinto completamente à vontade e permito que os outros escolham livremente gostar ou não de mim, perdi grande parte desta aversão.

Um estímulo pode ser usado da forma que eu decidir.
Ver outra pessoa pode ser um estímulo para eu relaxar.
Ver uma multidão pode ser o meu estímulo para a paz." - Hugh Prather

domingo, 18 de outubro de 2015



"Não sei como acabou, nem o que aconteceu. Há inúmeras razões insuficientes, e nenhuma que seja a bastante. Não é sempre assim o amor? Assim como chegou, parte, Não há muito que se possa fazer. Só sabemos que partiu e que quando parte não volta. Pelo menos na mesma forma, pelo menos pela mesma pessoa. Para poder voltar a amar é imperioso deixar morrer o amor. Até ao fim. Até o voltarmos a merecer. O amor detesta repetir-se. Tem de ser sempre o primeiro. E o último. Sabemos que partiu sem ter ficado a saber o que era aquilo que nos mantinha assim juntos, tão de perto, prometendo durar eternamente. Sentimos um vazio tão grande que não conseguimos sair para fora dele, escapar-lhe, voltar a ter um nome que seja nosso. O que sabemos, isso sim, é que são tristes todas as canções de amor. E com toda a razão. Só se canta o amor que partiu, a dor que deixou, a falta. O amor é sempre igual a si próprio. A vida é sempre outra coisa." - Pedro Paixão  


"Se deres o teu melhor, viverás a vida intensamente. Serás produtivo e serás bom para ti próprio, porque estarás a dar de ti à tua família, à tua comunidade e a tudo. Mas a acção em si é que te deixará plenamente feliz. Quando dás sempre o teu melhor, ages. Dar o teu melhor é fazeres alguma coisa porque gostas de a fazer e não porque esperas ser recompensado. A maioria das pessoas faz exactamente o oposto: só fazem alguma coisa, quando têm a expectativa de serem recompensadas, e não gostam do que fazem. E é por essa razão que não dão o seu melhor. 
Agir é viver em pleno. A inacção é a forma de rejeitarmos a vida. Inacção é sentares-te todos os dias diante da televisão, porque tens medo de estar vivo e de arriscar a expressar-te como és. Expressar o que és é agir. Podes ter imensas ideias, mas o que faz a diferença é passar à acção. Sem acção, ideia alguma se manifesta, produz resultados ou traz recompensas. 
Agir é estar vivo. É correr o risco de expressares abertamente o teu sonho. Isso não significa que imponhas o teu sonho a outra pessoa, porque todos têm o direito de expressar os próprios sonhos. 
Nasceste com o direito de ser feliz. Nasceste com o direito de amar, de desfrutar e partilhar esse amor. Estás vivo, portanto, aproveita a vida ao máximo. 
Não temos de saber ou provar nada. Basta ser, correr o risco e aproveitar a vida. Diz não, quando queres dizer não e sim, quando queres dizer sim. Tens o direito de ser quem és. E só podes ser quem és quando dás o teu melhor. Quando não dás o teu melhor, negas-te o direito de ser quem és. Deves cultivar bem essa semente no teu espírito. Não precisas de conhecimento ou de grandes conceitos filosóficos. Não precisas que os outros te aceitem. Expressas a tua divindade através da tua vida e do teu amor por ti e pelos outros." - Don Miguel Ruiz 

sábado, 17 de outubro de 2015



"Se nós não existirmos enquanto pessoas verdadeiras, se não formos plenamente nós próprios, então a nossa relação não pode ser verdadeira.
«Tudo o que quero é que me aceites como eu sou.»
«Sim, e tudo o que eu quero é que tu aceites que eu não te aceite.»
Eu quero apoiar os meus amigos - mesmo quando eles erram. No entanto, tenho de deixar claro que é o amigo e não o erro que eu estou a apoiar." - Hugh Prather


"As coisas pioram, dizes tu, não param de piorar. É natural. Naturalmente as coisas pioram, e é isso que acontece o mais das vezes, e é por isso que é assim. Mas também não pioram tanto como parece, nem tão rapidamente. As coisas demoram o seu tempo a piorar. Cada uma, na verdade, tem o seu tempo próprio de piorar. E quando pensamos que uma coisa vai piorar muito depressa, até pode acontecer que melhore durante algum tempo para depois, quando já julgávamos que nos tínhamos enganado, que afinal não ia piorar nada, antes pelo contrário que ia melhorar, depois piora imprevistamente, sem melhoras possíveis nem salvação alguma. Parece de propósito, mas não é isso. Isso seria supor, muito generosamente, que haveria uma intenção no decorrer das coisas, umas vezes de nos enganar, outras de nos pôr de sobreaviso. Isso seria pedir demais ao que acontece, já que o que acontece, acontece sem qualquer sentido, repetindo-se muitas vezes, desde o princípio, sem sentido algum, depois mais uma vez e ainda agora, uma vez mais entre todas as outras e, como todas as outras, sem que se compreenda o que estás a acontecer. Mas ouve-me: não desesperes. É assim, simplesmente, porque o sentido das coisas não está nas coisas, mas em ti. Só tu podes dar sentido ao que acontece, e podes mesmo mudar o sentido que já lhe deste, se bem que nem sempre o consigas facilmente. Qualquer história serve para isso e todos nós somos contadores de histórias: melhores ou piores mas que não acabam nunca. Sem essa magia tudo seria absurdo. Por isso não desistas, mesmo na maior aflição, e quando não consegues encontrar sentido algum, aguarda. As coisas não param de piorar e melhorar ao mesmo tempo." - Pedro Paixão  

sexta-feira, 16 de outubro de 2015



"Dá sempre o teu melhor, seja em que circunstância for - nada mais, nada menos, do que o teu melhor. Mas não te esqueças de que o teu melhor nunca será igual: muda continuamente. Como a vida está em constante mudança, o teu melhor poderá ser umas vezes excelente e outras nem por isso. Quando acordas de manhã, recuperado e cheio de energia, o teu melhor será superior ao teu melhor à noite, quando estiveres cansado. Varia consoante estejas bem ou mal de saúde, sóbrio ou embriagado, te sintas animado, feliz, transtornado, irritado ou ciumento. Consoante o teu estado de espírito, o teu melhor pode variar de um momento para o outro, de uma hora para a outra, de dia para dia. O teu melhor também muda com o tempo. Independentemente do resultado, insiste sempre em dar o teu melhor - nada mais, nada menos do que isso. 
Se te esforçares demasiado para fazeres mais do que podes, gastarás mais energia do que a necessária e, no final, o teu não terá sido suficiente. Quando exageramos, desgastamos o corpo e vamos contra nós, e acabamos por levar mais tempo a atingir o objectivo. Mas se fizeres menos do que o teu melhor, sujeitas-te à frustração, à autocensura, à culpa e aos remorsos.
Dá simplesmente o teu melhor - em qualquer circunstância da vida. Não importa se estás doente ou cansado, se deres sempre o teu melhor, não terás motivos para te censurares, não terás sentimentos de culpa, nem remorsos nem te recriminarás. Ao dares sempre o teu melhor, quebrarás o grande feitiço de que és vítima." - Don Miguel Ruiz

quinta-feira, 15 de outubro de 2015



"Será que existe uma ira saudável? Quando eu me defendo de um ataque concebido para me destruir, isso é saudável. Quando eu ataco as outras pessoas porque elas me lembram uma parte de mim que eu rejeito - quando tento acabar com essa imagem, deitando fora juntamente com ela os sentimentos dessas pessoas -, isso não é saudável. Uma reacção afirma e constrói, a outra julga e destrói. 
Ao duvidarmos de nós próprios, renunciamos ao nosso poder. Ao nos trairmos a nós próprios, renunciamos à nossa alma. Eu julgava que a minha força surgiria ao responder ao meu patrão, mas ela só surge quando eu renuncio ao que estou a fazer a mim próprio. Esta asserção saudável deriva do meu respeito por mim mesmo e une-me. Diz-me o que eu sou e afirma o meu direito a sê-lo plenamente. O meu poder reside na minha predisposição para ser consciente, para ser visto e para ser categoricamente eu mesmo. Eu posso perder um emprego, uma amigo ou a minha reputação, mas perco tudo o que sou quando não ajo a partir do que está no meu âmago." - Hugh Prather

terça-feira, 13 de outubro de 2015



"Queres saber quem sou? Eu sou o que te olha e espia para te colher e depois guardar num lugar que é só meu. Para isso serve o papel. O resto não precisas de saber. Nem convém. Só te is distrair, podes crer. Eu sou o que mergulha as mãos na tua vida para sentir a minha a voltar. 
Eu sou o que tu quiseres. Quando quiseres. Quando me encontraste não sabias o que procuravas. Só de longe o soubeste, e agora esqueceste. Não fomos feitos para o amor, acrescentas. O que não quer dizer que não possamos amar-nos sempre outra vez, e pode ser mesmo a única coisa digna. foi para isso que fomos feitos. Não fomos feitos para mais nada. Nascemos, crescemos, envelhecemos, morremos e é tudo. E é mais do que o suficiente. Quando o barco começa a naufragar o que importa é a atitude dos passageiros. Saber que o barco vai naufragar e mesmo assim continuar.
O que interessa é a atitude, insistes. Mais não podemos. Não podemos fazer nada, mas podemos mudar tudo, é isso que dizes? Começar por nós, terminar em nós. Mudar-me a mim e mudar o mundo. Começar por mim e acabar em mim e mudar tudo à minha volta. Se já reparei? Ao tornar-me melhor o mundo fica melhor? E ainda me pedes que não tenha medo e deixe de esperar o impossível? O barco pelo qual espero é o barco em que vou. Quando partiu esse barco? Isso gostava eu de saber. Há muito. Antes de mim. Mesmo sem mim. E vai naufragar, de qualquer modo vai naufragar. Todos os que passaram por aqui o souberam, e isso não os impediu de fazer o que tinham de fazer. Que eu nunca sou apenas eu. Uma corrente nos leva. Uma corrente de palavras. Uma corrente de amor. Passar o que por nós passa, que o que passa nem é meu, nem teu, nem nosso, nem as palavras, nem o amor. Passar isso o melhor que se possa e mais nada senão isso. Queres que me cale? Sim." - Pedro Paixão

segunda-feira, 12 de outubro de 2015



"Muitas vezes, quando começas uma relação com uma pessoa de quem gostas, sentes necessidade de justificar esse sentimento. Só vês o que queres ver e negas a existência de coisas que não te agradam nessa pessoa. Mentes-te só para sentires que tens razão. Depois, tiras conclusões precipitadas, e uma dessas conclusões é: "Vou mudar esta pessoa com o meu amor". Mas isso não vai acontecer. Não podes mudar ninguém com o teu amor. Se os outros mudarem, é porque querem mudar, não porque os consegues mudar. Então, acontece qualquer coisa entre vocês os dois e tu sofres. De repente, começas a ver aquilo que não querias ver, mas, entretanto, intensificado pelo teu veneno emocional. Agora, tens de justificar a tua dor emocional e culpar a outra pessoa pelas tuas escolhas. Não temos de justificar o amor, ou existe ou não existe. O amor verdadeiro é aceitar os outros como eles são, sem tentar mudar ninguém. Se tentamos mudar alguém é porque não gostamos realmente dessa pessoa. É claro que se decidires viver com alguém, se quiseres assumir essa verdade, o melhor é assumi-la com uma pessoa que seja exactamente como queres que ela seja. Procura alguém que não tenhas de mudar em nada. É muito mais fácil se encontrares alguém que já seja como desejas de que tentar mudar uma pessoa. Para além disso, essa pessoa tem de te amar tal como tu és, para não ter de te mudar. Os outros só vão sentir necessidade de te mudar se não te amarem tal como tu és. Porque havias tu de ficar com alguém que não gosta de ti como és?
Falar é fácil, mas fazer é complicado, porque normalmente fazemos o contrário. Temos imensos hábitos e rotinas de que nem nos apercebemos. Ganhar consciência desses hábitos e compreender a importância desta verdade é o primeiro passo a dar. Mas não basta compreender a sua importância. Informação e ideias não passam de sementes na mente. O que realmente faz a diferença são os actos. Passar sempre aos actos fortalece a vontade, nutre as sementes e cria uma base sólida para o novo hábito se desenvolver." - Don Miguel Ruiz 

domingo, 11 de outubro de 2015



"Eu não quero apenas ouvir o que tu dizes. Quero sentir o que queres dizer com isso.
Eu não te vou julgar pelas tuas palavras.
As emoções profundas são muitas vezes expressas através de palavras irracionais. 
Quero que sejas capaz de dizer o que quer que seja.
Até aquilo que não queres dizer. 
Receio o teu silêncio por aquilo que ele pode significar. Pode significar que estás a ficar entediada, a perder interesse ou a tomar decisões sobre mim sem me perguntares nada. Acredito que enquanto te conseguir fazer falar, sei o que estás a pensar. No entanto, o silêncio também pode significar confiança. O silêncio pode querer delimitar o espaço: o reconhecimento de que eu sou eu e tu és tu. Este silêncio é uma afirmação de que nós já estamos juntos - como dois indivíduos. As palavras podem querer dizer que eu quero fazer de ti um amigo, e o silêncio pode querer dizer que eu admito que já és um amigo." - Hugh Prather 




"- Quando é que ela chegou? Diz-me.
 - Quando é que ele a viu pela primeira vez? Diz-me. Quando se abraçaram?
 - Quando é que isto começou?
 - Isto o quê?
 - Isto.
 - O amor?
 - Sim, o amor.
 - O amor?
 - Sim, pode ser isso. Quando é que o amor começou?
 - Começou antes de ter começado. Um pouco antes. Nenhum deles soube quando começou. Só se sabe como é depois de já ter começado. Nem se sabe o que é, sabe-se só que já começou. 
 - E depois?
 - E depois não acaba quando devia acabar. Dura mais tempo. O coração bate mais tempo. Não há maneira de parar o coração.
 - E então?
 - E então é assim. Não há muito que se possa fazer. É mais do que suficiente. Tem de se aguentar. Todo o tempo que durar. Sem nunca saber, do princípio ou do fim, pode-se esperar.
 - Pode-se esperar?
 - Sim. Pode-se esperar. Sem saber o que se espera. É esse o verdadeiro esperar. Ninguém pode adivinhar o que traz o amor.
 - Pode trazer tudo. O amor é isso tudo que se deve esperar.
 - Isso é ainda pior.
 - É. Não saber dizer o que é. Não haver palavras.
 - O amor não tem nome, forma ou cor. Vem quando quer. Vai quando não se espera que vá. Não se deixa adivinhar. Ninguém tem mão no amor.
 - E então? O que é que tu queres saber?
 - Eu gostava de saber.
 - Eu também gostava de saber. Mas o que se sabe é muito pouco. Quase nada.
 - O amor não começa quando se quer, nem acaba quando se deseja. O amor é forte, destemido, indomável. Se não fosses tu, eu seria outro, dizem-se os amantes: eu quero viver na tua vida. Os amantes adivinham-se sem palavras, olham-se nos olhos à procura, fecham-se em quartos pequeninos. Perdem-se um no outro, agarram-se com toda a força dos dedos e dos braços, beijam-se sobre fundos abismos. O amor sempre mete muito medo. O medo de vir a faltar, depois de tudo ter prometido. Vai, mas não apanhes frio, e depois volta. Os amantes regressam quando a luz é pouca a um supremo egoísmo. Eu e tu e mais ninguém. O mundo pode desabar, o mar mudar de cor, a lua cair de repente. Só importa o brilho dos teus olhos e o sangue a bater nas minhas veias. Sabe-se lá o amor. Fica quieta, não faças nada. Ama-me mais, de dia e de noite. O mundo não precisa saber de nada disto." - Pedro Paixão  

sábado, 10 de outubro de 2015



"Temos tendência para tirar conclusões precipitadas acerca de tudo. O problema de tirarmos conclusões precipitadas é acreditarmos nessas conclusões. Podíamos jurar que são verdadeiras. Podíamos jurar que correspondem à realidade. Tiramos conclusões acerca do que pensam ou fazem as outras pessoas - levamos a peito -, culpamo-las e reagimos, lançando-lhes veneno com a nossa palavra. É por isso que tirar conclusões precipitadas só traz problemas. Concluímos que uma coisa é de determinada maneira, enganamo-nos, levamos a peito e acabamos por fazer uma tempestade num copo de água.
Toda a tristeza e todos os dramas que viveste na tua vida tiveram origem nas conclusões precipitadas e nas coisas que levaste a peito. Pára um momento para pensares na verdade desta afirmação. Toda a guerra pelo controlo entre seres humanos gira à volta das conclusões precipitadas e de se levar a peito.
Só vemos o que queremos ver e ouvimos o que queremos ouvir. Não vemos as coisas tal como elas são. Temos o hábito de sonhar sem base na realidade. Literalmente, inventamos  coisas na nossa imaginação. Quando não compreendemos alguma coisa, tiramos conclusões precipitadas e, quando a verdade vem a lume e rebenta a bolha do nosso sonho, percebemos que estávamos redondamente enganados. 
Tirar conclusões precipitadas nas relações só traz problemas. Temos tendência para achar que os nossos companheiros sabem o que nos vai na alma e, portanto, não lhe dizemos o que queremos. Presumimos que nos conhecem suficientemente bem para fazer o que desejamos. Senão o fizerem, ficamos sentidos, porque partimos do princípio que tinham esse dever, e dizemos: "Tinhas obrigação de saber."
Em qualquer tipo de relação é fácil partir do princípio de que as pessoas adivinham os nossos pensamentos e sabem o que queremos. Achamos que vão fazer o que queremos porque nos conhecem tão bem. Quando isso não acontece, quando não fazem o que presumimos ser a sua obrigação, ficamos sentidos e pensamos: "Como pudeste fazer isso? Tinhas obrigação de saber." Mais uma vez, presumimos que o outro sabe o que queremos. Fazemos um drama enorme na nossa cabeça por causa dessas conclusões e depois tiramos ainda mais conclusões.
É muito interessante observar o funcionamento da mente humana. Precisamos de justificar, explicar e entender tudo, para nos sentirmos seguros. Há muitas coisas que a mente racional é incapaz de explicar e, por isso, formulamos milhões de perguntas que carecem de respostas. Não interessa se as respostas estão certas ou erradas; a resposta por si só traz-nos segurança. E é por isso que tiramos conclusões precipitadas." - Don Miguel Ruiz


"Ama o trabalho, despreza o poder, vive sem hesitações. Procede sem pensar na recompensa. Age com plena atenção. Não acredites em ti até ao dia em que morreres. Não julgues ninguém até te encontrares no lugar dele. Não digas nada que não possa desde logo ser entendido, na ilusão de que mais tarde será entendido. Não digas nada que não deva ser ouvido, pois será ouvido. E não digas: quando me livrar das minhas preocupações, então serei eu, porque nunca te libertarás das tuas preocupações. Num lugar onde não há ninguém, procura ser alguém.
O dia é curto, o trabalho é muito, os trabalhadores são preguiçosos, a recompensa é escassa, deus vê tudo. Quem é sábio? O que aprende alguma coisa com qualquer um. Quem é forte? O que se domina a si próprio é mais forte que o conquistador de cidades. Sê rápido a cumprir um dever e foge da transgressão. Porque um dever traz consigo outro dever e a transgressão outra transgressão. Estamos aqui para agir. Somos o instrumento da vida para que as coisas se façam. A recompensa de um trabalho é a oportunidade de realizar outro trabalho. Toda a ilusão se paga com desespero.
Exila-te num lugar sagrado dentro de ti. Não esperes o que não sabes esperar, porque esperarias numa falsa esperança e amarias de um falso amor. Não confies no teu entendimento. Não é possível compreender a tranquilidade do maldoso nem o sofrimento do justo. Quando o teu inimigo cai não te regozijes; quando tropeça não te alegres. O amor que depende de alguma coisa - quando esta cessa, cessa o amor. O amor que de nada depende é eterno.
Procura um mestre para pôr em causa as tuas respostas. Encontra um amigo para pôr em causa as tas perguntas. Oferece a qualquer um o lugar da dúvida: a habilidade de pôr em causa qualquer opinião, sobretudo a tua. Sê astuto como um leopardo, leve como uma águia, ligeiro como um veado e destemido como um leão para poderes cumprir a vontade do Eterno.
A vida está sempre a murmurar os seus segredos: justiça, amor, compaixão, a grande união entre a diversidade. Estamos demasiado ocupados para escutar, somos demasiado barulhentos para ouvir o que quer que seja senão a nossa insensatez. Sê silencioso. Sê quieto. Ouve e comparece.
Ter em atenção o momento é frequentar a eternidade. Ter em atenção a parte é frequentar o todo. Ter em atenção a realidade é viver construindo." - Pedro Paixão 


"Os interesses mudam. Uma amizade baseada em interesses comuns está condenada. A verdadeira amizade é uma fé inabalável no que já foi verdadeiramente visto, quer recentemente, quer há muito tempo." - Hugh Prather 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015



"Não leves nada a peito, ou sujeitas-te a sofrer em vão. Os seres humanos são viciados em sofrimento, aos mais variados níveis e graus e ajudam-se entre si para manter esse vício. Os seres humanos ajudam-se uns aos outros a sofrer. Se sentires necessidade de ser maltratado, será fácil seres maltratado pelos outros. Da mesma forma, se estiveres com pessoas que sentem necessidade de sofrer, algo te leva a maltratá-las. É como se tivessem um autocolante nas costas a dizer:"Por favor, batam-me". Procuram justificações para o seu sofrimento. O seu vício de sofrimento não passa de uma verdade diariamente reforçada. 
Em todo o lado, encontrarás pessoas que te mentem e quanto mais consciência tiveres disso, perceberás que também te mentes a ti próprio. Não esperes que te digam a verdade, porque toda a gente se mente a si própria. Tens de confiar em ti e acreditar ou não naquilo que te dizem os outros.
Quando vemos as pessoas tal como elas são, sem levar nada a peito, é impossível sentirmo-nos magoados pelo que dizem ou fazem. Mesmo que te mintam, não faz mal. As pessoas mentem porque têm medo. Têm medo que descubras que não são perfeitas. É doloroso deixar cair a máscara. Se as pessoas dizem uma coisa e fazem outra, estarás a mentir-te a ti próprio se não prestares atenção aos seus actos. Mas se fores verdadeiro contigo próprio, poupar-te-ás a muita dor emocional. Seres verdadeiro contigo mesmo pode fazer doer, mas não precisas de ficar preso à dor. A cura vem a caminho e é só uma questão de tempo até as coisas começarem a melhorar. 
Se uma pessoa não te trata com amor e respeito, será uma benção se ela se afastar de ti. Se essa pessoa não se afastar, seguramente passarás anos a sofrer com a sua presença. O afastamento pode ser inicialmente doloroso, mas o teu coração acabará por sarar. Depois, serás livre para fazeres o que quiseres. E chegarás à conclusão de que não é nos outros que tens de confiar para fazeres as melhores escolhas e sim em ti próprio. Ao consolidares o hábito de não levar nada a peito, evitarás muitos transtornos. Deixarás de ter sentimentos de raiva, ciúme e inveja, e até a tua tristeza deixarás de sentir, se não levares nada a peito." - Don Miguel Ruiz 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015



"As palavras preenchem abismos. Constroem pontes de madeira ou aço fino. Somos todos em forma de palavras. As palavras machucam, doem, cortam. Palavras súbitas declaram a guerra e palavras esperançosas anunciam a paz. Qualquer palavra é mais do que uma palavra. Há palavras sonoras e palavras murmúrios. Palavras meigas e palavras bruscas. Umas suplicam, outras arrepiam. Em algumas podemos confiar, mas só em algumas. Em geral revelam o que outras apressadamente escondem. Há palavras que destroem almas, países. Há palavras ditas que nos elevam a alma até ao céu de onde depois rápidas regressam. Sem nunca esquecer as imprescindíveis palavras obscenas. Qualquer palavras dá e tira, junta e separa. Por vezes meia palavra é mais do que suficiente. Cada palavra possui uma origem inviolável. Ninguém sabe quem disse a primeira, quanto mais todas as outras que se lhe seguiram. Uma palavra agarra o que outra cala. Palavra puxa palavra. Há palavras que se colam à carne, aos lábios, aos sexos floridos. Palavras que desejamos esquecer muito e não é possível. Quem criou uma única palavra que levante o dedo. Só deus conhece a cor de todas as palavras de todos os dicionários de todas as línguas que os têm. Porque há palavras que nunca foram escritas, as mais lindas. É na verdade uma traição escrever uma palavra tentando fixar o imparável espírito que a anima. As palavras vêm do peito, passam pela garganta e desfazem-se no ar esperando que alguém as apanhe com as duas mãos cerradas. Nenhuma nos pertence. Mas também há palavras que se dizem em silêncio numa vontade de recuperar o que foi perdido e mesmo sarar algum pecado. As palavras têm asas que as não deixam sossegar. Trazem consigo sabores e cheiros e coisas macias. As palavras unem-nos para definitivamente nos afastarem. Requerem entre si uma pausa que é a distância entre elas e nós próprios. É indispensável o breve silêncio que as separa. É nessa distância que habitamos. Sem ela irrompe um ameaçador vazio. É aí que melhor se escutam as palavras que se abrem e depois se esquecem." - Pedro Paixão

terça-feira, 6 de outubro de 2015



"O verdadeiro humor é engraçado - não humilha, não engana, não escarnece. Faz as pessoas sentirem-se maravilhosamente bem, e não separadas, diferentes e excluídas. O verdadeiro humor tem subjacente a noção de que estamos todos juntos no mesmo barco." - Hugh Prather

domingo, 4 de outubro de 2015



"Aconteça o que acontecer, não leves a peito. Se eu te vir na rua e te disser "és mesmo estúpido" sem sequer te conhecer, o problema não és tu e sim eu. Se levares o que te disse a peito, talvez seja porque te consideras estúpido. Talvez penses para contigo: "Como é que ele sabe? Será clarividente, ou será a minha estupidez assim tão óbvia?"
Se levares a peito é porque aceitas como verdade o que te disse. Ao aceitares essa verdade, o veneno entra em ti, encurralando-te no sonho do inferno. Deixas-te apanhar por aquilo a que chamamos importância pessoal. A importância pessoal ou levar as coisas a peito é a expressão máxima do egoísmo, porque presumimos que o mundo gira "à nossa volta". A nossa educação, ou domesticação, ensinou-mos a levar tudo a peito. Sentimo-nos responsáveis por tudo. Eu, eu, eu e sempre eu!
Sempre que levas qualquer coisa a peito, sentes-te ofendido e reages. Tentas defender as tuas crenças e crias conflitos. Fazes uma tempestade num copo de água, porque precisas de ter razão e mostrar que os outros todos é que estão errados. Além disso tantas a todo o custo ter razão, dando-lhes as tuas próprias opiniões. Da mesma maneira, aquilo que sentes e fazes não passa de uma projecção do teu sonho pessoal, um reflexo das tuas verdades. O que dizes, o que fazes e as opiniões que tens regem-se pelas verdades que elegeste - e essas opiniões nada têm que ver comigo. Não me importa o que pensas de mim e nem levo a peito as tuas opiniões. Não levo a peito se me disseres "És o maior" ou "És do pior". Sei que quando te sentires feliz me dirás: "És um verdadeiro anjo!" Mas quando estiveres furioso comigo, dirás: "Oh, és tão maléfico! És nojento. Como é que podes dizer essas coisas?" Seja como for, não me afecta, porque sei quem sou. Não preciso de ser aceite. Não preciso de ter alguém a dizer-me: "Estás a portar-te muito bem" ou "como te atreves a fazer isso!"
Não. Não levo nada a peito. Sei que o que pensas ou sentes é um problema teu e não meu. É a tua visão do mundo. Não é nada de pessoal, porque é contigo e não comigo. Cada um têm opiniões de acordo com o seu sistema de crenças, por isso nada do que pensarem de mim é mesmo sobre mim, mas sim sobre eles." - Don Miguel Ruiz


"Deito-me, levanto-me, ergo-te diante dos meus olhos. Com todos os cuidados. Fico muito quieto. A tua imagem pode escapar de um momento para o outro. E eu não sei o que te dizer senão que tenho o coração aberto. E canto como se fosse a morrer.
O amor assusta o medo. As palavras que te digo vêm de longe. Passam por mim como se não fosse ninguém. São flechas a rasgar o ar em volta. As palavras que te escrevo são tuas muito antes de ser minhas. És tu que as escreves em mim. Por debaixo da pele.
Ninguém assim tão velozmente. Ninguém assim por mim adentro a dizer: tudo e nada. Eu de ti quero tudo. Eu de ti não quero nada. Eu quero tudo e nada no mesmo preciso momento. O momento em que te tenho erguida à minha frente.
Levanto-me, saio de casa, levo-te comigo de mão dada. És linda. O mundo inteiro tropeça e pára. Há qualquer coisa que se rasga. A beleza não é daqui. Não é coisa que se veja. A tua beleza é o que me sufoca a alma para logo depois a reanimar com um sopro de ar quente a entrar nos meus pulmões cheios de água.
Todo o tempo que passou antes de nos encontrarmos condeno-o à escuridão do esquecimento. Tu abres o mundo à minha frente e eu sigo-te. Eu não sabia que podia ser assim. E tudo o que te digo nada é. O que vivo não se deixa falar em palavras. São tentativas destinadas ao fracasso. O que vivo por ti é em silêncio quando aguardo pela tua voz amada. Eu não sei o que há em ti que se abre e se fecha como rosas." - Pedro Paixão 

sábado, 3 de outubro de 2015



"Eu não tenho de reagir a uma crítica sentindo-me ofendido. É a minha interpretação do significado que ela tem para mim que produz a dor. Por vezes dizem-me: «Às vezes, ages como uma criança de três anos», ou então dizem-me: «Parece que estás a pregar um sermão.» Que significado têm estes comentários para mim? Eu é que tenho de optar por interpretá-los como depreciativos; eles não são inerentemente depreciativos. Eu é que tenho de estabelecer a ligação e dizer que eles são maus. Julgo que se eu tivesse mais consciência de mim mesmo e me aceitasse como sou, e se tivesse mais familiarizado com aquilo que sou no fundo, não me sentiria tão criticado ou elogiado pelas palavras das pessoas, teria mais confiança para julgar sozinho a justeza desses comentários." - Hugh Prather


"Verdadeira justiça é pagar uma só vez por cada erro. O ser humano é o único animal que paga milhares de vezes pelo mesmo erro. Os outros animais pagam uma vez apenas por cada erro que cometem. Mas nós não. Temos uma memória potente, cometemos um erro, julgamo-nos, consideramo-nos culpados e castigamo-nos. Existindo justiça, uma vez seria suficiente - não precisávamos de nos julgar novamente. Mas, sempre que nos lembramos, abrimos um novo ciclo de julgamento, sentença, culpa e castigo. Se tivermos marido ou mulher, também ele ou ela vai recordar o erro que cometemos, para que nos julguemos, castiguemos e culpemos novamente. Será justo?
Quantas vezes fazemos os nossos cônjuges, filhos ou pais pagarem pelo mesmo erro? Sempre que os recordamos de um erro, culpamo-los, enviamos-lhes o veneno emocional que nasce da injustiça que sentimos e fazemo-los pagar, mais uma vez, pelo mesmo. Será justo? Noventa e cinco por cento das crenças armazenadas na mente são mentiras. Acreditar nelas só nos faz sofrer.
No sonho do planeta é normal os seres humanos sofrerem, terem medo e fazerem dramas emocionais. O sonho exterior não é agradável; é de violência, medo, guerra e injustiça. Os sonhos de cada ser humano variam, mas em geral são sobretudo pesadelos. Se olharmos para a sociedade que criámos, vemos um sítio onde é tão difícil viver porque é regido pelo medo. Pelo mundo fora, encontramos sofrimento, raiva, vingança, vício, violência e uma tremenda injustiça. Pode existir a diferentes níveis, em diferentes países do mundo, mas é o medo que controla o sonho exterior. 
Se compararmos o sonho da sociedade à descrição do inferno que muitas religiões promulgaram, percebemos que são igualzinhos. As religiões afirmam que o inferno é um local de punição, de medo, dor e sofrimento, onde o fogo nos consome. O fogo é gerado pelas emoções que derivam do medo. As emoções como a raiva, o ciúme, a inveja ou o ódio, fazem-nos arder por dentro. Fazem-nos viver o sonho do inferno. 
Se pensarmos que o inferno é um estado de espírito, então, ele rodeia-nos. Os outros talvez nos avisem que, se não fizermos o que eles dizem, vamos para ao inferno. Azar! Já lá estamos, juntamente com eles. Ser humano algum pode condenar outro ao inferno, porque já lá estamos todos. É certo que as outras pessoas podem fazer-nos a vida ainda mais infernal. Mas só se o permitirmos." - Don Miguel Ruiz 

sexta-feira, 2 de outubro de 2015




"Genuíno. Fui ver ao dicionário. Um dicionário de 1881. Nos actuais pode já não aparecer a palavra. As palavras desaparecem com os mundos. Genuíno. Adjectivo. Puro, próprio, natural, sem alteração ou mistura. As pessoas também são as palavras que usam.
Soube de ti antes de saber o que quer que fosse de ti. Num lugar um pouco antes das palavras. Vi-te antes de te ver. Eu ainda consigo recordar a beleza. Gosto de ti sem saber o que te digo. Vêm do fundo dos teus olhos as palavras que te escrevo. 
Assim. Porque sei que tu sabes tão bem quanto eu que há pessoas que dizem saber o nosso nome, falam de nós sem propósito, julgam ver e são cegas. E nós cada vez mais isolados no nosso querer ser quem somos, numa ânsia crescente de chegar ao outro lado, ao outro, à pessoa. Ninguém pertence a ninguém, não é verdade, minha menina de olhos limpos? O que nos vale é o futuro de onde vêm todas as coisas, más e boas. Amanhã é o nosso encontro marcado. E o amor é o que torna possível.
E depois, de quando em quando, cada vez mais raramente, acontecem coisas fabulosas. Nós a trocarmos a de chapéu como duas crianças que se conheceram no jardim vedado para sempre aos crescidos. Tu a dizeres-me: tu sabes o que é um ataque de pânico, não sabes? Eu a dizer-te: é preciso rezar de manhã e à noite, voltar a aprender as orações que os nossos avós nos ensinaram. Tu a dizeres: vou dar-te um lenço bordado para que nunca te esqueças de mim. E eu a dizer-te: és linda de todas as maneiras, de chapéu e sem chapéu, na tua alma. Sabes o que é isso? Eu não sei nada.
Creio que foi mesmo aí, mesmo agora, que nos encontrámos nesse lugar um pouco antes das palavras. Num súbito silêncio, sobre a relva esplendorosa, os nossos pés a chapinhar na água fria do lago. Eu amo lagos e tu amas lagos. Tu amas correr o risco de não alcançares o teu destino. Eu amo a tua ansiedade. Os teus olhos raiados de azul e verde. O brilho dos astros reflectido na tua face sem máscara. Amo-te antes de te amar e por isso o que nos une por não ter princípio não terá fim. As almas são imortais. É a única certeza." - Pedro Paixão  





quinta-feira, 1 de outubro de 2015



"Quando as pessoas me criticam, eu não me sinto inferior por causa disso. Não é uma crítica a mim, mas um pensamento crítico da parte delas. Elas estão a exprimir os respectivos pensamentos e sentimentos, não o meu ser. Dantes, eu pensava que estava realmente a lutar pelo meu amor-próprio; por isso é que queria tão desesperadamente que as pessoas gostassem de mim. Pensava que o facto de gostarem de mim era um comentário à minha pessoa, mas na verdade era um comentário à pessoa delas." - Hugh Prather