terça-feira, 28 de fevereiro de 2017




"A misteriosa Índia. Um entardecer cálido e alaranjado. As andorinhas traçavam arabescos sobre o firmamento ilimitado. Um avô sábio caminhava feliz junto do seu neto. Era um menino vivaz e esperto, cheio de inquietudes espirituais, ávido de respostas. 

- Avô - disse ele, quebrando o perfeito silêncio da tarde. - Quero perguntar-te uma coisa: quando o corpo morre, o que acontece?

- O corpo morre, mas o Ser nunca morre. Ele é o Ser de todo o Universo. É a essência subtil de tudo o que existe.

- Ó avô! - exclamou o menino. - Não percebo... podes explicar melhor?

O avô disse:

- Vai buscar um fruto daquele castanheiro e traz-mo.

O menino, desembaraçado, pegou numa castanha e manteve-a entre as suas mãos.

- Tira-lhe a casca - disse o avô - e diz-me o que vês.

- O fruto.

- Abre o fruto. O que vês?

- Grãos - disse o menino.

- Abre um grão. O que vês?

- Grãozinhos minúsculos.

- Abre um. O que vês?

- Nada querido avô, nada.

E o avô declarou:

- Essa essência subtil que tu não vês é o Ser. Mantém a grande árvore de pé. Mantém-nos vivos a ti e a mim. Faz com que o rio flua e o fogo arda. Anima todos os vastos espaços. Tu, meu muito querido, muito amado neto, não vês essa essência subtil, mas está aí. Ela respira em ti, pensa em ti, fala em ti.

O menino, satisfeito, agarrou a mão trémula e envelhecida do seu querido avô. Caminhando aprazivelmente, fundiram-se com o horizonte como o açúcar se funde com a água.

Há que descobrir o que torna possível a respiração mas não pode ser respirado, o que torna possível o pensamento mas não pode ser pensado, o que torna possível a visão e não pode ser visto. Como a água rega as árvores e as plantas das mais variadas classes, a energia impregna todos os seres animados e inanimados. Para os sábios da Índia, o ser humano é uma energia ou processo vital (o Ser Absoluto), que se veste com as roupagens do corpo, o corpo energético, o copo emocional e o corpo mental. Despe-te de todas as roupagens e serás o que nunca deixaste de ser." - Ramiro Calle

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017




"- O que é que sabemos de fundamental, sobre as pessoas que conseguem respirar?

- É que estão vivas?...

- Certo! - exultou ele. - É que estão vivas! Portanto, o que podemos afirmar, partindo do facto de que consegues respirar?

- É que estou viva? - disse Willow, desta vez um pouco mais segura da sua resposta.

- Está certo - confirmou Jones. - E com essa constatação, temos o início de uma cadeia de verdades puras e simples sobre a sua existência na terra. A sua própria respiração proporciona absolutos infalíveis e autênticos que são indiscutíveis. Olhe, minha amiga, mesmo durante o que pode considerar ser o pior período da sua vida, é uma prova de esperança. E, a propósito, esta prova é genuína, independentemente da idade da pessoa, da sua condição física, da sua situação financeira, cor, sexo, estado emocional ou crença. Agora, oiça bem... Se respira, ainda está viva. Se está viva, ainda está fisicamente aqui, neste planeta. Se ainda está aqui, é porque não acabou de fazer aquilo para que foi posta no mundo. Se ainda não concluiu aquilo para que foi posta aqui... isso significa que o seu objectivo ainda não foi cumprido. Se o seu objectivo não foi cumprido, então a parte mais importante da sua vida ainda não foi vivida... - Jones calou-se, à espera que Willow concluísse a sua ideia.

- Essa é a minha prova de esperança - disse ela baixinho.

- Pois é - concordou Jones. - Se a parte mais importante da sua vida é daqui para a frente, então, mesmo durante os tempos piores, podemos ter a certeza de que vai haver mais alegria de agora em diante, mais êxito a esperar, mais crianças para ensinar e ajudar, mais amigos para tocar e influenciar. Existe uma prova de esperança... para mais." - Andy Andrews

domingo, 26 de fevereiro de 2017




"Qualquer sentimento de perenidade é uma ilusão. A impermanência é a lei da vida. Somos como crianças ligadas aos nossos brinquedos. Como se o tempo desta aparente indiferença nunca acabasse. Ao crescermos vemos que tudo escorrega das nossas mãos. No entanto, ocultamos esta realidade, acreditando que recusando os factos nos será possível reter os seres e as coisas. O momento da morte é o momento último da verdade. Qualquer manipulação de si próprio e dos outros é impossível. Mentir a si próprio torna-se um entrave. Nada mais pode esconder, disfarçar esta realidade da impermanência. Ela apanha-nos de uma maneira implacável." - Dalai Lama

sábado, 25 de fevereiro de 2017




"O amor faz sofrer, mas quanto mais rendidamente padecemos, mais forte nos torna.

O poeta inglês Alfred Tennyson disse: «É melhor ter amado e perdido do que nunca ter amado.» É que conhecer o amor, mesmo correndo o risco de o perder ou sofrer por ele, é a experiência mais sublime que a alma pode experimentar.

Quando nos sentimos apaixonados, o nosso horizonte alarga-se e atrevemo-nos a coisas que antes nem teríamos sonhado. Como dizia Platão: «não há pessoa, por mais receosa que seja, que não possa converter-se num herói por amor».

Uma coisa que gera muito sofrimento desnecessário é a preocupação. Preocupar-se significa ocupar-se de algo antes de ela ter ocorrido, adiantar-se aos acontecimentos, sofrer por uma coisa que ainda não aconteceu, mas receamos que possa vir a ter lugar.

O único antídoto contra a preocupação é a ocupação. Quando nos entregamos activamente a uma coisa, já não sobra tempo nem espaço para nos preocuparmos.

Um amor maduro deve implicar ocupar-se mais com o outro e preocupar-se menos. Viver a relação e o amor no aqui e agora.

Se nos ocuparmos do outro, em vez de nos preocuparmos, pouparemos uma energia preciosa que desperdiçamos construindo cenários catastrofistas. Quando chegarem os problemas, se chegarem, então pô-los-emos em primeiro plano, não antes.

Amar alguém implica acompanhá-lo nos maus momentos e isso faz-nos sofrer. No entanto, se aceitarmos que o sofrimento faz parte da existência humana, em vez de o rejeitarmos e convertermos em tabu, poderemos extrair uma leitura positiva de cada situação. Apesar de o homem ser o animal que tropeça mais de uma vez na mesma pedra, isso não quer dizer que cada vez que nos levantemos não tenhamos aprendido alguma coisa.

Cada vez que nos levantamos tornamo-nos mais fortes. Não devemos evitar os conflitos e problemas, porque todos eles nos trazem valiosas lições. A partir do momento em que abrimos as portas à vida, temos de estar dispostos a emocionar-nos, a desfrutar, a sentir plenitude e alegria, mas também a sofrer.

O que não podemos fazer é recear a vida.

Preocuparmo-nos não evita o sofrimento, nem o próprio nem o alheio. Por muito que tentemos evitar os tropeções, eles fazem parte da vida e mostram-nos quem somos. Estar ao lado de outra pessoa em momentos de dificuldade é a mostra suprema de amor. Às vezes não é necessário dizer nada, basta estar. A pessoa amada agradece que estejamos ali, saber que pode confiar em nós e que não lhe viraremos as costas. 

Esse tipo de amor incondicional não está isento de dor, mas cria laços quase indestrutíveis que nos acompanharão na viagem da vida." - Allan Percy

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017




"Se você se concentrar continuamente nas coisas más da vida, em todas as coisas que não quer ou em todos os problemas possíveis, coloca-se num estado que apoia esse tipo de comportamento e resultados. Por exemplo, é uma pessoa ciumenta? Não, não é. No passado, pode ter produzido alguns estados ciumentos e os tipos de comportamento que daí advêm. Contudo, você não é o seu comportamento. Ao fazer este tipo de generalizações sobre si próprio, dá origem a uma crença que governará e dirigirá as suas acções no futuro. Lembre-se: o seu comportamento é o resultado do seu estado e o seu estado é o resultado das suas representações internas e da sua fisiologia, as quais pode mudar numa questão de momentos. Se, no passado, você foi ciumento, isso apenas significa que representou as coisas de uma forma que criou esse estado. Agora você pode representar as coisas de uma nova forma e produzir novos estados e comportamentos correspondentes. Lembre-se, temos sempre uma escolha acerca de como representamos as coisas para nós próprios. Se você cria uma representação em que a pessoa que ama o está a enganar, rapidamente se encontrará num estado de raiva e fúria. Você não tem qualquer prova de que isso é verdade, mas experimenta-o no seu corpo como se fosse, de forma que, quando a pessoa que ama chega a casa, você está desconfiado ou zangado. Neste estado, como é que trata a pessoa que ama? Normalmente não muito bem. Pode agredi-la ou atacá-la verbalmente, ou simplesmente sentir-se mal internamente e criar um outro comportamento de retaliação mais tarde.

Lembre-se: a pessoa que você ama pode não ter feito nada, mas o tipo de comportamento que você produz a partir de um tal estado vai provavelmente fazer com que ela queira estar com outra pessoa! Se for ciumento, você cria esse estado. Pode transformar as imagens negativas em imagens da pessoa que ama a esforçar-se por chegar a casa. Este novo processo de criar imagens colocá-lo-á num estado em que, quando a pessoa chegar de facto a casa, você se comportará de uma maneira tal que a vai fazer sentir-se desejada e, consequentemente, terá mais vontade de estar consigo. Pode haver casos em que um amante está realmente a fazer algo que você imaginou, mas para quê desperdiçar  toneladas de emoções antes de ter a certeza? A maioria das vezes é altamente improvável que seja verdade e, no entanto, você deu origem a tanta dor... e para quê?" - Anthony Robbins 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017




"As reacções emocionais que reprimimos, advenham elas de factores ambientais, de pessoas ou situações, induzem stress, que muitas vezes libertamos através dos hábitos. Quanto maiores as emoções reprimidas, maior a incidência dos hábitos.

Não foi só no local de trabalho que o stress tem vindo a subir. A estrutura familiar tradicional encontra-se em desintegração, cada vez com mais pais solteiros que se deparam com a responsabilidade avassaladora de criar os filhos sozinhos. Além disso, têm de conjugar as necessidades de um emprego a tempo inteiro com as suas e as das crianças. Invariavelmente, são estas as necessidades que acabam por ser sacrificadas, incrementando ainda mais os níveis de stress, pois, quando não obtemos satisfação, sentimo-nos vazios. Este vazio emocional leva-nos a procurar alguém ou alguma coisa que o preencha, o que nem sempre se traduz num benefício, especialmente se alguém se aproveita da nossa carência para criar uma situação abusiva. Também pode acontecer que nos viciemos numa substância qualquer, o que por sua vez também faz disparar os níveis de stress." - Ann Gadd

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017




"É difícil guardar a distância entre aquilo que a mente nos indica e o que materializamos na prática. Uma coisa é a ideia de liberdade e outra pôr os meios certos para a conquistar dentro de nós mesmos. Se hoje não modificarmos alguma coisa dentro de nós, nada nos poderá fazer pensar que amanhã seremos diferentes. A liberdade interior vai-se ganhando gradualmente. Não é uma ideia, é uma experiência. Não é uma crença, é uma vivência. Se o objectivo é alcançar a liberdade interior, é necessário um veículo que nos aproxime da mesma. Precisamos, para isso, de recorrer ao triplo exercício ético, mental e de desenvolvimento da sabedoria. Ninguém pode ganhar a liberdade interior em nome de outrem. O privilégio é nosso, o esforço é nosso." - Ramiro Calle

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017




"- Uma noite estava numa cidade, Chicago, se bem me lembro, e vi um homem a correr atrás de um chapéu na rua que voara da cabeça de alguém com o vento. Foi atropelado por um carro e morreu.

Walker, incomodado, olhou de lado para o velho e perguntou:

- Por que diabo me contou isso?

- Acho espantoso - respondeu Jones, sempre a olhar em frente - que uma pessoa possa perder tudo, atrás de nada. - Quarenta por cento - disse -, quarenta por cento das coisas com que te preocupas nunca irão acontecer.

Voltando o olhar para o guardanapo, Jones escreveu a seguir «30%».

- Trinta por cento - disse, levantando novamente o olhar - das coisas com que te preocupas são coisas que já aconteceram, no passado, e toda a preocupação do mundo não vai alterar o que aconteceu, pois não?

Walker concordou com um aceno de cabeça.

Jones escreveu «12%» no guardanapo.

- Calculo que doze por cento de todas as preocupações têm que ver com conjecturas inúteis sobre a nossa saúde. Doem-me as pernas. Terei cancro? Dói-me a cabeça. Terei um tumor? O meu pai morreu de ataque cardíaco quando tinha sessenta anos, eu tenho cinquenta e nove. - Jones levantou os olhos. - Estás a perceber?

- Estou.

- Dez por cento - disse a seguir, enquanto escrevia - são pequenos nadas que nos preocupam sobre o que os outros pensam. - Ergueu o olhar. - E não podemos fazer nada em relação ao que os outros pensam. 

Walker inclinou a cabeça para ler o guardanapo que estava virado ao contrário, na sua frente.

- Então, se a minha matemática está certa, restam oito por cento - disse ele a olhar para Jones. - Oito por cento para quê? 

- Oito por cento para as preocupações legítimas - respondeu Jones e levantou um dedo. - Mas... é de notar que estas preocupações legítimas são coisas que se podem, de facto, resolver. A maior parte das pessoas passa tanto tempo a recear coisas que nunca irão acontecer ou que não têm resolução que ficam sem energia para aquelas poucas que poderão tentar resolver.

- Eu sou assim - comentou simplesmente Walker.

- Agora já não - respondeu Jones. - Diz-me então quais são os pensamentos imediatos que tens em mente durante, digamos, os primeiros dez minutos, ao acordar de manhã?

Walker encolheu os ombros.

- Acho que... o que tenho de fazer, a quem tenho de telefonar, as coisas que tenho de tratar primeiro. 

- Esses seriam os problemas mais urgentes do dia?

- Sim. Absolutamente.

- Certo - adiantou Jones. - Não digo que não penses nas coisas que tens de fazer... mas quero que mistures também nesses alguns pensamentos de outro género. Deixa um bloco e um lápis ao lado da cama e quando acordares, agarra neles e durante mais ou menos os primeiros dez minutos da manhã leva-os contigo para onde fores. Quero que anotes nesse bloco as coissa da tua vida pelas quais te sentes grato. Podes pôr na lista nomes, objectos, sentimentos... qualquer coisa. Não te esqueças de incluir lençóis lavados e um tecto, sabendo que há milhões de pessoas que passaram a noite sem nenhum deles. Enquanto tomas o pequeno-almoço ou decides saltar essa refeição, lembra-te de que há milhões que nunca têm essa possibilidade. Jovem, sê generoso e criativo quando fizeres a lista das muitas coisas por que tens de estar grato. Não tenhas vergonha de escrever todos os dias as mesmas coisas. E anota-as, porque simplesmente pensar nisto não dá o resultado pretendido. - Jones sorriu abertamente. - Mas já sabes isso. Afinal, a batalha que estás a travar é com a tua própria imaginação!" - Andy Andrews

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017




"Reflicta nos diferentes aspectos da impermanência. Verificará que nada dura, nada é estável. As suas crenças, as suas emoções, os seus sentimentos pelos seres, os bens adquiridos, os objectivos fixados para o futuro, tudo pode transformar-se e desmoronar-se num instante. Tudo evolui, em permanência, apesar dos seus desejos e dos meios que instala para se tranquilizar - dando-lhe a ilusão de possuir aqueles que ama, os objectos que o rodeiam -, para o ajudar a acreditar na perenidade da vida. Tudo é levado a desaparecer, incluindo você próprio. E, no último momento, no momento da morte, estará só. Sozinho para enfrentar esta passagem. Reflicta nos diferentes aspectos da impermanência sem ocultar este último momento a fim de viver plenamente cada instante como se ele fosse o último. A partir daí, muitas das suas opções parecer-lhe-ão derisórias e irá directo ao essencial. É só assim que aprenderá o desprendimento e o verdadeiro valor dos seres, das coisas, daquilo que faz." - Dalai Lama

domingo, 19 de fevereiro de 2017




"Sem personalidade não há amor; não há amor realmente profundo.

Muitas pessoas tentam aparentar o que não são, ou porque acreditam que é o que os outros querem, ou porque não gostam de ser como são. São viciados na opinião dos outros e precisam desesperadamente da sua aprovação. 

Mas o verdadeiro amor não nasce da carência, de esperar que o outro preencha os vazios no nosso interior ou nos diga o que devemos fazer. Só amamos algo verdadeiramente se partirmos da aceitação daquilo que é. 

Só se nos aceitarmos como somos, incluindo as nossas feridas, é que poderemos ser donos da nossa vida. E, para isso, primeiro temos de nos conhecer. Assim, os outros poderão amar a pessoa que realmente somos e não uma máscara que criámos." - Allan Percy

sábado, 18 de fevereiro de 2017





"Já teve a sensação de estar a viver uma fase em que tem sucesso em tudo o que faz, uma sensação de que nada do que faça é mal feito? Um momento em que tudo parecia correr bem? Talvez fosse um jogo de ténis em que todas as bolas atingiam a linha ou uma reunião de negócios em que tinha todas as respostas. Talvez fosse um momento em que se espantou a si mesmo ao fazer algo heróico ou dramático que nunca pensou conseguir fazer. Provavelmente também teve a experiência oposta - um dia em que nada corria bem. Consegue provavelmente lembrar-se de ocasiões em que lhe correram mal as coisas que normalmente faz com facilidade, em que todas as portas estavam fechadas e em que tudo o que tentava fazer dava mau resultado.

Qual é a diferença? Você é a mesma pessoa. Devia ter os mesmos recursos à sua disposição. Então por que é que produz maus resultados numa vez e resultados fabulosos noutra? Por que é que mesmo os melhores atletas têm dias em que fazem tudo bem e depois têm outros em que nem pagando conseguem fazer um cesto ou marcar um golo? 

A diferença é o seu estado neurofisiológico no momento. Há estados habilitadores - confiança, amor, força interior, alegria, êxtase, crença - que originam um forte poder pessoal. Há estados paralisantes - confusão, depressão, medo, ansiedade, tristeza, frustração - que nos deixam impotentes. Todos nós entramos e saímos de estados bons e maus. Alguma vez entrou num restaurante e ouviu uma empregada rosnar: «Qué-que-vai-ser?» Acha que ela comunica sempre assim? É possível que ela tenha tido uma vida muito difícil e que seja sempre assim. Mas é mais provável que ela tenha tido um mau dia, gerindo demasiadas mesas, talvez piorado por alguns clientes. Ela não é má pessoa: está simplesmente num estado em que existe uma terrível ausência de recursos. Se conseguir mudar o seu estado, consegue mudar o seu comportamento. Compreender o estado é a chave para compreender a mudança e atingir a excelência. O nosso comportamento é o resultado do estado em que estamos. Fazemos sempre o melhor que podemos com os recursos que estão disponíveis, mas por vezes damos por nós em estados sem recursos. Eu sei que houve momentos da minha vida em que, enquanto num estado particular, fiz ou disse coisas de que mais tarde me arrependi ou pelas quais fiquei envergonhado. Talvez lhe tenha acontecido o mesmo. É importante recordarmo-nos desses momentos quando alguém nos trata mal. Assim, você cria um estado de compaixão em lugar de fúria. Afinal, quem tem telhados de vidro não deve atirar pedras ao vizinho. Lembre-se: a empregada de mesa e as outras pessoas não são só os seus comportamentos. A chave, então, é apoderarmo-nos dos nossos estados e, consequentemente, dos nossos comportamentos. E se você pudesse estalar os dedos e entrar no estado mais dinâmico e com a maior quantidade de recursos disponíveis, um estado no qual está excitado, seguro do seu sucesso, o seu corpo está a vibrar de energia, a sua mente está viva? Bem, mas pode." - Anthony Robbins 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017




"Quando um colaborador continua a entornar café em todo o lado, um filho molha a cama todas as noites ou o cônjugue nos critica constantemente, não percebemos o que está a acontecer. As coisas tornam-se confusas e muitas vezes reagimos de formas que mais tarde lamentamos. Os nativos americanos diziam que só podemos julgar alguém depois de caminhar uma milha nos seus sapatos. Ao compreender melhor os outros, tornamo-nos mais compassivos e atenciosos na ajuda que lhes podemos dar em qualquer assunto. Dessa forma, alcançamos muito mais resultados do que fofocando com os colegas de trabalho. 

Preste muita atenção. Uma coisa é procurar compreender outra pessoa e os seus problemas (enquanto reconhece os seus) e ajudá-la a descobri-los por si própria e outra, totalmente diferente, é despejar numa audiência curiosa os detalhes pessoais das atitudes de fulano tal. Dizer francamente ao seu superior que os seus hábitos de menosprezar os outros são apenas uma máscara para esconder as suas próprias fraquezas patéticas não vai arranjar-lhe amigos nem produzir outro resultado que não o seu próprio despedimento! Nunca exponha as «coisas» dos outros, a não ser que peçam expressamente a sua opinião e, mesmo aí, faça-o com compaixão e cuidado." - Ann Gadd

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017





"Era um sábio de tão avançada idade que na localidade onde vivia ninguém fazia ideia de quantos anos tinha. Ele próprio já se tinha esquecido visto que, entre outras razões, já havia transcendido todo e qualquer apego e ambição humana. Transcendera mesmo a noção do tempo. Um dia, sentado sob uma figueira, o olhar fundido com o horizonte e a mente quieta e limpa como um céu sem nuvens, ouviu uns passos ao longe. Dirigindo o olhar, pôde observar como um jovem punha uma corda à volta de um ramo e enlaçava uma das extremidades no pescoço. Rapidamente percebeu quais eram as intenções do jovem e, apesar do seu decrépito corpo, levantou-se de súbito e correu para onde estava o rapaz, rogando-lhe que desistisse do seu propósito.

- Não vejo razão para isso - disse secamente o jovem.

- Tens a eternidade pela frente, amigo, por isso ao menos concede-me dois minutos. Ouve-me.

- Se é só isso... - disse o jovem displicentemente.

Ancião e jovem sentaram-se no chão. Os olhos sossegados do velho cravaram-se nos olhos atormentados do do rapaz. O céu tingira-se de laranja e ouro. E o sábio expressou-se da seguinte maneira:

- Vou pedir-te uma coisa, rapaz. Imagina uma tartaruga, só uma, na imensidão do oceano, e que esta tartaruga só vem à superfície para respirar uma vez num milhão de anos. Agora imagina uma argola a flutuar sobre as águas do descomunal oceano. Ora bem, querido amigo, bem mais difícil do que a tartaruga introduzir a cabeça na argola quando a põe de fora a cada milhão de anos é o teres obtido forma humana. E agora, jovem, procede como achares conveniente.

Ainda hoje contam os aldeões que aquele jovem chegou a velho e se tornou muito sábio.

À margem de se saber se a vida tem ou não um sentido último, o sentido, propósito e significado da existência é o que cada um sabe dar-lhe a cada momento. Olhamos para tão longe que não vemos o que temos ao lado. Cada instante conta e podemos enchê-lo de plenitude, e podemos até aprender a elevar o rotineiro ao plano do sublime. Visto que todos fazemos parte deste mistério prodigioso e por vezes, é certo, pavoroso, que é o da existência, há que dar valor a cada momento para encontrar o seu próprio peso específico e convertê-lo num instrumento para a sua concretização." - Ramiro Calle

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017




"- Muita gente imagina um verdadeiro amigo como aquele que nos aceita como somos. Mas essa convicção é um lixo tóxico. - Fez um aceno de mão para afastar a ideia. - O miúdo que trabalha no drive-through no restautante local de fast food aceita-vos pelo que são, porque não se interessa minimamente por vocês. Mas um amigo verdadeiro tem-vos em maior conta. Um amigo verdadeiro faz sobressair o melhor que há em nós. - Jones espetou a cabeça para a frente e inclinou-se sobre a mesa, como se fosse dizer-lhes um segredo. - Um grande amigo dir-vos-á a verdade... e um grande amigo sensato incluirá uma dose saudável de perspectiva - disse em voz baixa.

- E o que é que devemos fazer? - perguntou Barry cautelosamente.

- Apenas responder a umas perguntas e ouvir. Poderá decidir se é verdade ou não - respondeu Jones.

Jan e Barry trocaram olhares, mas antes que algum deles pudesse falar, Jones avançou.

- Bom, então, estão com problemas conjugais.

Jan abriu a boca de espanto. Barry inclinou-se para a frente, chocado e perguntou:

- Como é que pode saber uma coisa dessas?

- Toda a gente sabe - respondeu Jones.

Os Hanson pareciam chocados.

- Toda a gente! - exclamou Barry num soluço. - Como?

Jones sorriu delicadamente.

- Porque são casados. Quando se é casado, esse é o tipo de problemas que surgem.

Jan e Barry estavam sem palavras. O que o velho acabara de dizer era tão verdadeiro que parecia uma tolice. Aliás, Jan não conseguiu evitar retribuir o sorriso a Jones.

- E a sua ideia é...? - inquiriu.

Jones, mal conseguindo conter uma gargalhada, disse: 

- Bom, ainda não é altura de ir ao cerne da questão, mas se tivesse de dar uma opinião agora seria de que entendessem que todas as pessoas, todas as vidas, ou estão em crise, ou a sair de uma crise, ou a encaminhar-se para uma crise; o casamento pode ser uma extensão natural disso. Queria que soubessem que as coisas não são tão más como parecem. Nunca! E nesta questão em particular, vocês não são diferentes de um bilião de outros casais. Mas, como de costume, falta-vos perspectiva.

- Minha jovem - disse Jones, delicadamente, a Jan -, o seu marido ama-a mesmo. Aliás, acredito que a ama muito, mas o dialecto que ele usa para comunicar é de palavras de aprovação. É o único dialecto que ele entende. E só ouvindo palavras de aprovação é que ele se sente amado. - Infelizmente, a forma como nos sentimos amados é, geralmente, a mesma forma como exprimimos o amor. Portanto, o seu marido fez tudo o que podia, repetidamente, por intermédio de palavras, para lhe dizer quanto a amava. Mas você nunca entendeu, porque não aprendeu o «dialecto» com que ele tentou comunicar esse amor. O dialecto que você usa é o dos favores e actos, percebe? - Meu jovem, disse para Barry -, o mais desesperadamente que pode, a sua mulher tem estado a tentar transmitir-lhe o seu amor fazendo coisas por si. Também está desesperada para que lhe diga «amo-te», fazendo coisas por ela! Mas como não entendeu o dialecto dela, esses favores e actos não parecem importantes para si e ela sentiu que não era amada." - Andy Andrews

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017




"Sinta sempre o outro de uma maneira positiva. Estabelecerá assim um sentimento de afinidade. E já não receará o olhar dos outros. Deixará de ter medo da apreciação dos outros, de ser rejeitado. Será autêntico, verdadeiro. Já não sentirá a necessidade de mentir a si próprio e de mentir aos outros a fim de se proteger. Ao aceitar aquilo que é, será plenamente aceite por aqueles que o rodeiam. Nunca mais se sentirá só nem depressivo." - Dalai Lama

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017




"O homem exige perentoriamente a felicidade e, no entanto, não a suporta muito tempo.

Uma pessoa pode aborrecer-se de ser feliz? Será felicidade ou será a monotonia que nos indica que alguma coisa corre mal?

Está demonstrado que um ser humano não pode ser infeliz sempre nem feliz o tempo todo.

Por exemplo, considera-se que alguém que ganhou a lotaria deverá sentir-se feliz. O que essa pessoa experimenta, porém, é mais um momento de euforia. Claro que nesse momento sente-se a pessoa mais afortunada do mundo e isso pode fazê-la pensar que é feliz. Mas esse sentimento não dura sempre. Porque por mais que essa lotaria vá solucionar-lhe alguns problemas, outros surgirão que antes não tinha.

Dizendo em poucas palavras: a felicidade só pode ser temporária. A boa notícia é que a infelicidade também o é.

O filósofo francês Pascal Bruckner refere que a sociedade criou uma exigência constante de felicidade. No seu livro A Euforia Perpétua diz que parece que somos obrigados a estar contentes, a demonstrar a nossa alegria, a esconder a infelicidade. 

O ser humano está exposto a reviravoltas e altos e baixos, a circunstâncias que mudam. Precisa de avançar, mover-se, decidir. E essa necessidade implica também rupturas, abandono, sofrimento. Como defende o budismo, o sofrimento faz parte da vida. Não podemos evitar os momentos de dor, de ruptura, mas devemos apreciar o que temos. Bernard Le Bovier de Fontenelle dizia que «esperar uma felicidade demasiado grande é um obstáculo para a própria felicidade». 

É pouco realista esperar uma felicidade imensa, eterna, perdurável, que preencha tudo. A felicidade encontra-se nas pequenas coisas, nos instantes e é preciso sorvê-los como se fossem néctar de ouro.

Não podemos estar sempre alegres, o mundo muitas vezes não nos dá motivos, mas um sorriso, uma carícia ou uma conversa podem dar-nos algo melhor que essa felicidade utópica: o apego positivo aos outros e à vida." - Allan Percy

domingo, 12 de fevereiro de 2017




"A palavra «poder» é muito emocional. As respostas das pessoas a essa palavra são variadas. Para algumas pessoas, o poder tem uma conotação negativa, ao passo que outras desejam o poder. Outras sentem-se manchadas por ele, como se fosse suspeito ou corrompesse. Quanto poder quer você? Quanto poder acha que é correcto obter ou desenvolver? O que é que o poder significa realmente para si? 

Eu não penso no poder em termos de conquista de pessoas. Não penso nele como algo que seja imposto. Não estou a advogar que deva fazê-lo, igualmente. Esse tipo de poder raramente dura. Mas deve perceber que o poder é uma constante no mundo. Você molda as suas percepções, ou alguém as molda por si. Você faz o que quer fazer, ou acomoda-se aos planos que outros têm para si. Para mim, o poder supremo é a capacidade de produzir os resultados que mais se deseja e de criar valor para os outros durante esse processo. O poder é a capacidade de mudar a sua vida, de moldar as suas percepções, de fazer as coisas funcionarem para si e não contra si. O poder real é partilhado, não imposto. É a capacidade de definir as necessidades humanas e preenchê-las - tanto as suas necessidades como as necessidades das pessoas de quem você gosta. É a capacidade de dirigir o seu próprio reino pessoal - os seus próprios processos de pensamento, o seu próprio comportamento -, de forma a poder produzir exactamente os resultados que deseja.

O modo como se sente não é o resultado do que está a acontecer na sua vida - é a sua interpretação do que está a acontecer. As vidas das pessoas de sucesso mostraram-nos vezes sem conta que a qualidade das nossas vidas é determinada não pelo que nos acontece, mas antes pelo que nós fazemos relativamente ao que acontece.

Você é quem decide como se sente e age baseando-se nas formas como escolhe apreender a sua vida. Nada tem significado além do significado que lhe damos. A maioria de nós passou este processo de interpretação para o automático, mas podemos readquirir esse poder e mudar imediatamente a nossa experiência do mundo." - Anthony Robbins 

sábado, 11 de fevereiro de 2017




"Rir frequentemente e muito; conquistar o respeito de pessoas inteligentes e o afecto das crianças; conseguir o apreço de críticos honestos e aguentar a traição de falsos amigos; apreciar a beleza, encontrar o melhor nos outros; deixar o mundo um pouco melhor, seja através de uma criança saudável, de uma caminho de jardim ou de uma condição social redimida; saber que pelo menos uma vida foi mais fácil porque você viveu. Isto é ter sido bem sucedido." - Ralph Waldo Emerson

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017





"Podemos mentir, perder constantemente as chaves, protelar, roer as unhas, batalhar para ser pontual, ressonar, mexer no cabelo, beber demasiado café ou fumar vinte cigarros por dia.

A maior parte das pessoas, ao ler esta lista, identifica-se com pelo menos um dos exemplos, se não com todos! Todos esses hábitos, além das centenas que não referi, podem ser irritantes e até funcionar em detrimento da saúde a longo prazo, mas parecem suavizar a tensão no imediato. Quando nos sentimos tensos, tristes ou zangados, uma sessão de cigarros ou de unhas roídas ajuda a aliviar o stress provocado pelas emoções, mesmo que depois nos arrependamos de o fazer. Teremos de o admitir, se tivermos que subir cinco andares a pé depois de fumar um cigarro, ou de esconder as mãos durante um encontro amoroso depois de uma sessão  enérgica de roer as unhas. 

No entanto, continuamos a repetir os mesmos comportamentos prejudiciais e sem sentido, raramente questionando a razão porque o fazemos. Mesmo a ameaça de perder o emprego, uma relação íntima, a saúde ou o respeito dos outros, raramente nos convence a mudar.

Todos repetimos comportamentos que nos fazem mal, quer a nível emocional, mental, espiritual ou físico. Os que reconhecem os seus hábitos prejudiciais não devem sentir-se sozinhos. Talvez não mastiguem coisas, alimentem vícios ou desvios sexuais. Mas, antes de puxarem o brilho às auréolas, perguntem ao vosso parceiro, amigos, familiares ou colegas de trabalho quais são os vossos hábitos e pode ser que tenham uma grande surpresa!

Talvez sejam completamente alheios ao facto de falarem alto de mais, coçarem as virilhas enquanto estão a pensar, fungarem muitas vezes ou brincarem com o cabelo. Mesmo que os seus hábitos não sejam tão óbvios como o tabaco, os narcóticos ou a bebida, pode ser que precise de deitar três colheres de açúcar no chá, ache difícil resistir ao chocolate ou esteja viciado em ser doce e educado em vez de verbalizar a raiva que realmente sente.

Por que será que o comportamento habitual é tão intrínseco à nossa existência? E que propósito serve? Até agora, sempre ignorámos, negámos ou menosprezámos os nossos hábitos, mas, quanto mais sabemos sobre as ligações da mente e do corpo, mais temos que reconhecer a relação entre o que fazemos fisicamente e o que sentimos emocionalmente." - Ann Gadd

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017




"Deus sentia-se muito só. Para superar a sua solidão, tinha criado uns seres que lhe faziam companhia. Mas esses seres sobrenaturais encontraram a chave da felicidade e fundiram-se com o Divino, que voltou a ficar só e sumido no seu triste sentimento de solidão. Reflectiu demoradamente. Era Deus mas não queria estar sozinho. Pensou que tinha chegado o momento de criar o ser humano, mas intuiu que este poderia encontrar a chave da felicidade, que descobriria o caminho até Ele e com Ele se fundiria. Não, não queria ficar só outra vez. Perdurou no seu pensamento e perguntou-se onde poderia esconder a chave da felicidade para que o Homem não a pudesse encontrar. Não era fácil. Primeiro pensou ocultá-la no fundo do oceano, depois numa caverna nos Himalaias, depois noutra galáxia. Mas estes lugares não o satisfaziam. Passou a noite em claro, perguntado-se onde seria o lugar mais seguro para esconder a chave da felicidade. Sabia que o ser humano acabaria por descer ao oceano mais abismal e que a chave não estaria segura aí. Também não estaria segura numa gruta nos Himalaias porque, mais cedo ou mais tarde, o Homem escalaria até aos cumes mais elevados e encontrá-la-ia. Nem sequer estaria segura noutra galáxia, já que o Homem chegaria a explorar os vastos universos. Ao amanhecer, continuava a perguntar-se onde ocultá-la. E quando o sol começava a desvanecer a bruma matutina com os seus raios, de súbito ocorreu-lhe um lugar no qual o ser humano nunca procuraria a chave da felicidade: dentro de si mesmo. Criou então o ser humano e, no seu interior, colocou a chave da felicidade." - Ramiro Calle

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017




"(...)

- Então, o que é que estás a comer? - perguntou Jones olhando-me com um sorriso.

Levantei o olhar, confuso. Limpei a boca com as costas da mão, engoli e disse: 

- O quê? Sabe o que estou a comer. O mesmo que você.

- A sério? - provocou-me o velho com um olhar astuto. - Não sei porquê, mas duvido. Ora vamos lá ver... Inclinou-se para olhar para a minha comida e depois olhou novamente para mim. - O que é que estás a comer? - repetiu. - E onde é que estás a comer isso? - Ao ver que eu tinha ficado mais confuso do que nunca, acrescentou suavemente: - Não é um truque; responde apenas às perguntas.

Ergui as sobrancelhas.

- Bom... - Levantei as mãos, como se dissesse «Ainda não percebi onde quer chegar», e respondi: - Acho que estou...

- Não aches. Diz-me.

- Certo. Estou a comer sardinhas e salsichas alemãs.

- Onde?

- Na areia.

Jones sorriu.

- Foi o que eu pensei. - Acenou com a cabeça. - Pensei que fosses responder assim. Bom, os livros vão ajudar, mas eu também posso dar uma ajuda.

- Jones, está a falar do quê? - perguntei, sacudindo a cabeça.

- A tua visão, meu rapaz, está incrivelmente toldada, neste momento, mas tenho a certeza de que podemos abrir um caminho da tua cabeça ao teu coração e daí ao futuro.

- Ainda não entendo. 

Sentia-me frustrado, mas curioso.

Jones pousou a sua mão no meu ombro e disse:

- Sei que não entendes e não esperava que entendesses - aproximou-se mais de mim -, porque te falta perspectiva. - Riu-se da minha expressão, mas continuou: - Meu caro jovem, só vês a areia que tens aos pés e aquilo que estás a comer e que desejavas que fosse diferente. Não te digo isto como censura. Os teus pontos de vista são muito comuns. A maior parte das pessoas é como tu, desgostosas com elas próprias pelo que são, pelo que comem, pelo carro que conduzem. A maioria de nós nunca se detém para pensar que existem, literalmente, milhões de pessoas no mundo que não têm as nossas bençãos e as nossas oportunidades, que não têm nada que comer, nem esperança de alguma vez terem um carro. 

»É verdade que a situação em que te encontras está recheada de dificuldades, mas também está repleta de benefícios. - Jones fez uma pausa, para reflectir melhor, franziu os olhos e depois continuou: - Olha, para ti, meu jovem, há uma lei do universo, existem muitas, é certo, mas uma delas é especialmente aplicável à tua vida presente. Lembra-te de que tudo aquilo em que te concentras, aumenta.

Franzi o sobrolho, tentando apanhar o sentido das suas palavras. Felizmente, Jones não me deixou a adivinhar e continuou a explicar:

- Quando te concentras nas coisas de que precisas, vais achar que essas necessidades aumentam. Se concentrares os teus pensamentos naquilo que não tens, em breve, estarás a concentrar-te noutras coisas que até tinhas esquecido que não tens... e vais sentir-te pior! Se te concentrares na perda, é mais provável que percas... Mas uma perspectiva de gratidão traz felicidade e abundância à vida das pessoas. 

Jones viu a dúvida estampada no meu rosto. Pousou as suas latas e remexeu-se para ficar de frente para mim.

- Pensa nisto: quando estamos felizes e entusiasmados, os outros gostam de estar ao pé de nós, certo? - perguntou.

- Acho que sim - respondi.

- Nada de achar - respondeu-me Jones. - Quando estamos felizes e entusiasmados, as outras pessoas gostam de estar ao pé de nós. Sim ou não?

- Sim. 

- E sabendo que as oportunidades e os incentivos vêm das pessoas, o que é que acontece a alguém com quem todos gostam de estar?

Eu começava a compreender.

- Arranja mais oportunidades e incentivos? - arrisquei.

- Certo - concordou Jones. - E o que sucede a uma vida cheia de oportunidades e incentivos? - Quando abri a boca para falar, o velho falou por mim. - Uma vida cheia de oportunidades e incentivos descobre cada vez mais oportunidades e incentivos e o êxito torna-se inevitável. 

Ao ver aflorar a esperança e uma nova compreensão na minha expressão, Jones levantou um dedo.

- Mas devo avisar-te de que o contrário deste princípio também é verdadeiro. Quando uma pessoa é negativa, queixosa e desagradável, os outros afastam-se e essa pessoa recebe menos incentivos e menos oportunidades, porque ninguém quer estar ao pé dela. E já sabemos o que acontece a uma vida sem oportunidades e sem incentivos...

- As coisas pioram cada vez mais - respondi.

Jones calou-se por um momento para deixar assentar a verdade desta minha última interiorização e a seguir apresentou um plano de acção.

- Então como é que nos tornamos uma pessoa ao pé de quem os outros querem estar? Deixa-me fazer-te uma sugestão. Faz todos os dias a ti próprio a seguinte pergunta: «O que há em mim que os outros mudariam, se pudessem?»

Pensei por um momento e respondi à pergunta com uma pergunta.

- Jones, e se eu receber uma resposta sobre alguma coisa que não quero mudar?

O velho soltou uma risadinha sufocada e respondeu:

- Para começar, a pergunta não era direccionada a ti. A pergunta era, o que é que os outros mudariam em ti, se pudessem. - Sentindo a minha incerteza, explicou: - Olha, filho, não estou a dizer que devias viver a tua vida de acordo com os caprichos dos outros. Estou simplesmente a salientar que se queres tornar-te uma pessoa influente, se quiseres que os outros acreditem nas coisas em que acreditas ou comprem o que estás a vender, então esses outros têm, pelo menos, de se sentir confortáveis ao pé de ti. Uma vida de sucesso tem muito que ver com a perspectiva. E a perspectiva de outra pessoa acerca de ti pode, por vezes, ser tão importante como a tua perspectiva sobre ti próprio.

- A propósito, tu comeste sardinhas e salsichas alemãs, na areia. Eu jantei na relva, à beira-mar com vista para o oceano. - Soltou um sorriso trocista e deu-me uma palmada nas costas. - É tudo uma questão de perspectiva." - Andy Andrews

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017




"Não perca tempo, o tempo é precioso, cada segundo conta, cada segundo é único, insubstituível, cheio de fantásticas possibilidades.

Dilapidamos o tempo como crianças imaturas que se crêem eternas. Estamos constantemente a adiar o que podemos fazer no próprio dia. E deixamos passar muitas possibilidades de agir, de ser feliz, de tornar os outros felizes. Quem pode afirmar que ainda cá estará amanhã. Reflictam no sentido das vossas vidas, a esperança de um futuro é vã, a realidade está no presente. Não prejudiquem os outros, testemunhem-lhes o vosso amor, impliquem-se nas suas vidas." - Dalai Lama

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017




"Para que possa surgir o possível é preciso tentar várias vezes o impossível.

No filme de Gabriele Muccino, Em Busca da Felicidade, a personagem do pai, interpretada por Will Smith, diz ao filho: «Não permitas que ninguém diga que és incapaz de fazer uma coisa, nem mesmo eu. Se tens um sonho, deves conservá-lo. Se queres alguma coisa, vai procurá-la e ponto final. Sabes? As pessoas que não conseguem atingir os seus sonhos costumam dizer aos outros que também não irão cumprir os seus.»

Em muitas ocasiões encontramo-nos com pessoas como as que este parágrafo descreve, vampiros emocionais que não suportam que outros consigam o que elas não foram capazes. Por isso empenham-se em demonstrar como é impossível ou absurdo o empreendimento que se quer realizar. É mais simples para eles arruinar os sonhos dos outros que reiniciar o caminho para conseguir os seus. Por isso é preciso evitar, ou pelo menos ignorar, este tipo de pessoas. 

A história e a ciência são protagonizadas por homens e mulheres que se recusaram a atirar a toalha. Mais vale tentar e enganarmo-nos que lamentar nunca o ter feito.

Se no fim não conseguimos operar a alquimia que converte o impossível em possível, pelo menos teremos aprendido, como quando perguntaram a Edison se não desanimava depois de queimar tantas lâmpadas sem êxito. A sua resposta foi: «Mesmo nada, agora sei mil maneiras diferentes de não fazer uma lâmpada

Como aconteceu com o inventor norte-americano, se continuares a provar o que parece impossível, talvez um dia descubras que deixou de o ser." - Allan Percy

domingo, 5 de fevereiro de 2017




"A maior parte dos princípios religiosos decorrem da observação dos comportamentos e sentimentos humanos. Têm por objectivo desenvolver as qualidades humanas positivas, como a compaixão, a bondade, a benevolência. Os ensinamentos e a prática ajudam o discípulo budista a realizar o nirvana, a libertação de todo o sofrimento. Desejar alcançar este objectivo último não significa, porém, que devamos negligenciar as nossas condições de vida. Estas, quando são boas, permitem-nos, de facto, ajudar mais facilmente os seres vivos. Por exemplo, é impossível viver sem dinheiro. Não se trata, portanto, de pôr em causa a sua importância, mas de o situar no seu justo lugar, não o considerando um deus todo-poderoso. É falso pensar que pode cumular as nossas necessidades essenciais e fundamentais. É prioritário ter um espírito saudável, que funcione de maneira positiva, a fim de ter o coração em paz. Tudo o resto virá por acréscimo." - Dalai Lama

sábado, 4 de fevereiro de 2017




"Quantos de nós nunca exploramos o mundo exterior, com receio de experimentar as coisas que preferimos evitar? Da mesma forma, preferimos descansar nos nossos eus emocionais, em vez de nos embrenharmos nas suas entranhas, acreditando que somos mais felizes assim.

Compreender raramente é confortável. Quanto mais compreendemos, menos somos capazes de aderir a velhas maneiras de ser. Mesmo que a descoberta de novas características do nosso mundo físico possa ser um desafio, descobrir mais sobre o mundo emocional pode ser uma coisa inquietante. É preciso coragem para confrontar os nossos lados mais sombrios e muitas vezes não estamos preparados para o fazer. Reagimos com negação e hostilidade às ideias que ameaçam a imagem que criámos de nós próprios.

A nossa sombra é aquele sítio onde escondemos todas as partes que consideramos inaceitáveis, ou que a sociedade ou a família nos dizem que não estão bem. Carregamo-la connosco, muitas vezes sem termos consciência da sua própria existência. No entanto, ela espreita dolorosamente através do nosso comportamento, quando menos esperamos. Ignoramos as explorações e, ao evitarmos o desconforto, esperamos que ele desapareça.

Mas é nesse lado sombrio que muitas vezes se esconde o ouro. E é trabalhando nestes temas e libertando-os que encontramos a verdadeira paz e sentido de unidade. Nem sempre é uma jornada agradável, mas a recompensa de se tornar mais consciente vale bem o esforço. Poderá ler sobre os seus hábitos e modos de agir, sentir-se irritado com esses esclarecimentos e negar que sejam válidos no seu caso. Essencialmente, isso deve-se ao facto de eles poderem significar que você reconhece a necessidade de mudar e, como todos sabemos, para a maioria das pessoas a mudança é tão excitante como um duche gelado a meio do Inverno! 

A vida é mais do que uma labuta diária para se ir vivendo. Tem a ver com a descoberta de nós mesmos, a unidade completa (sagrada) de quem somos. Porém, para alcançar esta compreensão, muitas vezes temos que peneirar as camadas de percepções e conceitos calcificados sobre quem somos." - Ann Gadd

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017




"Em qualquer ser humano encontra-se o real e o adquirido; o essencial e o aparente. A busca do bem-estar exterior deve ser associada e complementada com a busca do bem-estar interior. Se uma pessoa puser toda a sua energia ao serviço da aparência, da imagem e da personalidade, consumirá a sua vida cativa dos reflexos, e de costas viradas para a sua natureza real, ou essência. É preciso aprender a distinguir entre o acessório e o substancial mediante o discernimento correcto, e ir recuperando esse «eu verdadeiro», diferente do «eu social»." - Ramiro Calle

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017




"(...)

- Jovem - disse Jones, enquanto afastava dos olhos uma madeixa de cabelo branco -, o que é que achavas se eu te dissesse que sim, que as tuas opções e decisões erradas tiveram um papel no facto de acabares aqui debaixo do cais, mas que, além disso, é precisamente aqui que deverias estar, para poderes vir a ter um futuro que, nesta altura, nem sequer consegues imaginar?

- Não entendo - respondi. - E se entendesse não me parece que acreditasse.

- Vais acreditar. Um dia vais acreditar. Confia em mim - respondeu Jones. E a sorrir acrescentou: - A verdade, filho, é que toda a gente parece interpretar de forma errada essa frase que me atiraste há bocado. Porque é que toda a gente pensa, quando se diz que «Deus põe uma pessoa, segundo o Seu coração, onde Ele quer que ela fique», que isso significa que Deus nos põe no cimo de uma montanha ou numa grande casa ou no primeiro lugar da fila?

»Pensa comigo... toda a gente quer estar no topo da montanha, mas, se pensares, o topo das montanhas é rochoso e frio. Nada cresce lá em cima. A vista é bela, é verdade, mas para que serve a vista? Uma paisagem só nos dá um vislumbre do nosso próximo destino... o nosso próximo objectivo. Mas, para alcançarmos esse objectivo, temos de descer a montanha, atravessar o vale e começar a trepar a encosta seguinte. É no vale que caminhamos penosamente pela erva viçosa e o solo fértil, aprendendo e transformando-nos na pessoa que conseguirá subir ao próximo pico da vida.

»Por isso, o meu argumento é que estás, exactamente, onde devias estar. - Fazendo uma concha o velho encheu as duas mãos com areia branca e deixou-a escapar-se por entre os dedos. - Pode parecer-te simples areia, filho, mas não há nada de menos verdadeiro. Digo-te que quando deitares a cabeça esta noite, estarás a dormir sobre solo fértil. Pensa. Aprende. Reza. Planeia. Sonha. Porque em breve... tornar-te-ás." - Andy Andrews

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017




"É assustador pensar em quantas coisas são feitas e desfeitas com as palavras; elas estão tão afastadas de nós, encerradas na eterna imprecisão da sua existência secundária, indiferentes às nossas necessidades extremas; elas recuam no momento em que as agarramos; elas têm a sua vida, e nós, a nossa." - Rainer Maria Rilke