segunda-feira, 30 de novembro de 2015



"Parece simples, mas muitas pessoas sentem-se mal de cada vez que têm de dizer não; sentem-se incapazes de o fazer e, muito contrariadas, acabam por dizer sim.
No entanto, temos direito a ser nós mesmos, a expressar e a julgar os nossos sentimentos, opiniões e emoções, com a única limitação de respeitar as dos outros.
Mas também temos direito de mudar de parecer, de cometer erros, de dizer «não sei», de não depender dos sentimentos dos outros, de tomar decisões alheias à lógica, de dizer «não entendo» ou «não me importo», de decidir se nos incumbe a responsabilidade de encontrar soluções para os problemas de outras pessoas, de não dar razões ou desculpas para justificar a nossa conduta. Definitivamente, temos direito de ser felizes." - Maria Jesus Alava reyes



 «Quem não tem coragem encontra sempre uma filosofia que o justifica.» - Albert Camus

"Ouvimos frequentemente que os corajosos, os que arriscam, os que jogam e apostam por uma vida diferente, por criar novas circunstâncias cuja construção se prevê difícil, mesmo impossível, são uns loucos. Talvez a coragem não tenha nada a ver com a loucura. Provavelmente a coragem, mais que a ausência de medo, é a consciência de que há algo pelo qual vale a pena arriscar.
A coragem é força ao serviço do amor e da consciência. A coragem move-nos porque acreditamos que aquilo que queremos criar, mudar, construir, faz sentido. Faz tanto sentido que nos pode levar a suportar novos medos, a enfrentar dragões internos e externos, e partir numa viagem da qual regressaremos completamente transformados, ou porque conseguimos encarnar o desejo que nos levou a partir, ou porque, por detrás da aparente derrota, aprendemos algo novo que nos levará a ver com outros olhos a vida, os outros e até nós próprios. Seja como for, teremos crescido na viagem interior se formos capazes de fazer alquimia da dor e não nos deixarmos enlouquecer pelo êxito ou pela realização, se tivermos sido abençoados por estes.
Os nossos desejos e a nossa coragem andarão sempre de mão dada. O desejo convida-nos a crescer e a coragem faz-nos crescer. O primeiro é semente, é potência, é ideia; o segundo é acção, transformação, realidade. E nessa dança, o desenvolvimento espiritual e real que nos proporciona a coragem alimenta novos desejos numa espiral cada vez menos densa e mais subtil. A dança dos nossos desejos e da nossa coragem é aquela que transforma a nossa vida e a de todos os que nos rodeiam; é a terra sobre a qual se constrói a Boa Vida. É essa extraordinária dança que faz com que as utopias do passado sejam realidade hoje e que as nossas utopias de hoje sejam, talvez, a realidade de amanhã." - Alex Rovira

domingo, 29 de novembro de 2015



"Não há nada que seja mais seu do que os seus sonhos!
William Faulkner dizia que os sábios tinham sonhos suficientemente grandes para não os perderem de vista enquanto os perseguiam.
Tudo o que levamos a cabo já foi imaginado antes. No ecrã da mente visualizamos aquilo que poderia ser antes de procurarmos os meios para torná-lo realidade. As conquistas têm lugar para além da imaginação, mas antes foram forjadas nela.
O destino de um ser humano depende da grandeza dos seus sonhos, independentemente de tentar realizá-los. O problema é que muitas pessoas abandonam os sonhos na infância ou na adolescência e adoptam posturas derrotistas como «a vida é assim» ou «é preciso ganhar a vida».
Com esta atitude derrotista, é impossível alcançar algo de importante neste mundo. Não há nada mais nosso do que os nossos sonhos; logo, se os esquecemos, estamos a abdicar também de uma parte muito importante de nós próprios: a capacidade de tornar os nossos desejos mais íntimos realidade.
Faça uma lista com os seus maiores sonhos. Quais já se concretizaram? Quais fracassaram? Quais é que abandonou a meio do caminho? E o mais importante: qual é o sonho a que se vai dedicar a partir de agora?" - Allan Percy


"Às vezes todos os nossos esforços de comunicação são vãos, se previamente não conseguirmos criar um clima de confiança com o nosso interlocutor. Da mesma forma, quantas vezes nos arrependermos de termos dado a nossa confiança a pessoas que não a mereciam, que depois nos falharam ou inclusive nos traíram?
Cruzamo-nos com frequência com pessoas que rapidamente nos concedem confiança e outras que, pelo contrário, parecem resistir ao máximo. Pela nossa parte, uma premissa essencial deve ser não julgar. Não julgar significa não alimentar em nós pensamentos do estilo de: «que antipático!», «deve estar a achar»... Já sabemos bem que estes pensamentos nos indispõem e nos criam uma emoção que só ajudará a alimentar mais esse clima de falta de confiança. 
A história de cada um, as vivências que teve, as circunstâncias da vida... podem tê-lo condicionado ao ponto de ter adoptado uma série de defesas, como um muro intransponível, que o preservam face a possíveis agressões ou deslealdades.
Não devemos gastar as nossas energias por nos sentirmos injustamente tratados. Pelo contrário, é melhor que as canalizemos para conseguirmos que essa pessoa, talvez muito desconfiada ou muito ferida, possa valorizar a nossa atitude e nos conceda finalmente a sua confiança. 
Para criar um clima de confiança temos de ganhar essa confiança previamente e para tal, agirmos com delicadeza, sabendo observar, escutar, analisar, respeitar e, quando for necessário, falar. Mas fá-lo-emos sempre sem teatralizar, de uma forma simples, espontânea e calorosa. A outra pessoa tem de se sentir descontraída para nos dar a sua confiança; e não há nada que nos descontraia mais do que sentir que temos à nossa frente uma pessoa leal, sincera, compreensiva, generosa e, acima de tudo, «muito humana».
É importante que assumamos que ninguém tem o direito de forçar-nos! Ouvimos muitas vezes frases do estilo: parece mentira que não confies em mim! Como é possível que não me concedas a tua confiança? És tão desconfiado! Assim não vais a lado nenhum!...
Recordemos: a confiança, como os sentimentos, não se força, ou se sente ou não se sente. Dada a implicação emocional que têm os nossos sentimentos, uma vez que os sentimos, não nos fará mal comprovar que não estamos equivocados; porque habitualmente sentimos com o coração, não com a razão e... às vezes pagamos por isso um preço demasiado alto: o preço das nossas emoções feridas, a dor do desengano, a frustração da traição!
Não estou a proclamar o elogio da desconfiança; o que quero transmitir é que a nossa confiança é muito valiosa, tão valiosa que às vezes é perigosa, pois deixa-nos com o coração aberto, quase sem defesas e, excepto se tivermos uma confiança sem limites em nós mesmos e uma auto-estima gigantesca, o melhor será que estejamos atentos a quem a damos; sobretudo se somos daqueles que depois sofrem muito quando se sentem decepcionados ou traídos." - Maria Jesus Alava Reyes

sábado, 28 de novembro de 2015



"É curioso, e ao mesmo tempo triste, que a definição que encontramos no dicionário sobre a palavra «risco» só faça referência à possibilidade de perda ou de fracasso, não fazendo menção alguma ao cumprimento de um desejo, à realização, ao fracasso ou ao êxito que vem precedido do acto de arriscar. Refere-se no dicionário que o risco é contingência ou proximidade de um dano, o estar exposto a perdas, entre outras desgraças. Ou seja, apresenta-se o risco como uma possibilidade de perder o que temos ou de não alcançar o que desejamos. A ser assim, quem é que arrisca? Paralisados pelo medo de perder, perdemos, já que não nos atrevemos a inovar, a investir, a apostar, a jogar para criar novas circunstâncias que melhorem o nosso ambiente e de quem nos rodeia." - Alex Rovira


"Ser adulto é voltar a encontrar a seriedade com que se brincava na infância.
Este era um assunto com o qual Nietzsche se preocupava sobremaneira, afirmando mesmo que «dentro de um verdadeiro homem há uma criança que quer brincar».
Para o filósofo alemão, acreditar que os contos de fadas e os jogos são coisas de crianças é um sinal de grande miopia intelectual, pois só alguém capaz de conservar a curiosidade e o espírito lúdico da infância terá a tendência para alcançar sempre novos feitos.
A criança encara o seu jogo como um trabalho e os contos de fadas como uma verdade, e é precisamente essa postura que os cientistas, os artistas e os intelectuais assumem. Por isso, devemos sempre ter um pé no mundo da fantasia.
Hans Christian Andersen dizia que «os contos de fadas são escritos para que as crianças adormeçam mas também para que os adultos acordem».
Talvez tenha chegado o momento de deixarmos o mundo dos adultos um pouco de lado e começarmos a alimentar a nossa alma criativa com as inspirações que a preenchiam quando éramos crianças." - Allan Percy 

sexta-feira, 27 de novembro de 2015



"«O silêncio tem um significado diferente para cada pessoa. Do ponto de vista psicológico, o silêncio é absolutamente necessário para as nossas vidas, proporciona-nos equilíbrio, calma e estabilidade.»
Por isso, perante a comummente aceite crença de que o silêncio se produz quando alguém está triste, assinalava que «é um conceito erróneo. O que acontece é que há factores culturais e ambientais que condicionam os nossos costumes e as nossas formas de pensar. O silêncio na cultura oriental é fonte de paz interior e de equilíbrio; no entanto, no nosso contexto associou-se o silêncio a situações de tristeza ou solidão. Aqui parece que as pessoas que estão bem necessariamente têm de se estar a rir, mas quantas pessoas que se riem externamente arrastam sofrimento no seu interior?»
É certo que há pessoas que se sentem incomodadas pelo silêncio; mas como sublinhava, «são pessoas que habitualmente se sentem vulneráveis e que estão condicionadas por diversas experiências nas quais o silêncio se uniu ao mal-estar. Normalmente são pessoas inseguras que sofrem pelo que os outros possam pensar sobre elas».
Quanto aos homens se sentirem mais cómodos com o silêncio do que as mulheres, expunha que «habitualmente é assim, sobretudo quando estão em casa. As mulheres têm uma maior necessidade de partilhar experiências, de falar, de dialogar, de comunicar; pelo contrário, os homens falam mais fora de casa, com os amigos ou com as pessoas do trabalho, mas em família costumam ser mais moderados. A imagem do homem em casa a ler o jornal ou a ver televisão e a fazer cara de contrariado quando alguém o interrompe, ainda se repete com demasiada frequência, sobretudo em homens de uma certa idade».
Mas, segundo o ditado popular, há silêncios que matam! «Efectivamente, o silêncio pode ser uma arma letal quando se utiliza em tom agressivo ou depreciativo. Mas também há silêncios cheios de cumplicidade, são os silêncios partilhados, silêncio íntimos; silêncios relaxantes, expectantes; silêncios cheios de respeito...»
Perante a pergunta: O silêncio pode ser positivo?, respondia:
O silêncio bem utilizado é a melhor ferramenta para desactivar tensões, potenciar encontros e eliminar erros na linguagem. O silêncio pode facilitar a comunicação mais íntima e profunda entre as pessoas. 
O poder do silêncio é enorme: as mensagens no meio do silêncio, a comunicação envolta em silêncio, a ruptura criada pelo silêncio, a cumplicidade cheia de silêncios partilhados... Que força tem o silêncio!" - Maria Jesus Alava Reyes


"«Ainda que nada mude, se eu mudar, tudo muda.» - Honoré de Balzac

Embora, por vezes, contemos com a confiança daqueles que nos amam como combustível emocional para arriscarmos, criar novas circunstâncias ou provocar mudanças significativas na nossa vida, o caminho para a Boa Vida constrói-se na solidão das nossas decisões. «Se quiser, pode!», dizem-nos aqueles que gostam de nós para nos dar força perante o repto da adversidade. O apoio externo pode ser uma ajuda extraordinária, mas o caminho criamo-lo nós, passo a passo, com os nossos próprios pés. O outro pode dar-nos ânimo e ter influência, pode ajudar-nos com a sua confiança e expectativas positivas, mas o caminho é um processo individual em que a responsabilidade e a vontade devem surgir necessariamente de nós próprios.
«Mais faz aquele que quer do que aquele que pode!» é também o argumento que frequentemente pretende explicar como alguém conseguiu algo que parecia impossível dadas as suas faculdades, condições ou circunstâncias, até mesmo quando o seu ambiente mais próximo, apesar de o apoiar com veemência, não via qualquer possibilidade de essa pessoa conseguir alcançar o objectivo ou o repto que se lhe apresentava. Será verdade que querer é poder? Realmente fará mais aquele que quer do que aquele que pode? Até que ponto a vontade, a perseverança, a fé e o propósito vencem a adversidade e as circunstâncias desfavoráveis?" - Alex Rovira

quinta-feira, 26 de novembro de 2015



"De que vale o ronronar de alguém que não sabe amar, como os gatos?

A ideia de que os gatos não sabem amar é discutível. Simplesmente, amam à sua maneira. O que é certo é que às vezes esforçamo-nos por gostar de algumas pessoas que já decidiram não nos amar. Contra este vício nada produtivo, P. Gardner tece a seguinte reflexão:

O que se aprende na idade adulta não são coisas simples,
como adquirir capacidades e informação.
Aprende-se a não incorrer em condutas autodestrutivas,
a não desperdiçar energia por causa da ansiedade.
Descobre-se como dominar as preocupações
e que o ressentimento e a autocompaixão
se encontram entre as drogas mais tóxicas.

Aprende-se que o mundo adora o talento,
mas recompensa o carácter.
Compreende-se que a maioria das pessoas
não está nem a favor nem contra nós, 
está, sim, concentrada em si própria.

Aprende-se, enfim, que por maior que seja o nosso empenho
em agradar aos outros
haverá sempre pessoas que não gostam de nós.
Esta é uma lição difícil no início,
mas que depois acaba por ser muito tranquilizadora." - Allan Percy


"Fechemos de vez em quando os olhos e pensemos em qual do nosso olhar gostaríamos de ver; concentremo-nos nele até que estejamos certos de que aflora aos nossos olhos, nesse momento voltemos a olhar para nós: surpreender-nos-á a força do nosso olhar, a vivacidade da nossa expressão, a vida do nosso rosto.
Não nos contentemos em reflectir olhares sem vida; olhares vazios, descaídos, sem energia...; olhares que transmitem cansaço que é tão comum hoje em dia. Se observarmos à nossa volta, infelizmente esse tipo de olhares é o que «mostra» a maior parte das pessoas, mas os olhares que nos atraem são os olhares «vivos», «alegres», «com brilho», «com ternura»... olhares conciliadores ou olhares conquistadores, mas sempre «olhares que reflictam luz». Para nos sentirmos «às escuras», já temos demasiadas sombras à nossa volta." - Maria Jesus Alava Reyes 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015



" «Muitas pessoas perdem as pequenas alegrias enquanto esperam pela grande felicidade.» - Pearl S. Buck

Poderemos sempre chegar à felicidade pela mão da alegria. Muito temos a aprender com os humanos que, na sua nudez, nunca tiveram necessidade de partir a cabeça para tentarem compreender o que é a felicidade. Eles experimentam, simplesmente, a alegria. Esta é a mais directa, mais simples, mais fácil, mais inocente e mais tangível que a felicidade.
A alegria espera-nos nas pequenas coisas da vida para nos sussurrar ao ouvido que, através dela, poderemos ser felizes. É realmente difícil ser feliz se procurarmos incessantemente e com angústia saber no que consiste a felicidade. Porque a felicidade não é um lugar ao qual se chega, mas sim uma maneira de andar. Não é um destino, é um sintoma que aparece ao caminhar. E enquanto há quem se concentre a perseguir a felicidade, outros criam-na amando, servindo, desenvolvendo a sua consciência, procurando cuidar o essencial ou dando pequenas alegrias àqueles que os rodeiam." - Alex Rovira


"Estava sozinho e não fazia outra coisa que não encontrar-se a si próprio. Então, desfrutou da sua solidão e pensou em muitas coisas boas durante horas a fio.

Nos centros urbanos há cada vez mais pessoas solteiras e indivíduos que se  sentem isolados. Para evitarem que a solidão se faça ouvir, deixam a televisão ligada durante todo o dia, ligam-se à internet durante horas e horas ou dedicam-se a qualquer outra actividade que dissimule o seu próprio silêncio. Existe, no entanto, uma solidão criativa que proporciona ao indivíduo um enorme caudal de energia positiva. Quando nos desligamos do mundo por algumas horas, estabelecemos uma ligação com o nosso manancial de sabedoria interior. É uma peregrinação ao interior de nós próprios que assusta aqueles que nunca a fizeram.
Habituadas ao ruído do mundo, que faz com que tudo se confunda, muitas pessoas têm medo de estar consigo mesmas. Procuram qualquer forma de se «distraírem» só para evitarem esse encontro íntimo. Mas do que é que queremos distrair-nos? Há alguma coisa que devêssemos recear?
Talvez se trate apenas de não pensar, depois de adiar as perguntas que precisamos de fazer a nós próprios. A transformação mete sempre medo. E a solidão é, precisamente, a pista de descolagem para as grandes mudanças, o cenário onde nos preparamos para renascer para uma nova viagem vital." - Allan Percy 

terça-feira, 24 de novembro de 2015



"Por muito que nos paguem, por muitos incentivos e extras que nos dêem, por muitos cargos que nos prometam... o nosso bem-estar emocional, o nosso equilíbrio pessoal, a conciliação entre a nossa vida familiar e profissional... não têm preço. Nenhum salário pode pagar o sofrimento, o desânimo, a frustração, a insatisfação, a falta de tempo de que sofre a nossa família, os nossos amigos, nós mesmos... Que ninguém nos engane, porque ninguém pode comprar a nossa vida!" - Maria Jesus Alava Reyes


" «A felicidade consiste em valorizar o que tens.» - Hellen Keller

Outra característica comum das pessoas que se declaram felizes é a sua capacidade para valorizar e desfrutar daquilo que têm; a nossa consciência do valor daquilo que temos e que a vida nos dá, e das pequenas grandes alegrias desta. E não nos referimos à posse de bens materiais, que mais do que felicidade proporcionam conforto, bem-estar ou prazer. Pelo contrário, a felicidade parece emergir da tomada de consciência daquilo que é óbvio e que, precisamente por isso, negligenciamos: um bom estado de saúde, a companhia dos nossos afectos, uma boa conversa, ter o privilégio de trabalhar em algo de que gostamos.
Na Grécia Antiga havia um conceito que, infelizmente, caiu em desuso com o passar do tempo: obnosis. A obnosis faz referência àquilo que é óbvio e que paradoxalmente acaba por ser negligenciado. Um exemplo simples seria dizer que sem um ar respirável morreríamos ou ficaríamos doentes. Mas possivelmente só daremos valor ao facto de termos ar respirável no dia em que tivermos de pagar para respirar, quando os Estados financiarem as suas políticas ambientais através de um imposto que agrave o nosso «consumo» de ar como cidadãos. Porque é óbvio que, se não respirarmos, morreremos, mas por norma não nos damos conta disso. Talvez o dia em que nos apercebamos do valor dessa verdade negligenciada não esteja assim tão longe; quando os Estados do mundo tiverem de financiar políticas ambientais que depurem as enormes quantidades não só de dióxido de carbono mas de outros agentes contaminantes que lançamos continuamente na nossa atmosfera. 
Voltando à consciência como factor-chave para a felicidade, vale a pena abrir os olhos, aqui e agora, para nos apercebermos de tudo quanto nos rodeia e pelo qual nos podemos sentir felizes e agradecidos: desde o bater do nosso coração, da saúde do nosso corpo, da boa música de fundo que nos acompanha, da existência de um ser querido ou de um bom copo de água que sacia a nossa sede. Questões quotidianas repletas de valor.
Vale a pena darmo-nos conta disso e procurar cuidar destas pequenas grandes questões. Porque, sem dúvida, os conceitos de consciência, amor e felicidade andam sempre juntos. Já dizia o sábio alquimista Paracelso: «Quem conhece ama. E quem ama é feliz.»" - Alex Rovira    

segunda-feira, 23 de novembro de 2015



"Eis o mais difícil de tudo: fechar a mão aberta do amor e dar humildemente.
Sobre o que significa amar para além do conveniente intercâmbio de sentimentos - eu dou-te isto, tu dás-me aquilo - e da luta pelo poder, dizia o filósofo Jiddu Krishnamurti o seguinte:
«A liberdade e o amor andam de mãos dadas. O amor não é uma reacção: se te amar porque me amas, seria apenas uma troca comercial, algo que se poderia adquirir no mercado. Amar não é pedir algo em troca, nem é sentir que estamos a dar algo, e só um amor assim pode conhecer a liberdade... Quando encontras uma pedra pontiaguda num caminho onde circulam pessoas descalças, não a afastas porque te pediram, mas porque te preocupas com o outro. Não te interessa de quem se trata, nem nunca o vais conhecer. Plantar uma árvore e regá-la, olhar o rio, apreciar a plenitude da terra... para tudo isso é preciso liberdade e para ser livre deves amar.»
Esta liberdade é o que permite que duas pessoas se amem sem coerção, mas é também o que está na base do amor universal: uma atitude generosa do indivíduo face ao mundo, o dar pelo prazer de dar, sem esperar nada em troca, nem sequer reconhecimento." - Allan Percy 


"É muito duro e além disso profundamente injusto que quando nos estamos a esforçar ao máximo nos digam que não prestamos para nada. Nesses momentos, qualquer um tem vontade de desistir; mas precisamente esses instantes são os que nos podem abrir os olhos e fazer-nos compreender até que ponto a outra pessoa está fragilizada, até onde se sente a morrer para que, ao mínimo erro, nos faça uma investida semelhante." - Maria Jesus Alava Reyes

domingo, 22 de novembro de 2015



"Esquecemos que a nossa única meta é viver e que vivemos todos os dias e que em todas as horas do dia atingiremos o nosso verdadeiro objectivo se vivermos. Os dias são como frutos e o nosso papel é comê-los." - Jean Giono


"Eu preciso de companheiros, mas de companheiros vivos; não de cadáveres que tenha de carregar às costas para onde quer que vá.
Sobre a amizade, Nietzsche recomendava: «Seja um leito de repouso para o seu amigo, mas que o colchão seja duro, como numa cama de campanha.» Os nossos companheiros mais valiosos são, sem dúvida, aqueles que são capazes de celebrar as nossas vitórias, mas também os que conseguem fazer-nos ver que errámos.
As pessoas que dizem o que têm a dizer, independentemente do que esperamos ouvir, e que o fazem para o nosso próprio bem - nem sempre é o caso, pois há quem critique por puro rancor -, são as que nos permitem sermos melhores do que já somos. E essa seria a definição de um bom amigo: alguém com quem podemos ser nós próprios, mas que também nos ajudará a ultrapassar os obstáculos da vida.
E muitos destes obstáculos somos nós próprios que criamos.
É por este motivo que os grandes líderes ao longo da História não escolhiam bajuladores como conselheiros, rodeando-se, pelo contrário, de pessoas que eram capazes de transmitir a sua própria visão das coisas. Com um companheiro assim enriquecemos a nossa compreensão do mundo e, por isso, o nosso poder também." - Allan Percy

sábado, 21 de novembro de 2015




"Sejamos generosos nas relações, não sintamos necessidade de que o outro reconheça as suas falhas. Generosidade é ter uma atitude relaxada nos momentos de tensão, oferecer um sorriso em vez de mostrar crispação. 
Generosidade é olhar com proximidade nos distanciamentos, escutar quando sentimos necessidade de interromper, calar quando o outro é incapaz de escutar... Generosidade é não cobrar desnecessariamente.
Não obstante, às vezes a generosidade começa por nós próprios e, nesses casos, a nossa autogenerosidade fará com que abandonemos os lugares onde não nos apreciam, as situações que só levam a uma dor inútil, as humilhações que nenhum ser humano deve permitir... A nossa autogenerosidade empurrar-nos-á a sair da vida das pessoas que não nos respeitam, porque, acima de tudo, nunca devemos perder o nosso próprio respeito, o nosso valor, a nossa identidade, a conformidade connosco.
Não confundamos generosidade com autodestruição. Quando perante nós temos seres que não nos respeitam, que parecem desfrutar do nosso sofrimento, que têm atitudes vexatórias, que só procuram a nossa humilhação... nesses momento devemos olhar.nos por dentro, pegar em toda a nossa energia e determinação e partir! Sair da vida dos que não sabem viver!" - Maria Jesus Alava Reyes






"As opiniões extremas não são sucedidas por opiniões moderadas, mas sim por opiniões extremas opostas.
Um dos poemas do Tao Te Ching diz o seguinte: «O afecto extremo implica um grande gasto e as posses em abundância implicam grandes perdas. Se sabe quando já tem o suficiente, não entrará em desgraça. Se sabe quando parar, não estará em perigo. Assim, é possível alcançar a longevidade.»
A chamada «via do meio» é um dos pilares do budismo. Para Siddhartha Gautama, o Buda, a felicidade e a ausência de problemas residem em saber encontrar o ponto equidistante entre o fácil e o difícil, o superficial e o profundo, o prazer e a dor. Quem procura os extremos corre o risco de passar da virtude à maldade, uma vez que as paixões costumam resultar em actos irreflectidos.
Encontrar o meio termo quando se trata de agir não significa ser receoso ou ter falta de iniciativa, mas sim ter um horizonte suficientemente vasto para compreender que a verdade - e, mais importante ainda, a prática - nunca se encontra nas tomadas de posição radicais.
Como dizia Aristóteles: «A virtude consiste em saber encontrar o ponto médio entre dois extremos.»" - Allan Percy

sexta-feira, 20 de novembro de 2015



"Viver com companhia não é garantia de afectividade partilhada; tal como viver sozinho não é sinónimo de independência ou liberdade.
Recordemos que só há uma pessoa que sempre nos acompanhará, que permanecerá a nosso lado, a todo o momento, em qualquer situação, em qualquer idade, e essa pessoa somos nós próprios." - Maria Jesus Alava Reyes


"«A vida é o que fazemos com ela.» - Aforismo Tibetano

Há momentos em que pensamos que a vida não tem sentido. Noutros, quando devemos enfrentar perdas, desafios, crises ou dor, sentimos que a vida é dura, absurda, difícil, esgotante. Mas também temos momentos de alegria, de plenitude, de prazer, de felicidade, em que sentimos, no mais profundo do nosso ser, que a vida vale a pena, que é profundamente bela. Quando isso acontece, podemos pensar que o simples facto de estarmos vivos, de sermos conscientes, é uma dádiva extraordinária. Nesses momentos de graça, parece-nos que tudo se encaixa, que tudo ganha sentido e que a vida é uma oportunidade para aprender, crescer, partilhar e amar.
Mas o que é a vida? Esta pergunta admite, pelo menos, tantas respostas quantos seres humanos existem. Na realidade, estas são infinitas se considerarmos que cada um de nós poderá responder de diferentes maneiras, dependendo do que estivermos a viver no momento em que se nos formula ou nos formulamos a nós mesmos essa pergunta. Provavelmente uma das mais razoáveis que ouvi provém do aforismo tibetano que diz: «A vida é o que fazemos dela». A vida é e será o que fizermos dela, é verdade. E será, sobretudo, o conjunto de significados e de sentidos que decidamos dar-lhe. 
Mas é ainda mais verdade que construir uma vida plena, cheia de sentido, não é tarefa fácil. Argumentos para o pessimismo, para o cinismo ou para a resignação foram, são e serão sempre abundantes. O que nos restaria então se decidíssemos viver de pura inércia, da apatia ou do cinismo? Nada, provavelmente nada mais do que o mau humor, a tristeza, a angústia ou a depressão.
A verdade é que se gostamos de viver as coisas, as coisas são como são; mas se não gostamos, as coisas também são como são. A nossa tarefa será dar-lhes um sinal, uma cor e um sentido. Também, apesar dos contratempos da nossa existência, podemos ter amor e esperança, lutar pela nossa própria dignidade e pela do outro, construir o nosso destino na vontade de servir, criar felicidade para todos aqueles que nos rodeiam e que amamos. A vida é bela, e será bela, se decidirmos por beleza nela, se decidirmos concretizar tudo com que nos comprometemos em cada instante. Talvez seja esse o grande repto da nossa existência.
Porque uma Boa Vida é muito mais que o dolce fare niente e que a simples busca de prazer. Ainda que este desempenhe o seu papel, a beleza da existência, a sua bondade, reside no compromisso que estabelecemos com ela, e este compromisso é, na essência, uma atitude que podemos escolher aqui e agora." Álex Rovira  

quinta-feira, 19 de novembro de 2015



"Não há necessidade de procurar o sofrimento, mas, se este chega e interfere com a sua vida, não tenha medo; encare-o de frente e com a cabeça bem erguida.
Num dos seus mais célebres aforismos, Buda dizia: «A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional.» Desde que nascemos até morrermos, a vida está repleta de dor; contudo, o significado que damos a essa dor depende de nós. Se a vivemos de forma trágica, a dor transforma-se em sofrimento.
Uma coisa é o que acontece no exterior e outra é o que se passa dentro de cada um de nós.
Uma pessoa que tenha medo de enfrentar a dor acolhe-a como uma maldição. Não sabe o que fazer à escuridão que invadiu a sua outrora radiante existência, embora nunca até então lhe tivesse dado valor.
O filósofo encara a dor e tenta extrair dela um benefício em forma de conhecimento. Até os momentos mais duros da vida, como uma grande perda, são uma porta aberta para algo que precisávamos de saber. Conscientes de que cada fim é simultaneamente um princípio, a dor e o eventual sofrimento são uma escola que nos permite compreender de forma mais profunda o que significa ser humano." - Allan Percy


"Se internamente nos sentirmos bem connosco, ainda que as circunstâncias que nos rodeiam sejam difíceis, mais cedo ou mais tarde conseguiremos que o nosso dia-a-dia se pareça mais com a vida que desejaríamos viver.
Com frequência experimentamos como a felicidade se mostra fugidia, mas será mais fácil encontrá-la se a procurarmos no sítio correcto. A felicidade não está no que somos, no que obtemos, no cargo que desempenhamos, nas coisas que compramos... A felicidade está dentro de nós próprios!
Recordemos que a felicidade, como os amigos, como todas as coisas valiosas... não se compra.
Se virmos bem, veremos os amigos que nos dão a sua amizade, as paisagens que nos enchem de plenitude, as crianças que nos contagiam com a sua alegria, a honradez, a generosidade... e veremos o tempo, o tempo que constitui um dos bens mais valiosos. Veremos o nosso tempo e com ele a nossa vida." - Maria Jesus Alava Reyes 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015



"De repente, apetece-nos dormir do lado contrário da cama. Passamos a gostar de café sem açúcar. E de favas! Já não vivemos para a noite e preferimos aproveitar os raios do sol. Descartamos quem só estava ali por diversão e restringimos aos que nos dão a mão. Paramos as birras com o mundo. Deixamos de nos preocupar só com nós próprios e precisamos que o outro esteja bem. Descobrimos o lado do avesso e percebemos que é o correcto. Aprendemos a sorrir só porque sim. Percebemos que mostrar sentimentos é uma coisa boa.

Percebemos que mudámos em muita coisa, ainda que sendo a mesma pessoa. E que é tão mais fácil viver assim..." - Rita Leston


"Uma pessoa activa aprende sozinha.
Como filósofo e livre-pensador, Nietzsche viveu longos períodos de solidão e isolamento. Sem ser preciso transformarmo-nos num eremita ou aproximarmo-nos dos abismos da loucura - foi esse o final do filósofo alemão -, um breve retiro de vez em quando serve para assimilar o que vivemos e preparar novos projectos. Trata-se de esvaziar a malga antes de voltar a enchê-la.
Dizia o poeta António Machado que «quem fala sozinho, espera um dia falar com Deus», e é certamente nestes períodos de isolamento que conseguimos elevar-nos acima de nós próprios e controlar o acaso.
Para além dos benefícios a nível interior que advém de estarmos connosco próprios, a ciência médica descreve da seguinte forma as vantagens para o organismo de um período de solidão:

1. Descida da pressão arterial.
2. Abrandamento da pulsação e do ritmo respiratório.
3. Diminuição do nível de srtesse.
4. Fortalecimento do sistema imunitário.
5. Elevação do estado de espírito.
6. Estímulo da actividade cerebral.
7. Mitigação das tensões musculares." - Allan Percy

terça-feira, 17 de novembro de 2015



"Vivemos numa época onde tudo é luta, concorrência, movimento, mudança... Mentalizam-nos sobre as consequências da economia global, das novas fronteiras, do efeito dos países emergentes, do perigo dos mercados asiáticos, da necessidade de aumentar a produção para sermos competitivos... 
Na realidade, no fundo destas mensagens, o que nos estão a dizer é: «A vida já não pode prosseguir como até aqui, deve estar preparado para trabalhar em qualquer país ou região.» Os conceitos tradicionais de vida familiar e de empresa-trabalhador tornaram-se obsoletos. Quem não corre, fica sem lugar. Dizem-nos continuamente para nos deixarmos de sentimentalismos e estar dispostos a ir para onde nos digam, para fazer o que nos proponham, no momento em que a empresa, o chefe ou a direcção que está noutro continente o decidam.
E o que acontece então com a família, os amigos...? Em suma, o que sucede com a sua vida? Simplesmente, a sua vida parece não lhe pertencer. Se quer trabalhar, tem de aceitar as condições do mercado, ainda que inumanas. Se quer ter filhos, tem de optar por massacrar-se literalmente ou sacrificar a sua vida profissional ou familiar. Se quer ter uma casa, tem de hipotecar-se nos próximos vinte ou trinta anos até que acabe de pagá-la, para decidir então que lhe convém mudar para outra casa...
Não será este um panorama demasiado pessimista? Talvez, mas perguntem-no aos milhares, milhões de pessoas que se encontram nestas circunstâncias.
E é esta a sociedade do progresso? São estes os avanços que conseguimos após a revolução industrial, após o Maio de 68 e após todas as políticas de bem-estar social?
Em conclusão, avançámos ou retrocedemos nas últimas décadas? Se o avanço se mede pelo nosso poder aquisitivo, concluíremos que sim; que na maior parte dos casos podemos comprar mais coisas, incluindo muitas delas inúteis, quando não prejudiciais para a saúde. Mas se medirmos o avanço por um parâmetro objectivo, como pela nossa qualidade de vida e o nosso equilíbrio e bem-estar emocional, temo que a resposta seja muito diferente.
Talvez aqui estejamos a enveredar por caminhos complicados e muitas pessoas podiam perguntar-se o que é exactamente a qualidade de vida ou como se pode medir, ou quais os índices que determinam que estejamos a ganhar ou a perder qualidade de vida.
Evidentemente, não serei eu a dar uma resposta universal. A qualidade de vida pode significar algo muito diferente para cada pessoa.
Não obstante o anterior, podemos encontrar uma boa escala para medir a qualidade de vida, analisando uma variável fundamental: o tempo. O tempo que hoje em dia nos pertence, ou seja, aquele de que podemos dispor livremente.
Se ganhamos dinheiro à custa de estar quase todo o dia a trabalhar, para muita gente o resultado final não será compensador.
Em muitos casos sentiremos que se nos tiram o nosso tempo, nos tiram a nossa vida." - Maria Jesus Alava Reyes  



"Escapam-se as palavras sempre que a companhia é um silêncio. Porque talvez seja aí que a nossa maior expressão ganhe sentido. Em tudo aquilo que não dizemos. Como uma flor carente de beleza e cor… Mas intensa em fragrância, odor… Porque como alguém disse, no silenciar também existe amar. Uma palavra que se esconde ora na inocência de um olhar, ora devagar…num arrojado respirar…" - Luís Santos

segunda-feira, 16 de novembro de 2015



"O indivíduo tem lutado desde sempre para não ser absorvido pela tribo. Se enveredar por esse caminho, irá sentir-se muitas vezes sozinho, e às vezes assustado. Mas nenhum preço é demasiado alto para alcançar o privilégio de sermos nós próprios.
Quem verdadeiramente parte à descoberta deve estar disposto a percorrer uma boa parte do caminho sozinho. Há momentos na vida para se ser gregário - a escola, a universidade, com o grupo de amigos, numa relação amorosa - e momentos em que se deve ser capaz de encontrar o seu próprio trilho na floresta das decisões.
Quando empreendemos um caminho de vida a solo, sentimos medo porque, de repente, arcamos com toda a responsabilidade das nossas acções. Não há mais ninguém que possamos culpabilizar se as coisas correrem mal. E, no entanto, sentimo-nos cheios de valor.
Alguns viajantes descrevem a força que se apodera do caminhante que se separa do grupo. Enquanto está com os demais, a sua vontade dilui-se. É só quando toma as suas próprias decisões, com o seu silêncio às costas, que se sente dono do seu destino. De repente, está extraordinariamente atento a tudo o que se passa à sua volta.
É natural que por vezes sinta medo, mas a consciência da sua própria força compensá-lo-á amplamente. Como dizia Nietzsche: «Ser independente é pertença de uma pequena minoria, é o privilégio dos fortes.» - Allan Percy


"«Se soubesse o que sei hoje, teria agido de forma muito diferente!» Com certeza que já ouvimos esta frase inúmeras vezes. Normalmente as pessoas recorrem a ela quando acabam de aprender algo importante ou quando se sentem desenganadas porque acreditam que já é tarde.
No fundo, existe uma concepção errada «do tempo». Tarde é quando já não se pode fazer nada, quando algo está irremediavelmente perdido; no entanto, quando a proferimos na primeira pessoa ainda estamos vivos, esse momento é o presente e lembremo-nos de que o presente é tudo o que possuímos. 
Nunca é tarde para aprendermos algo.
Talvez tenhamos sido abandonados por uma pessoa querida, ou um grande amigo se tenha zangado connosco, ou nos tenhamos apercebido de que fomos enganados... mas em qualquer destes casos, aprendemos! E quando se aprende de verdade, produz-se um crescimento interior, às vezes doloroso, mas que constitui sempre um progresso. Temos o resto da vida para pôr em prática o que acabámos de aprender e isso é uma enorme conquista." - Maria Jesus Alava Reyes

domingo, 15 de novembro de 2015



"Delicadeza não se ensina, é diferente do respeito.
Delicadeza é temperamento, não se obtém com a idade, não é uma promoção da sensibilidade, não vem com a educação ou com a imitação dos pais. 
Delicadeza é um defeito maravilhoso, uma entrega irreversível. 
É uma loucura do bem, uma paranóia sadia. 
Oferecer mais do que foi pedido, oferecer-se à toa.
Gentileza nunca é forçada, é espontânea ou não é, não pode ser explicada, não pode ser cobrada.
Sucumbo diante da delicadeza: A delicadeza é gentileza refinada." - Fabrício Carpinejar


"O Homem é antes de mais um animal que julga.
Cada opinião que emitimos - já para não falar dos preconceitos - é um filtro que colocamos entre nós e a realidade. Os budistas praticam a meditação para limpar a mente e desimpedir a visão do indivíduo sobre a vida. Vejamos um exercício clássico de iniciação:

1. Sente-se numa almofada firme com as costas direitas, na posição de lótus ou meio-lótus. As pessoas com problemas de coluna podem usar uma cadeira de costas direitas.
2. Semicerre os olhos - sem chegar a fechá-los - e ponhas as mãos no colo de maneira que os polegares se toquem, ou deixe as palmas das mãos pousarem ao de leve nos joelhos.
3. Concentre toda a sua atenção nas fossas nasais por onde o ar entra e sai muito lentamente. Se tiver dificuldade em concentrar-se, conte as inspirações e expirações em séries de dez, até chegar a cem. Sempre que se distrair, volte a contar desde o início. Quando for capaz de meditar durante quinze minutos sem perder a conta, é porque já não tem necessidade de contar.
4. O objectivo da meditação é limpar a mente. Sempre que lhe surgir um pensamento, imagine que este é uma nuvem à qual coloca a etiqueta «pensamento» e que deixa passar sem emitir nenhum juízo de valor. Os pensamentos não são bons nem maus - são nuvens que passam." - Allan Percy

sábado, 14 de novembro de 2015



"Sem entrar em questões de ordem religiosa, a maior parte das pessoas sabe que pode e tem direito, quase obrigação, de ser dona da própria vida.
O que significa governar a nossa vida? Precisaríamos de livros inteiros para responder a essa pergunta mas, de forma muito resumida, governar a nossa vida significa deixar de gastar energias reagindo sempre perante o que nos acontece, indo atrás dos acontecimentos, em vez de nos anteciparmos e caminharmos directamente para os nossos objectivos e metas.
Governar a nossa vida é ser consciente das questões e problemas que podemos controlar directamente e daqueles sobre os quais podemos influir directamente. Governar a nossa vida é convencer-nos de que somos os donos das nossas emoções; que podemos utilizar sempre a imaginação e criatividade que possuímos; que podemos aprender a viver pela positiva... Em suma, que podemos deixar de ser pessoas encurraladas para nos convertermos em pessoas que dirigem as próprias vidas.
Como consegui-lo? Utilizando todos os recursos que nos fornece a inteligência emocional; desenvolvendo a capacidade de autoconhecimento, de conhecer os outros; de hetero e autoavaliação; de controlar as nossas emoções, preocupações; de empregar a comunicação como forma de proximidade e controlo sobre os acontecimentos...; em definitivo, passando de reactivos a proactivos, concentrando mais as nossas energias no modo como agimos do que gastando-as todas no modo como reagimos." - Maria Jesus Alava Reyes

sexta-feira, 13 de novembro de 2015



"Os teus filhos não são teus filhos. São os filhos e as filhas do desejo pela própria vida. Vêm através de ti mas não de ti e, embora estejam contigo, não te pertencem.
Podes dar-lhes o teu amor mas não os teus pensamentos, porque eles têm os seus próprios pensamentos.
Podes abrigar os seus corpos, mas não as suas almas, porque as suas almas habitam na casa do amanhã, que tu não podes visitar, nem sequer em sonhos.
Podes esforçar-te por ser como eles, mas não procures torná-los como tu.
Porque a vida não anda para trás nem permanece no dia de ontem..." - Khalil Gibran 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015



"Alegrando-se com a nossa felicidade, sofrendo com a nossa dor - assim se vê um amigo.
Já dizia Oscar Wilde que não é difícil encontrar quem queira compadecer-se das nossas aflições, mas que é extraordinariamente raro alguém alegrar-se sinceramente com os nossos triunfos. Um amigo assim só podia ter uma natureza muito delicada. Por que razão é tão difícil partilharmos o sucesso? Provavelmente porque as comparações começam de imediato. Em vez de festejar as nossas boas notícias, o outro está a perguntar-se: «Porque é que não me aconteceu a mim?»
Os verdadeiros amigos celebram um pacto de nobreza em todos os altos e baixos da vida.
Sobre esse assunto, Voltaire disse: «A amizade é um contrato tácito entre duas pessoas sensíveis e virtuosas. Sensíveis por que um monge ou um eremita podem ser pessoas de bem e não conhecer a amizade. Virtuosas porque os maldosos apenas têm cúmplices; os libertinos têm companheiros de festa; os ambiciosos têm sócios; os políticos reúnem à sua volta os seus apoiantes partidários; os príncipes rodeiam-se de cortesãos; mas só as pessoas virtuosas têm amigos.» - Allan Percy  

quarta-feira, 11 de novembro de 2015



"Se não aprendermos a comunicar bem, é impossível que sejamos minimamente felizes.
É paradoxal já que nascemos a saber comunicar e, à medida que vamos crescendo, cada vez nos tornamos mais desajeitados na comunicação. Comunicar não é falar; às vezes a linguagem só consegue mesmo confundir, mais do que esclarecer ou transmitir.
Comunicamos com todo o corpo, mas parece que só estamos atentos ao que dizemos com palavras. Sem pretendê-lo, como empobrecemos a comunicação!
Muitas pessoas mal se atrevem a olhar de frente ou fazem-no de forma impertinente; não tocam nos outros ou tocam-nos de mais; gritam em vez de conversar; utilizam um tom monocórdico e aborrecido, sem enfatizar, ressaltar ou motivar... No final, não conseguem comunicar, mas frequentemente confundem a sua incapacidade de transmitir com a insatisfação que as respostas dos outros lhes produzem; não têm consciência de que se eles não comunicaram, dificilmente os outros podem responder ao que não entenderam.
Famílias inteiras são exemplos permanentes de comunicações incorrectas, casais que se amam, pessoas que se agradam, amigos que tentam ajudar-se. Todos sentem as dificuldades de comunicação, a impotência perante essas barreiras que se erguem e acabam por separar e distanciar o que deve estar unido. 
Quantas vezes assistimos à nossa volta a discussões absurdas? Pessoas antagonizadas sem perceberem que querem dizer o mesmo, incapazes de se ouvirem e entenderem. Quando somos observadores, é mais simples detectar os erros cometidos pelos que nos rodeiam, mas que incapacidade mostramos quando somos nós os actores!
Por muito claras que tenhamos as ideias, por muito maduras que sejam as nossas decisões, por muita objectividade que alcancem os nossos argumentos, se não somos capazes de transmitir o que pensamos, o que sentimos, o que elaboramos, então não comunicamos.
De nada nos servirão os processos prévios se fracassarmos na recta final. Podemos amar imensamente uma pessoa mas se não somos capazes de lho transmitir de forma clara e inequívoca, se não sabemos ouvir, observar e analisar objectivamente o que a outra pessoa nos quer comunicar, a relação fracassará, apesar dos sentimentos serem positivos, apesar da nossa firme determinação em seguir em frente aconteça o que acontecer, apesar de tudo isso não o conseguiremos! Da mesma forma, não nos sentiremos bem no trabalho ou na escola, ainda que os colegas nos valorizem e respeitem; se não soubermos interpretar as suas mensagens e transmitir adequadamente as nossas, fracassaremos de novo e confundir-nos-emos com argumentos absurdos e problemas que vêm da nossa cabeça, não do nosso coração.
Qualquer relação importante na nossa vida poderá desmoronar-se se previamente não tivermos avançado nessa maravilhosa e difícil arte que é comunicar bem. 
É conveniente que aprendamos a comunicar, a relacionar-nos? Não é conveniente, é imprescindível e cometeríamos um erro imperdoável se não fôssemos capazes de atribuir ao assunto a importância que detém. Muitas pessoas concordarão com esta premissa, mas sentirão que não conseguem uma boa comunicação porque não atingem um requisito prévio: não se sabem controlar em determinadas circunstâncias." - Maria Jesus Alava Reyes  


"Parece simples 'apreciar as coisas simples da vida', talvez porque custem pouco dinheiro, se bem entendo. Porém essa frase carrega certa complexidade. Apreciar as coisas simples da vida, na verdade, custa muito caro. Custa tempo, silêncio, calma; para amar, degustar, explorar, contemplar, brincar. Esses artigos de luxo são um privilégio de poucos afortunados de espírito. Para a grande maioria das pessoas resta o padrão do desespero. Correm como loucas, vivem a olhar para o relógio, cercadas de buzinas, de gritos, discussões. O tempo passa como um comboio descarrilado." - Ubaldo Salvatore

terça-feira, 10 de novembro de 2015



"Por incrível que pareça, não nos ensinaram a viver, nem tão pouco nos ensinaram a querer, a partilhar, a desfrutar, a pensar, a saber enfrentar os acontecimentos difíceis, os momentos de tensão, as situações de crise... a superar as críticas e as armadilhas das pessoas manipuladoras ou agressivas. No entanto, o pior de tudo é que, por esta altura das nossas vidas, independentemente da idade que tenhamos, ainda não aprendemos a ser felizes. Pelo contrário, tornámo-nos especialistas na Arte de arruinar a nossa própria vida. Quase sempre de forma constante, criamos tensões inúteis e favorecemos desencontros permanentes." - Maria Jesus Alava Reyes

segunda-feira, 9 de novembro de 2015



"Um homem que se considerasse absolutamente bom seria espiritualmente um idiota.
Se a consciência faz de nós humanos, também a imperfeição é uma característica que nos distingue enquanto espécie. Passamos mais tempo a corrigir os nossos erros - basta ler um jornal para o comprovar - do que a construir algo com valor. Assumir esta característica da condição humana ajuda-nos a ser humildes e, o que é ainda mais importante, faz-nos ter consciência do quanto temos a melhorar. Todo e qualquer fracasso ou erro ensina-nos como podemos fazer algo ainda melhor.
As pessoas inflexíveis que fazem questão de ser perfeitas sofrem perante as consequências dos seus actos imperfeitos. Costumam atribuir as culpas daquilo que corre mal aos outros e perdem as estribeiras quando alguém lhes assinala alguma falha que possam ter cometido.
Não podemos aspirar a ser sempre bons e a fazer sempre tudo bem; basta que estejamos dispostos a fazer hoje um pouco melhor do que fizemos ontem. 
Os japoneses têm uma palavra, wabi-sabi, que define a arte da imperfeição: naquilo que é incompleto, irregular e decrépito existe beleza e vida porque aí está presente o desejo da natureza de se auto-aperfeiçoar." - Allan Percy

domingo, 8 de novembro de 2015



"Somos todos viajantes de uma jornada 
cósmica – poeira de estrelas, girando e dançando 
nos torvelinhos e redemoinhos do infinito: a vida é
eterna. Mas as suas expressões são efémeras,
momentâneas, transitórias. Gautama Buda disse 
certa vez: " A nossa existência é transitória como 
as nuvens do outono. Observar o nascimento e
a morte do ser é como olhar os movimentos da dança.
Uma vida é como o brilho de um relâmpago
no céu, levada pela torrente montanha abaixo."
Nós paramos um instante para encontrar o outro 
para nos conhecermos, para amar e compartilhar.
É um momento precioso, mas transitório. Um 
pequeno parêntese na eternidade. Se partilhamos 
carinho, sinceridade, amor, criamos abundância e 
alegria para todos. Esse momento de amor
é eterno." - Deepak Chopra

sábado, 7 de novembro de 2015



"A importância que damos à infelicidade (como se sentir-se feliz fosse um sinal de vulgaridade, de falta de ambição) é tão grande que, se dissermos a uma pessoa: «Que feliz que você é!», geralmente ela protesta.
Todos sabemos que os povos aparentemente mais primitivos costumam exprimir uma energia vital mais elevada do que a sociedade ocidental hoje em dia. Muitos perguntam-se porque é que aqueles que não têm nada ou que pouco têm parecem estar de melhor humor do que quem reúne laboriosamente bens de toda a espécie.
Será que o protesto é uma marca da nossa civilização?
Nas conversas típicas nos locais de trabalho, nos cafés e à mesa de
jantar, as queixas são intermináveis: vemos as desgraças nas subidas das taxas de juros, no custo de vida, no ruído e na poluição que assola as cidades. Talvez não façamos nada para os combater, mas gostamos de praticar o desporto da queixa. E isso acaba por se traduzir em angústia e stresse.
Uma nota importante: o stresse não é desencadeado pelas circunstâncias externas que vivemos, mas sim pela interpretação que damos a essas mesmas circunstâncias. Talvez o segredo da felicidade seja deixarmos de nos preocupar com os factos e as estatísticas que não dependem de nós e apreciarmos mais o lado bom da vida." - Allan Percy  


"- Escrever não é falar.
 - Não? Qual é a diferença?
 - É exactamente o oposto. Escrever é usar as palavras que se guardaram: se tu falares de mais, já não escreves, porque já não te resta nada para dizer.

(...)

E escrevendo, poupei as coisas que gostaria de te ter dito e que gostaria que tivesses ouvido." - Miguel Sousa Tavares

quinta-feira, 5 de novembro de 2015



"O facto de nos sentirmos tão à vontade no meio da natureza deve-se a esta não ter uma opinião sobre nós. 
Os seres humanos do século XXI estão desligados da natureza e isso faz com que nos sintamos muitas vezes como extraterrestres no nosso próprio planeta. Embora acreditemos que a cultura e a civilização superaram o nosso lado mais animal e instintivo, continuamos a precisar do contacto com o meio natural. 
Quadros de ansiedade originados pelo excesso de trabalho e pela permanência na selva urbana durante demasiado tempo podem ser tratados mais eficazmente com uma escapadela de dois ou três dias para o meio da natureza do que com uma avalanche de medicamentos.
Ao sentirmos o cheiro da terra molhada, o ar puro, o silêncio apenas perturbado por pequenas criaturas que zumbem e piam à nossa volta, reencontramo-nos com a nossa essência há muito abandonada. 
Na cidade representamos um papel, porque nos importamos muito com aquilo que os outros pensam de nós. Ao regressarmos à natureza, em contrapartida, podemos dar-nos ao luxo de sermos nós próprios. Não temos de nos vestir, de falar ou de agir de uma maneira especial. Basta que nos deixemos guiar pela natureza até ao centro de nós próprios, onde um oásis de tranquilidade nos espera." - Allan Percy

quarta-feira, 4 de novembro de 2015



“As pessoas pensam que uma alma gémea é o seu encaixe perfeito, e é isso que toda a gente quer. Mas uma verdadeira alma gémea é um espelho, é a pessoa que te mostra tudo aquilo que te prende, a pessoa que te chama a atenção para que possas mudar a tua vida. Uma verdadeira alma gémea é, provavelmente, a pessoa mais importante que alguma vez conhecerás porque irá derrubar os teus muros e despertar-te à força. Mas viver com uma alma gémea para sempre? Não. Demasiado doloroso. As almas gémeas entram na nossa vida apenas para nos revelar outras camadas de nós próprios, e depois vão embora.” - Comer, Orar, Amar

terça-feira, 3 de novembro de 2015



"O destino dos seres humanos é feito de momentos felizes - todos os temos ao longo da vida -, mas não de épocas felizes.
A felicidade é frágil e volátil porque apenas podemos senti-la em determinados momentos. De facto, se pudéssemos senti-la ininterruptamente perderia todo o seu valor, uma vez que apenas nos apercebemos dela por contraste. Depois de uma semana com o céu encoberto, um dia de sol parece-nos um milagre da Criação. Da mesma forma, sentimos a alegria mais radiante ao sairmos do poço da tristeza. As duas emoções complementam-se e necessitam uma da outra, porque nem a melancolia é eterna nem conseguiríamos suportar cem anos de felicidade.
Este é um dos factores de stresse na sociedade moderna: acreditarmos que temos a obrigação de sermos felizes a toda a hora e em qualquer lugar. A negação da tristeza faz disparar o recurso a antidepressivos e a terapias e o consumo excessivo de substâncias das quais não necessitamos. É como se não exibir um sorriso permanente fosse um motivo de vergonha." - Allan Percy 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015



" A idade é uma assassina florentina: mata com um veneno que vai lentamente produzindo o seu efeito e, um dia, descobrimos que o que ontem nos dava um prazer e uma adrenalina de miúdos, hoje deixou de fazer sentido e é apenas um aborrecimento nostálgico. Porém, sempre acreditei, ou fingi acreditar, que por cada prazer morto há um novo que aparece." -Miguel Sousa Tavares

domingo, 1 de novembro de 2015



"A sombra espreita, engana, esconde e faz-nos acreditar erradamente naquilo que podemos ou não fazer. Ela leva-nos a fumar, a jogar, a beber e a comer aquilo que nos faz sentir mal no dia seguinte. A nossa sombra origina os comportamentos hipócritas que nos fazem violar as nossas fronteiras pessoais e a nossa integridade. É uma força que apenas podemos defrontar trazendo-a à luz da consciência e examinando aquilo de que somos feitos. Possuímos todas as características e emoções humanas, quer elas estejam activas ou dormentes, quer sejam conscientes ou inconscientes. Não podemos conceber nada que não sejamos. Somos tudo - aquilo que consideramos como impróprio. De que forma poderíamos conhecer a coragem caso nunca tivéssemos conhecido o medo? De que forma poderíamos conhecer a felicidade caso nunca tivéssemos sentido tristeza? De que forma poderíamos conhecer a luz caso nunca tivéssemos conhecido as trevas?
Todos estes opostos existem dentro de nós por sermos seres dualistas compostos de forças opostas. Significa isto que todas as qualidades que conseguimos ver nos outros existem em nós. Somos o microcosmos do macrocosmos, o que quer dizer que no interior da nossa estrutura de ADN estão impressas todas as características. Tanto somos capazes dos maiores actos de altruísmo como dos crimes mais destrutivos e auto-humilhantes. Quando é vista à luz plena da nossa consciência, a nossa sombra expõe a dualidade e a verdade tanto da nossa alma humana como da nossa identidade divina, dado ambas revelarem ser ingredientes essenciais de um ser humano integral e autêntico.
Devemos descobrir, incorporar e assumir tudo o que somos - o bom e o mau, a luz e as trevas, o altruísta e o egoísta, e a parte honesta e a desonesta da nossa personalidade. Sermos integrais, termos tudo, é um direito de nascença. No entanto, para isso devemos estar dispostos a olhar-nos honestamente e a afastar-nos da nossa mente crítica. É aqui que teremos uma mudança perceptiva que muda a vida, uma abertura do nosso coração.
As boas notícias são que todos os nossos aspectos têm dádivas para oferecer. Todas as nossas emoções e traços mostram-nos o caminho de regresso à unidade. O nosso lado obscuro existe para nos apontar onde é que ainda somos incompletos, para nos ensinar a ter amor, compaixão e a perdoar - não apenas aos outros mas também a nós próprios. E ao aceitarmos a sombra, ela curar-nos-á o coração e abrir-nos-á a novas oportunidades, a novos comportamentos e a um novo futuro. Quando trazemos a nossa sombra, as nossas emoções ocultas e as nossas crenças debilitantes à luz da nossa consciência, a forma como nos vemos a nós, aos outros e ao mundo transformar-se-á. Seremos então livres.
Lidar com a nossa sombra é uma jornada complexa mas garante o regresso ao amor. Não apenas amor por outra pessoa mas amor por cada uma e por todas as características que vivem dentro de nós - um amor que nos permite assumir a riqueza da nossa humanidade e a santidade da nossa divindade. Tendo enfrentado os nossos demónios interiores, enchemo-nos de paz e compaixão na presença do lado obscuro de outra pessoa. Podemos perdoar, abandonando as nossas críticas mesquinhas e o nosso coração ressentido. Podemos ligar-nos à humildade de Ghandi, à tolerância de Martin Luther King, Jr., e convocar a força e a coragem para lidar com as questões que nos atormentam. O ditado: "Não fosse pela graça de Deus, também eu seria um infortunado", assume um significado totalmente novo quando conseguimos ver o mal através da lente universal da nossa humanidade. Explorar o nosso lado obscuro é o começo para compreender por que fazemos o que fazemos, por que às vezes agimos de modos que são contrários aos desejos da nossa mente consciente e por que passamos horas, dias, meses ou anos infindos a criticar as outras pessoas e a agarrar-nos a ressentimentos que se limitam a trazer-nos dores de cabeça, amargura e doença.
Todos nós temos momentos passados em que sentimos uma dor emocional insuportável, de modo que a reprimimos no interior das trevas da nossa sombra. Esta é uma parte inevitável da vida. Podemos correr mas não podemos esconder-nos. A nossa sombra está sempre ligada a um acontecimento traumático ou a uma combinação de momentos dolorosos. Quando compreendemos verdadeiramente a nossa sombra e as suas dádivas, não há dedos a apontar ou culpas a lançar aos nossos pais, aos nossos professores ou ao nosso passado, pois a nossa sombra é um serviço de entrega de um futuro extraordinário. Compreender a formação da nossa sombra abre a porta a um enorme poder pessoal e a uma sabedoria profunda." - Debbie Ford